segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Triolé




Triolé

Versejar aos sonhos vencidos,
num cantar de corte e calor
e nos ventos feito um vapor
num cantar de corte e calor
os meus sonhos vou recompor
em fumaça e nuvem, relidos
no horizonte eterno a se pôr,
versejar de sonhos vencidos
num cantar de corte e calor.

Acho que ficou meio pitoresco...

Fiz de impulso,achei que deia escrever e fiquei viajando no tema,
espero que gostem...

Horizonte




Horizonte

Amanhã meu caminho vai mudar,
vou pra outro presente, nova vida
com as chances presentes, as perdidas
que disseram que nunca vão voltar.

Mas no fim lá nas ondas, lá no mar
as que foram nas vagas engolidas
pelas vagas acabam devolvidas
n’outras formas e num outro lugar...

Amanhã o caminho vem, nem sei mais,
eu só quero um caminho nas estradas
que parecem servir a tanta gente.

E os mortos do nunca e do jamais
são no fim mentirosos, não tem nada,
só a vida por luzir mai lá na frente.


Fim de ano, feito na véspera do vestibular.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Navio Fantasma e Reciclagem




Navio Fantasmas

Nas névoas do sonho e do sono,
um navio mercante navega
nas vagas da raia das memórias.

E entre o que foi no abandono
pro fundo do mar que os carrega
aos cantos remotos da história,

o barco no tempo perdura
nas velhas missões lá de antanho,
dos tempos perdidos pra sempre.

Perdido num mar que fulgura
á mundos distantes e estranhos
de azul profundo e latente.

E o barco mercante permuta
no sumo dos mortos e d’outros
co’a forma dos vivos, matéria.

Carregam nos ombros a culpa
de um crime nefando, tal monstro
movido a dinheiro e miséria.

Levavam escravos aos montes
e em meio ao desespero e tortura
morriam no oceano os perdidos...

E poucos no instante da morte
diziam maldições na amargura
e muitos no fim são atendidos...

E certas figuras tomaram
o barco e fizeram cativos
os homens culpados por tudo,

E presos pra sempre ficaram,
no barco no fim, não mais vivos,
são homens sem rostos, são mudos.

E inda se vê o seu perfil
nos sonhos jogados ao mar,
é um barco distante na bruma.

Por causa de um ato tão vil,
lá estão, no destino a vagar
p’ra casa e p’ra terra nenhuma.

Nas névoas do sonho e do sono,
um barco mercante navega
nas vagas da raia das memórias.

E entre o que foi no abandono
o barco fantasmas carrega
um sopro perdido da história.

Reciclagem

Lá nas vagas que vão, a sua imagem
d’esse seu rosto sem massa e sem cor,
no esquecimento e pelo torpor,
vai se afundar no breu e na friagem.

E vêm as vagas, vão elas repor
os velhos erros e as mesmas roupagens.
Lá nas vagas que vão, co’a sua imagem
desse seu rosto sem massa e sem cor.

Vêm tantos outros das mesmas viagens,
rostos de areia que bem vão decompor.
Lá nas vagas que esvaem, reciclagem,
só mais um rosto que esvai sem valor
lá nas vagas que vão, co’a sua imagem.


Estou sem poder entrar na net e quando entro estou sem um pen drive, hoje foi um caso a parte.
Se conseguir o emprego que espero conseguir, vou por uma dsl em casa...
Até lá...
Vou estar ausente...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Angústia

Angústia

Feras no escuro se escondem no breu,
olhos de velhos amigos me espreitam,
velhos problemas sem dó que aproveitam
do vão dos anos, da dor que morreu.

Velha matilha, são cães que permeiam
linhas dos sonhos e os sonhos são meus,
os pesadelos de quem se perdeu,
são pesadelos enfim, que esperneiam.

E quando a noite no céu lá se assoma
e o sono chega no fundo dos olhos
fechando tudo, fechando a redoma...

Eu sei que cá me esperando a olhar-me,
por traz das feras, com seus abrolhos,
é a consciência, num cerco, a caçar-me.


Ando sem tempo realmente, apenas uns dez minutos na lan por semana e só...
Droga...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Besouros


Agora é passado,
e nos velhos postes elétricos
se vê ainda os besouros d’outrora.

Besouros: Que brilham feito bolhas de sabão na penumbra, planetas pequenos girando em volta de um sol artificial.
Iludidos como nós nas vitrines de mundos irreais,
oriundos do fundo
de mistérios naturais,
não sabem e não podem compreender o tóxico vício das elétricas gerações.

E os besouros querem a Lua,
como as mariposas,
como tantos seres.
Querem a verdadeira esposa de todos os Desterrados:
A Lua,
amante e musa dos apagados e dos perdidos tresloucados.
Em suma:
é a musa
dos malditos,
dos mistérios,
dos mendigos...

E nas praias do Desterro,
no mistério que
resiste guiado pela Mãe-Satélite,
existe a Nau.
A nau de partida de toda a vida
contida no imaginário, no irreal
instante em que os olhos permeiam os limites do sonho,
e os desejos,
os medos e tanto os outros seres que se mesclam á sombra.
E a Nau espera atrás de qualquer nuvem e dentro de qualquer baú largado,
nos livros amarelados de antanho
e nos vivos impenetráveis.
Em cada canto de segredo e de esquecimento,
ou embaixo dos pontos cegos
ou
nos cantos dos olhos
e
no tormento do;

silêncio.

E quando todos os nomes estão preenchidos na inconsciência do sono,
a Nau parte,
nas ondas solitárias,
num mar de escuridão:

o Céu.


E os besouros do passado,
que ainda não se apaixonaram e findaram pela lâmpada,
os que ainda
não são de torpe sociedade e
residem na sanidade,
conseguem com seus olhos negros ver as velas de luto da Nau e conseqüentemente,
encontrarem seus rumos naturais,
as suas sinas,
e mesclarem-se nos aglomerados estrelares e brilharem
além das milenares
das infindáveis poeiras do esquecimento!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Fumaça


Fumaça

Ver seu destino na ponta de um cigarro,
(o seu futuro queimando lentamente),
se consumindo num brilho, desamparo
de quem conhece um destino diferente...

Óh! Vai! Cantemos uns versos comoventes!
Uma canção pr'os amigos que tão caros
são das melhores memórias, as latentes
nostalgias dos que partem. Não tão raros...

Vê o meu futuro voando na fumaça?
Distanciando-se enfim em seu caminho...
Nossas histórias se partem e vão embora:

Pela fortuna que o joga na desgraça...
Pelo destino que o faz partir sozinho...
Tantas as perdas e a gente as ignora.

Peço desculpas pela ausência porém estou em um periodo meio delicado...
Aqui um soneto.
Bom proveito...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Noção




Noção

Eu sei por que sei e por que sei,
eu sei que o destino me guarda
um breve momento que hei
de sempre lembrar e mais nada.

Eu sei por que sei, por que sei!
Que a vida me escreve um romance
e em cada segundo eu sonhei,
em cada migalha de chance.

E o mundo que bem desejei,
se encontra pregado cá em frente!
Eu sei por que sei! Por que sei!
Que nada me vêm de presente.

Mas sei que me aguardam latentes
momentos vindouros, e sei
que sempre serão diferentes,
e sei por que sei, pois eu sei...

que sei por que sei, por que sei!
Que tudo será no imprevisto
igual no que tanto sonhei,
um álbum enfim, jamais visto.

E sei que não sei não, não sei
lidar co’a fortuna da vida
mas sei que em um dia me encontrei
co’a luz me infiltrando a retina.

E soube que esse é o livro
que só, cá sozinho lerei
sozinho no mundo e tão vivo,
eu sei, só eu sei e, só eu sei.

Davi Machado, muito obrigado, logo dou corrente a este selo.
Infelismente estou sem tempo...

Sobre uma crítica que recebi sobre meu trabalho


Sobre a minha poesia e umas críticas que recebi:

Pois bem, eu escrevo em maioria em verso clássico e por isso eu sou conservador, não é? Sou conservador porque não imito essa maioria. Só que eu me julgo livre, eu julgo meu verso livre para escrever como eu quiser.

Gostaria de saber se Olavo Bilac, por exemplo, se julgava preso, acho que não, preso ele se sentiria se fosse obrigado a escrever em verso livre. Pois mais que isso para muitos possa parecer assustador.

Sim eu admito que eu goste de alguns poetas parnasianos tanto quanto gosto de muitos modernos, e isso logo, faz de mim um “conservador”, porque eu fui ler escritores que hoje não se lêem mais por um motivo idiota. Para mim literatura boa é literatura boa não importa a data.

Fui olhado torto porque quis recitar um poema de Cruz e Souza em um recital, no final, por que ele não é um desses clássicos (me refiro clássico aos poetas da semana da arte moderna e outros posteriores,) acredito eu. Do mesmo tipo de poetrarcos da época parnasa, de tantos aqueles que versejavam sem talento, e não aceitavam outra forma de poesia, eu vejo da mesma forma esses poetas-auto-ajuda de hoje.

Esse conceito de que arte não se aprende, ou de que é um artista menor aquele que treina ou estuda, esse tipo de conceito me enoja, pois na arte popular se treina e se estuda também. Considero então como acadêmico metido o cordelista, o repentista e tantos outros? Porque a poesia popular tem metro? Porque eles não são todos versos livre falando sobre o próprio ego? PORQUE A POESIA POPULAR NÂO È ASSIM!!! Esse grupo de pessoas que acham que não se pode criticar e aceitar e que se tem de engolir tudo porque é arte e arte não se entende, sim, esse ai não é popular, é “escritor de panelinha”.

Manuel Bandeira, Cabral, Mario Quintana e Drummond por exemplo são poetas livres porque ele tiveram tanto consciência quanto aprendizado de outras formas de versos e eles estudaram para poder enfim fazer poesia, tem muitos poemas com metro perfeito em Drummond e justamente por ele saber o que fazer e não fazer é que os poemas “livres” dele são BONS! E eles têm um sentimentalismo maduro, assim como o parnaso quis ter em “resposta “ao ultra-romantismo. Por isso esses “modernos” são lidos, diferente de uma quantidade absurda de poetas livres de hoje em dia e da quantidade de poetas do período parnasiano.

Para mim a diferença de Olavo Bilac, Augusto dos Anjos, Cruz e Souza, Manuel Bandeira, Araújo Figueredo, Mario Quintana, Antero de Quental, Alvarez de Azevedo, Boca do Inferno e muitos outros, para mim a diferença destes para os tantos outros que existiram por aí é que eles eram livres, pois a liberdade está na diferença, e para mim o verso livre é aquele que sai como o escritor quer, e não como a maioria aceita. Não importa se ele seja aceito ou não, se ele tenha metro ou não, basta que ele se destaque, que o poeta tenha compromisso com sigo mesmo e não com os outros. Basta que ele seja singular.

Sei que isso possa parecer um tanto “conservador” ou “retrógado”, pois assim é que é chamado tudo aquilo que vai contra ao que os conservadores pregam, tudo aquilo que vai contra á linha de pensamento atual.

Eu mando tudo isso ao inferno,
e boa noite.

Verso Livre


O meu verso é livre,
do meu jeito recito,
e enfim o manuscrito,
no meu mundo convive.

O meu verso é solto,
e no metro se forma
e se o quero sem norma
num compasso me envolto.
Pois o faço sem tino,
sem esforço nem rima
e se rima? É a sina,
é sonoro o destino.

Pois meu verso é livre,
e bem voa como quero,
e nem sai como espero
e assim o verso vive...

E se tanto me obrigam
a escrever d’outro jeito,
vou estufando meu peito
se mi balda abominam.

Pois sou livre e meu verso
do meu jeito conservo,
vou escrever como quero
e acabou lero-lero!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Rimas Repetidas


Rimas Repetidas

Em um mar sem estrelas,
em um céu sem espuma
em seu prédio tu apenas
se tornou luz nenhuma.

E no breu da bebida
e no gás, gasolina
a fuligem, tua vida
se perdeu já menina.

Na janela, do prédio
que levou tanta gente:
operários, suicidas
que choviam tão frequentes.

Na janela, no tédio
duma vida de escapes
não tem rumo que escape
do solvente e seu assédio.

Éres dama em castelo,
a fantasma, já podre
não tem príncipe e anelo
pr’outra vida, nem houve.

E n’um mar sem estrelas,
e n’um céu sem espuma
e n’um prédio ela apenas
se tornou luz nenhuma!

domingo, 6 de setembro de 2009

Tormenta


Tormenta

As bruxas estão voando,
e trazem nos seus impulsos
as modas dos outros fusos
de um mundo nos penetrando.

As bruxas estão chegando,
co’as modas e novas drogas,
que trazem no contrabando,
que trazem das novas modas.

No alto lá vão planando,
são sombras no alto e os prédios
são ninhos de seus assédios
ás vidas que vão sugando.

São vidas se transformando,
meninas que são estrangeiras
das terras natais, sereias
do vício que vem chegando.

E as bruxas estão voando,
as bruxas estão no ar,
as bruxas por apagar
o tempo que vai passando.

São mundos se deformando,
num mar que de asfalto afoga
e o fogo da vida logra,
são faces que vão mofando...

As bruxas estão voando,
as mães do pecado e o vício.
Acima do frio bulício,
as bruxas estão voando...

Othon Gama D'eça e Araújo Figueredo


Algo aqui: Othon D’eça, escritor importantíssimo de Santa Catarina, textos retirados do livro “Cinza e Bruma e Poemas Dispersos”; Araújo Figueredo, poeta do qual muito já escrevi sobre, de poesia e vida muito além do natural.

Essa não é uma Desterro que inventei ou que eu quero que seja, é uma Desterro presente na memória da cidade, uma imagem contrária á cidade onde as loiras do interior vem tomar sol para assim serem parte da propaganda de turismo. (Não tenho nada contra o interior de Santa Catarina deixo claro). Mas é que não podemos viver numa cidade que se vê de acordo com os preconceitos que recebe, e sim numa cidade que se vê de acordo com um passado e um presente, e não uma maquilagem neo-liberalista de gente que tenta esconder e apagar para criar um ontem que jamais existiu, que melhor funcione para circular capital.

Por mais que as pessoas pensem ser fascismo divulgar uma imagem contrária ao “PARAÌSO TROPICAL LOIRO”, ou, a ”FLORIPA: CIDADE DA MACONHA E DO SOL E SURF”, eu prefiro tentar passar a Desterro do Mar e da Saudade, e a Desterro das Bruxas e das Brumas. Desterro é uma cidade que poderia ser outra, mas na verdade sofre um verdadeiro etnocídio, um culturicídio ou seja lá que raios, causado por um governo racista que quer tornar aqui uma Maiami, que considera o artista como estorvo do estado.

Peço desculpas por não falar aqui de Mário Quintana e Drummond e de todos os poetas obrigatórios, por mais que eu os leia, prefiro falar, por mais absurdo que seja, de poetas que simplesmente não existem dentro do coletivo, e que merecem sim, um pouco de divulgação, porque são bons, e só não são conhecidos hoje porque simplesmente escreveram e deixaram aquilo que tanto nos perturba nesse admirável mundo novo, eles no deixaram uma identidade.


Caso eu tenha ofendido alguém, espero que me diga, poste aqui um comentário falando o porquê.

Bom acho que é só isso,
Abraços, Marcel Angelo.


Desterro, Alma do Mar e da Saudade...
A Laércio Caldeira

Desterro é o poema de pedra da tranqüilidade...
Nos lentos crepúsculos de agonias cinzentas, parece um lavor antigo num retábulo de opala...
E, sobre a sombra do céu, a sua sombra nas águas, recorda um fresco flamengo num muro de porcelana...
Ao longo do seu cais onde os saveiros, inquietos, suplicando bonança, erguem para Deus os braços vincados pelas driças, a tristeza da Penumbra e da Umidade estira-se como um grande gemido de Melancolia...
Desterro tem a expressão de Santa Tereza de Jesus!...
Pelas manhãs engessadas do Inverno, quando as brumas encanecem as Horas e fazem pensar na doçura sem orlas da Renúncia, ela ensimesma-se num Sonho de vitral e fica absorta, de joelhos, enevoadamente a relembrar...
Então, para alegrá-la, as muretas ondulam, em versos de guipure, ao ritmo do vento, as Canções que vieram rimando do mar alto!...
E as músicas dos sinos evadem-se dos cárceres de bronze, e palpitam entre as neblinas, e elargem-se vibrantes, sobre os telhados e sobre a paisagem, em grandes enciclias brancas e sonoras!...
No entanto é vã essa alegria das águas e das torres...
Desterro é a Tristeza que parou à beira do mar!...
Do Mar sempre enamorado de sua Sombra... vaga... contemplativa... feita das sete dores da Saudade...

Minha Ilha

Bendita sejas pelo tempo afora,
Ilha do meu Amor! Meu verde altar,
Com a contrição de quem vai comungar.

Em ti exalto a imagem de meu lar;
O casarão em que a saudade vela,
A contemplar além, beijando o mar,
A silhueta azul do Cambirela.

E canto as formas túmidas, redondas,
Dos teus morros bordados de esplendores!
A cidade que sonha, ouvindo as ondas,
E os meus velhos amigos pescadores!

Ilha do meu Amor! Bendita sejas,
No que tu mostras e no que sugeres!
Na serena postura das igrejas,
E nos olhos castanhos das mulheres!

E bendito o teu céu cor de safira
e o teu agreste corpo de esmeralda!
E o mar, que em torno a ti de amor suspira,
E lábaros d’espumas ao sol desfralda!

E bendito o teu povo de praieiros,
Que constrói ele mesmo o seu casal;
E fala a velha língua dos troveiros,
Como falava o avô de Portugal!

Cerro os olhos e vejo na lembrança,
O que tu tens de belo e de lendário:
Um regaço de praia onde um barco descansa,
Sob as ramas de um cedro solitário!

Ou então uma fonte, um caminho, um telhado,
Docemente a surgir nos braços do arvoredo.
E refolhos de mato abobadado,
Com chilreios, e sombra, e perfume, e segredo!

OFERENDA

Ilha do meu Amor! Por ti palpita
O mais apaixonado coração!
Tu és a minha verde Sulamita,
A luz do meu olhar e a minha devoção!

(“República” – 09/12/1923)

A Lua e a Ponte

Dorme a cidade junto ao mar tranqüilo,
Onde nadam reflexos em cardumes
E ondeiam sombras efêmeras e estranhas.
Em torno oscilam os longos fios de lumes
Como os festões de um vago peristilo.

É tarde. A noite busca o abrigo das montanhas;
E o vento arisco espalha e amadurece
As maresias verdes do canal.

Passa um grande barco de altas vergas em cruz.

E enorme, redonda, a lua cheia parece,
Entre as duas torres da Ponte Hercílio Luz,
Um luminoso gongo de cristal.
(“O Estado” – 09/07/19577)

Misteriosa

A Tito Carvalho

Ela era esquia e fina, e parecia
Um vaso italiano de cristal.
Toda a gente, na rua, quando a via,
Gostava do seu vulto original.

Era a graça, o perfume que inebria
Dum modo estranho e sobrenatural.
E essa gente, encantada, nem sabia
Se no mundo nascera uma outra igual!

- Donde veio, diziam, flor tão rara?
Qual canto da terra? Que cidade
O seu berço de plumas embalara?

Mas ninguém nunca soube a verdade:
Que essa flor de volúpia desatara
Num humilde casebre da Trindade!

(“República – 27/09/1923)

Trindade é um bairro daqui...



Araújo Figueredo

Em redor da fogueira

Rodam na cana verde as filhas da Vicência,
Vindas do Ribeirão, das últimas Costeiras...
Belas almas febris, de rica florescência,
De seios rebentando em botões de roseiras.

Do diamantino luar na espiritual diluência,
Rodam como visões, graciosas e ligeiras,
Rondam de par em par, em célere cadência,
Em vertigem feliz, alegres e brejeiras.

Fêz –se então um rumor de remos nos toletes...
É que chegam do mar uns rapazes. Foguetes
Esfuziam no espaço... E vozeiam cantigas.

No terreiro do engenho a fogueira crepita...
E, ao vermelho clarão que, em derredor, se agita,
Mais feiticeiras são, agora, as raparigas.



Ilusão

Sopra rijo o nordeste. Anselmo vem à popa
De um leve batelão. Vem, contente, a cantar...
Nem se lembra que está sobre as ondas do mar:
E, destemido, d'água o largo pano ensopa.

A leve embarcação embaraços não topa,
Metida a quilha ao vento... É um pássaro a voar...
Rumo da praia irá, num seio descansar,
De bôjo para cima, embutido de estôpa.

Mas , junto ao Cambirela, onde há um precipício,
Que a tanta gente dá o eterno sacrifício
Da morte, ei-la emborcada, a leve embarcação.

E nunca mais ninguém viu o pobre Anselmo:
Menos quem o tanto amou, e, na luz do santelmo,
Parece vê-lo sempre... E crê nessa ilusão!

Posteriormente vou procurar por Oscar Rosas, vou postar uns poemas de Rodrigo de Haro e tentar achar um bom material sobre o período Ultra Romântico aqui da Ilha.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Pessoas


Nada de mais, um rondó que é mais um estudo meu..


Esses rostos conhecidos,
são resíduos de um passado
apagado da memória
são as histórias a me encarar.

Vagos vultos de verões,
conhecidos passageiros,
esquecidos companheiros,
gerações a definhar.

São passados passageiros,
que passaram uns verões,
nessa vida gerações
companheiros a apagar.

Esses rostos conhecidos,
são resíduos de um passado
apagado da memória
são as histórias a me encarar.

São fantasmas d'uma época
que apodrece no desuso,
são registros tão confusos,
e são pérolas sem par.

São fantasmas do desuso,
velharias de outras épocas,
são retratos e são pérolas
de um confuso a mergulhar.

Esses rostos conhecidos,
são resíduos de um passado
apagado da memória
são as histórias a me encarar.

São pessoas que dissiparam
e são outras as suas vidas,
não são mais as conhecidas,
se mutaram, vão passar.

São as efêmeras, suas vidas
no fim logo dissiparam,
pois são outras, bem mutaram.
Conhecidas? Vão mudar...

Esses rostos conhecidos,
são resíduos de um passado
apagado da memória
são as histórias a me encarar.

E se vejo no caminho
um estranho conhecido
d'outros tempos já perdidos
vou sozinho lhe acenar.

Pois sou apenas conhecido,
um que passa em seu caminho.
Num aceno vou sozinho,
já perdido se apagar.

Esses rostos conhecidos,
são resíduos de um passado
apagado da memória
são as histórias a me encarar.

Didascálico

O Instituto Federal de Santa Catarina (IF-SC) realiza entre os dias 14 e 18 de setembro de 2009, no Campus Florianópolis, o 8º Didascalico ( Mostra de Teatro do IF-SC). O evento, organizado pela Coordenadoria de Atividades Artísticas do campus e pelo Grupo de Teatro Boca de Siri, vai abrir espaço para apresentações teatrais e musicais e varal literário. As inscrições são gratuitas e já estão abertas. Grupos teatrais de toda a Grande Florianópolis podem participar. Mais informações sobre o 8º Didascálico com a professora Tânia Meyer, pelos telefones (48) 3221-0581 ou (48) 9969-1793.
O Grupo Teatral “Boca de Siri” foi criado em 1995 com a proposta de “humanizar” o ensino técnico, proporcionando a todo o corpo discente um contato contínuo com as artes cênicas. Durante seus 14 anos de atividades, o “Boca” promoveu não só peças teatrais como também leituras de poemas e de dramaturgia e ajudou campanhas como a arrecadação de fundos para o Hospital Universitário. Além disso, é o responsável pela organização da Mostra de Teatro "Didascálico", que já se encontra em sua 8ª Edição. A Mostra "Didascálico" traz não apenas encenações teatrais como também oficinas de artes cênicas, dança, canto e mostra de cinema. O nome "Boca de Siri" é em homenagem ao professor Glauco Rodrigues Côrrea, falecido em 1992. Glauco Rodrigues, assim como Franklin Cascaes, foi professor de português da antiga ETFSC, lecionou literatura na UFSC e é autor de várias obras literárias, das quais se destaca o conto "Boca de Siri (o caso da Pasta Preta)". Hoje o grupo conta com 20 integrantes e tem a coordenação de Tânia Meyer e direção artística de Márcia Krieger
. O trabalho de oficina e técnicas teatrais é gratuito e aberto a toda comunidade.



Aqui está a progamação geral da mostra de teatro Didascálico em PDF

Sobre o recital, bom, estou a espera de mais poesias, pelo menos três pessoas já estão certas...
Além da Sociedade dos Poetas Advogados.

Bom, espero estar ajudando.
Texto tirado de um post do perfil.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Recital






Recital de poesia aqui em Desterro.
Eu sou uma das pessoas que está organizando, interessados...?

Link direto para a imagem:
AQUI

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Desterro

Desterro: Chuva e bruma,
e minha alma fria
nos tempos idos fuma
Desterro, chuva e bruma
e o pó do livro uma
antiga lenda envia
(Desterro: Chuva e bruma)
á minha alma fria.

Desterro, chuva, bruma
e minha alma solta...
Desterro e chuva e bruma
que em ventos formam dunas
de um mar que não mais volta,
Desterro e chuvas, brumas
em minha alma solta...

Desterro, chuva e bruma
dos tempos frios, do vento
que em ondas vai e espuma
Desterro, chuva e bruma,
e não se vê nenhuma
menção de cal, cimento.
Desterro chuva e bruma
dos tempos frios, do vento!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Numa Cova Tamanho Solteiro


Numa Cova Tamanho Solteiro...

Aqui jáz o meu pobre rapaz,
que o destino macabro e voraz,
o cortou, martelou e enlatou,
Numa cova tamanho solteiro!

Se foi tímido, pobre garoto!
E o que faz se agora, esta, morto?
Sete palmos abaixo do chão
onde vermes comendo-o estão!
E mofando... suporta-se o cheiro...
Numa cova tamanho solteiro!

Se do pó veio... Ao pó voltarás,
meu menino que enfrenta, sózinho,
o terror de seu mundo, miudinho...
Acredito que cá onde estás!
Tu não foste de certo o primeiro...
Numa cova tamanho solteiro!

É bem triste de noite eu sei,
Foi de mim que a ti te tirei,
Não te quero e agóra o renego,
Não sou mais este velho taõ cego,
Eu te enterro e enterro inteiro!
Numa cova tamanho solteiro!

Não te quero pois nunca quis mesmo!
Bláááááááááááá!
Por Marcel Angelo


ese poema deve ser lá pelo ano de 2005 ou 2004
começando com metrica se não me engano...
adolescência ruím, vida tardia...
depois um Bum! no mundo exterior e um leque gigantesco se abre e tão complexo que eu mal consigo lidar,
(soy um menino selvagem....)


e algumas cicatrizes, ou o indivíduo relacionado a elas
enterrado???
as vezes bate uma certa nostalgia...






terça-feira, 21 de julho de 2009

Outra Sátira

"Saiba morrer quem viver não soube"

Meu ser evaporei na lida insana
do tropel de paixões que me arrastava.
Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
em mim quase imortal a essência humana.

De que inúmeros sóis a mente ufana
existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe Natureza escrava
ao mal, que a vida em sua origem dana.

Prazeres, sócios meus e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta e si não coube,
no abismo vos sumiu dos desenganos.

Deus, ó Deus!... Quando a morte à luz me roube
ganhe um momento o que perderam anos
saiba morrer o que viver não soube.
(Bocage)

E aqui a sátira:

“Saiba colar quem estudar não soube”

Ao ver desesperei, a leva insana,
de notas a entregar, que me arrastava.
Há! Cego eu cria, há! Mísero sonhava,
que a média no final, seria-me humana.

Em infantes idéias meu ego ufana,
existência falaz me não dourava.
Porém percebo a natoreza escrava
do estudo! E minh'alma então se dana.

Coordenadores, meus fatais tiranos...
Mas no ócio, os estudos não me coube,
seguro apodreci, nos desenganos.

Antes que o reprovar, a luz me roube,
ganhe momentos os que perderam anos,
saiba colar quem estudar não soube!
(Marcel Angelo)

Fiz se não me engano.. em 2006...
esse é mais antigo que o outro... em breve mais coisas novas \o/

Christina

Christina

Pele morena de tempos passados,
rosto: um sorriso de mel delicado,
cachos castanhos soltados, sonhados,
soltos, serenos segredos guardados.

Olhos castanhos de amêndoas-castanhas.
Densos sabores tão tenros, de estranhas
chamas contidas, retidas, tamanhas
gemas de ferro, tão densa tüa manha...

Olhos de fogo perpétuo em sorriso,
doce dïabólico gesto preciso,
leve reflexo tão certo e conciso,
lábios calados, tão tímidos risos.

Gestos de fada, com dedos de fada,
mãos delicadas por dom, são prendadas
sedas macias, surdinas sonatas,
feitas de sonhos, p’ra serem sonhadas!

Olha p’ro chão, n’um ar encabulado,
chama “Christina” o crachá pendurado,
em um uniforme amarelo e amassado...
- Ela trabalha n’um supermercado!


poema do início do ano, para uma Christiane que trabalha no imperatriz, atendente, nunca falei ou me dirigi a ela, mas bem, ela me lembrava uma amiga, e estava escutando flamenco e resolvi escrever esse poema.
Caso gostem...
Bom é isso ae... Espero posteriormente ter mais tempo e fazer uns post melhores...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Morena

Uma menina me disse que era meio preconceituoso... Gostaria de saber o porquê....

Morena

Tranças: Correntes de cabelos,
fibras de vidas, são serpentes,
feras letargas de potentes
ondas do tempo, ritornelos.

Formas. Lembranças de passados,
tempos perdidos, de mistérios,
mundos, cidades, monastérios,
ritos de povos apagados.

Tranças que lembram as viagens
feitas por mentes ascendentes
dos exotismos florescentes
de feiticeiras paisagens.

Formas: De corpo moldurado
pelos sultões e seus anelos,
filhas de reis que em seis castelos
deusas tiveram copiado.

Trança morena, verdadeira
Vênus de cá do mundo antigo,
tens uma chama lá contigo,
de todas as musas (da primeira).

Forma tão humana, teu feitiço,
é ser humana, n’um resumo:
De todas elas tens o sumo
e o mais puro padrão, o mestiço.

Soneto – Paródia



“Oh! não proíbam pois ao meu retiro
Do pensamento ao merencório luto
A fumaça gentil por que suspiro.

Numa fumaça o canto d'alma escuto...
Um aroma balsâmico respiro,
Oh! deixai-me fumar o meu charuto!”
Álvares de Azevedo - Soneto

Soneto – Paródia

Um mancebo na erva se demora,
outro bêbedo passa noite e dia,
um tolo pr’o partido viveria,
um toca guitarra, e esse namora.

Um outro que uma gente má ignora
faz da “NET”, no fim, sua família,
outro toma solvente e se vicia...
Quantos moços perdidos vejo agora!

Oh! Não proíbam pois, no meu estudo
esses versos de ultrapassado ofício:
Velharias literárias que me meto.

N’uma balada um canto d’alma escuto,
de Azevedo invejo seu artifício!
Oh, deixai-me acabar o meu soneto.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Hino dos Perdidos

Escrevi esse poema quando eu estava em São Paulo, de um ímpeto, para uma valsa sinistra, que eu tenho na cabeça. Com um pouco da energia que tem São Paulo, das coisas antigas e desse aglomerado humano. Queque seja sobre ou que tenha ligação, apenas foi algo que me ajudou a escrever, como a tarde de chuva que ajuda a alguém a escrever sobre planetas. Não tem uma relação.
Bom espero que gostem, aliás esqueci de falar, esse poema é antigo e já foi postado antes no blog também antigo^^.
Bom proveito.
Abraços.

O Hino dos Perdidos

Dancemos as danças dos loucos
girando cirandas e aos poucos
cairemos na própria loucura
quebrando as cabeças, fraturas
que sempre estiveram presentes
fantasmas, flagelos dormentes.

Pisemos nas poças mais sujas
girando e o dançar sobrepuja
camisas de força dos homens
tão sérios, maduros que somem
na massa de peso no mundo,
seremos melhor, vagabundos.

Dancemos a própria desgraça
tampemos com grades, mordaças
correntes de riso, cantemos
matemos o siso e seremos
os lobos nos campos gelados
caçando na noite indomados.

Na dor choraremos tão pertos
na dor abraçados, cobertos
na força de unhas que entrando
na pele e da carne passando
rompendo pedaços de nós
sabendo que estamos tão sós.


No peso do mundo riremos
tentando tampar em um esmo
que tanto de corda nos dá
porém nem sabemos se há
motivo que causa os efeitos
de tantos tormentos no peito.

Que gritem e chorem e dancem,
se somos as vitimas danem-se!
As chagas os sóbrios nos dão
culpados de tudo que são
vaguemos perdidos em hordas
banidos, bonecos sem cordas.

Vaguemos: os quadros manchados,
meninos selvagens, e os ratos,
romances violados, senhores
de mundos sonhados, horrores
em traumas, uns tais esquecidos,
mendigos! Em suma os feridos.

Pois, culpa das chagas que temos,
deixando seqüelas profundas
é culpa dos "sóbrios", na imunda
maldade dos mesmos.

domingo, 21 de junho de 2009

Perfume

Perfume

Para M. Weber



É cheiro de uvas,
uvas verdes sem casca
perfume de flores
ferro e vinho e devasta
o mundo real
cinza e insosso e nefasto,
sobrando no fim,
sangue e vinho e no vasto
perfume vermelho
gosto férreo na língua
desejo carmim.


Quando tudo mingua
perdura um gosto em mim
desses mortais:
de "Quero Mais".



25 de abril de 2009

Algumas coisas estão além de um descrição física, e algumas memórias eu sei, vão durar muitos e muitos anos.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Para Manuella Weber

Para Manuella Weber

Eu não sei que se passa no seu mundo,
aí nesses seus olhinhos que tão verdes
distantes se situam... Mar tão profundo
que nada mais revela... Que não se mede.


É um mundo condensado pela rede
de tramas neurológicas, fecundos
sistemas de memórias bem expede
milhões de pensamentos vagamundos.


Enquanto vãs pessoas vão em dementes
estradas lineares das idéias,
tu segues mil caminhos diferentes.


Pois tens lá na sua íris refletida:
A Terra que se espelha nessa esfera,
sua mente... Fascinante e distraída...


Espero que ela não me mate... Hehhe
Vai mais como uma demonstração de afeto...
Ela gostou
mais um próximo
é engraçado o fato de eu escrever um poema para alguém do qual esteja comigo, digamos, sempre foi para aqueles meio impossiveis e os que fiz depois de estar com alguém antes, eram apenas, não realmente verdadeiros...
E ela me inspira.

Ela vai ficar sem graça^^.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

No Gelo

No gelo milenar o ar lá permance
em bolhas que flutuam na pedra, no cristal...
Suspiros, bocejar do tempo que parece
de esmero ir guardar lembranças no local.

Relíquias que brilhando em gelo,tão banal
a tantos vão passar perdidas se não ouvesse
uns poucos que o estudo e o olhar mais passional
percebam seu valor e encanto que fornece.

Milênios, multidões, que esperam seus momentos
p'ra quando seus grilhões em água desmancharem
trazerem à luz farelos de um passado.

São como os terminais doentes - no tormento
da dor de seus finais segundos a acabarem -
que soltam o Segredo antigo e sufocado.

Detalhe, fiz esse soneto, bom, depois que eu perdi de vez o pc^^
ok, sem tempo nem como comentar algo

Letargia


Site

Letargia
(com as rimas copiadas de um amigo)

Em um bem viver, alegria aparente,
rosto por sorrir sem despir sua mente,
vã felicidade etérea e vulnerável,
em um colorido aguado e lastimável.

Gente por berrar que não é não uns doentes,
querendo mostrar-me que tudo cá em frente
não é a obsessão a consumir destrutível
tudo que for real, merencório e amável.

Veja os anormais no mentir que sufoca
cada sentimento a aparência os destrói,
nessa vã alegria falsa e inacabada.

Ver essas pessoas infelizes me toca,
jamais vão sentir um amor que dói,
jamais vão sofrer, pois não sentem mais nada...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Desterro, Enxame, "Para uma Nata" e Contemporaneidade


Desterro

O Desterro não é cidade
é um estado d'uma existência
purgatório sem consciência,
de fantástica realidade.

Exilados e naufragados
em lestadas embarcados,
peregrinos nas ilusões
pelas sinas de gerações.

Ilha de Santa Catarina
lá perdida em Santa Cruz
onde o asfalto não reduz
lendas em livros... Triste sina...

Que Feitiço desconhecido
em bruxólica de ironia
te levou numa ventania
para mundo tão esquecido?

Onde pesco suas memórias?
Os arquivos engavetados
foram todos remoldados
para novas velhas histórias!

Os anfíbios que se lembram
do caminho deste mundo
foram muitos para o fundo
dos abismos, se perderam...

E nas praias eu fico esperando
enxergar algum boitatá
e no rastro, num além mar
desse horizonte acabe achando.

No transato vivo e presente
em fadórica realidade
tráz da lua, lá tem a cidade
a Desterro de antigamente.


Para uma Nata


Os intelectuais tão mentirosos,
usam de meias verdades nos sapatos,
saltos e plataformas, falsos fatos,
prosas bem lustradas que reluzem,
mas esses “gentlemêns” tão presunçosos,
não passam de uns metidos a avestruzes...

"Mas as flores nascidas sobre o asfalto
Dessas ruas, no pó e entre o bulício,
Sem ar, sem luz, sem um sorrir do alto,

Quem têm elas, que assim nos endoidecem,
Têm o que mais as almas apetecem...
Têm o aroma irritante e acre do vício!"
Antero de Quental

Enxame

Nas tempestades as bruxas altivagas
rasgam o céu vão nas nuvens legionárias
elas são aves de breu e de perdição
fatais delícias do inferno missionárias.

Nas tempestades devastam gerações
vão derrubando famílias aos abismos.
Moças, meninas de inveja e de apatia,
rosas de asfalto de podre mecanismo.

Nas tempestades, rasantes pelos nimbos,
vão se espalhando por entre multidões,
formas de vícios, num trago um dissabor,
degenerando emoções em ilusões.

Nas tempestades, nas noites tais criaturas
vão se espalhando num víruz formidável,
elas são tantas, são filhas infelizes
de nossos frutos, óh "mundo admirável".
óh "Admirável Mundo Novo".


Contemporaneidade


Nessas noites frias de Desterro
tantas almas soltas ao léu
no concreto queimam no fel
no torpor de vidas de ferro.

Todas fracas partem ao inferno
na cultura asfáltica e os réus
nesse mundo em tolo escarcéu
se dissolvem nunca despertos.

No Desterro as bruxas 'stão perto
com portões de ferro e rancor
num inferno denso e desperto.

Nesse mundo insano vivemos...
salvai nossas almas Senhor!
Não sabemos o que fazemos.

Acho que vou receber uma crítica ruím a respeito desses poemas, Desterro é o nome antigo de minha cidade, hoje ela é Florianópolis, em homenagem á um homem que mandou matar muita gente aqui: Floriano Peixoto. Ainda bem que foi com o primeiro nome, eu não gostaria de morar numa cidade onde o nome é Peixotópolis. A situação que eu vejo aqui não é de uma cidade de sol e praia, "típica" ilha tropical abaixo do trópico de Capricórnio. Tem algo muito ruim aqui... Além da lavagem cultural é claro, situação densa...
O mundo não anda bem, acho que vou descer no mapa.

Idéia


Foto pega do link, não sei do que se refero o site.


Idéia

No cinza moderno do presente
com tantas centelhas destruídas,
sorrindo adestradas com suas vidas
de apático mofo dissolvente.

No cinza dos prédios colossais
de sombras de longas vastidões
cobrindo de breu devassidões
de gás de néon, sóis abismais...

Num mundo de imundos lodaçais
de mentes de afasias e apatias,
mentiras dormentes, fantasias
que encravam no crânio por jornais...

Num mundo de hordas de demônios
presentes vendendo seus produtos
pr'a mornos morosos os construtos
sem almas, queimados os neurônios...

Em todo o progresso mentiroso
que mata e devora a liberdade
dissolve e remolda a realidade
e mente num blefe monstruoso.

Em todo o terreno condenado,
de asfalto e etanol, bem vi no fundo
resquícios, sementes d'outro mundo,
de plantas que almejam um roçado...

De idéias que lucilam tão latentes
nos genes, nos livros e que esperam
um sopro e, do mundo se apoderam
pra logo crescerem inclementes.

E em lava espalharem-se ferinas
crescendo e cobrindo de raízes
os prédios, fazendo cicatrizes
no asfalto em fulgor que alucina.

Formando correntes, vagalhões
limpando as janelas dessas mentes
que sempre estiveram tão dormentes.
No lodo cobertas gerações!

Em todo o terreno condenado
em todo o moderno do presente
de apático mofo dissolvente,
em todo o passado ignorado.

Brotai, por favor, algum dia!
Idéias, ó ideais oh, tão mortais
centelhas de sonhos imortais!

Meu povo se mata em vãs manias...
Perdidos em fúteis fantasias...
Rumos egoístas e banais!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Vinte Anos

Momento sentimental...

Vinte Anos

São vinte anos de sonhos, desejos,
são vinte anos de histórias perdidas,
são vinte anos de memórias difusas
se confundindo num mar diluídas.

São vinte anos de espera, futuro
de vinte anos passados num sopro,
retratos vagos, momentos de vento
perdidos todos na mente em um logro.

Meus vinte anos de ouro um tesouro
no abismo afunda em lugares longínquos
em vales velhos, profundos, letargos...
Memórias d'ouro em neblinas sumindo...

Meus vinte anos passados tão cedo,
são vinte mundos deixados de lado
são vinte vidas voltadas pra dentro
de minha mente, meu mundo selado.

Meu monastério em mil teias de mistérios
caminhos negros, perdidos, varridos
para destinos não lidos, não vistos.
Para caminhos jamais percorridos.

Meus vinte anos queridos, meu mundo
és minha jóia meu tempo e meu livro,
e como areia escorrendo em meus dedos
vou te perdendo esquecendo se vivo.

E vivo e quero viver meu futuro,
meu vasto campo de estrelas e fógos
e nessa vida sofrida sou vivo
e nessa vida querida me afogo!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O Selvagem

O Selvagem

Numa praia fictícia
feita em sonhos e memórias
se vê cenas impossíveis
de felizes, de ilusórias
noites belas já perdidas
co’a menina d’outra história.

D’uma história acinzentada
pelas bocas da verdade
desse mundo que balança
para o mal e pra a bondade
e que a luva do destino
lhe roubou a felicidade.

E um medroso de garoto
dos mais tímidos bufões
um palhaço enamorado
pela bela das menções
no fim nada, no fim nada!
Só restou umas canções.

Pra garota, tal menina
do qual cursa ensino médio
e tem vida bem saudável,
e o garoto imerso em tédio
com sua vida tão enfadonha,
só via nela seu remédio.

E a menina se diverte
em suas redes, as sociais
em seu mundo tão distante
com as tais vidas, tão normais
que confunde o tal garoto
de viver noutros jornais.

O garoto com seu mundo,
tem seus livros e teorias
sem pessoas e personagens
só as estantes e a poesia
que só sabe viver sonhos
e sonhar com utopias...

E a menina com garotos,
tem amigos, tem amigas
tem cinemas e tem shows
com as noites e com vida
tendo os cortes, e os afagos
dias felizes, e feridas.

E o garoto, como sempre
bem distante solitário
ele apenas desejava,
tela perto, gram otário
este mundo não habitava
taciturno um solitário.

Amizades cultivou,
e em tal mundo conheceu
tantos outros, tantas chagas
ele tanto as aprendeu
com as noites e com vida
nessas terras se prendeu.

E a tal dama, conquistou
e em semanas foi feliz,
mas a mesma se afastou
em costume que condiz
de listinhas, de vitórias.
De verdade tão infeliz...

E o grande, gran bufão
para tudo, é um estranho
tem seu reino em seus escritos
não é nesse gram rebanho
mas porém, ele não aceita
ser um sóbrio em tal tamanho.

Mas sua mente inda é a mesma,
de seus tempos, tão recluso
fora menino selvagem
nesse mundo é um intruso.
De incertezas, sempre a parte
e com sigo? Tão confuso...

Hoje vive n’outras terras,
ralas redes, as sociais
sendo parte de matilhas
mas sua origem, seus quintais
sempre fora a solidão
nunca as vidas naturais.

Ele quando fecha os olhos
volta aos reinos, seu reinado
os seus mundos, a sua praia
onde espera do seu lado
a menina de seus sonhos,
p'ro selvagem, p'ro isolado...


Perdoem a gramática...
Esse poema é antigo, digamos, obrigado pela indicação e tudo mais mas vai demorar um tempo para eu postar algo novo, esse poema é de 2007, digamos, meu computador pifou e não posso nem salvar para ler nem talvez postar novos escritos.. Então por um tempo vou postar umas velharias, talvez vocês gostem, e algumas coisas novas também.
Esse poema escrevi nuam tacada só, é uma mistura de vários acontecimentos na minha vida com um toque bem MARCANTE de fantasia...
Abraços.

Essse selvagem talvez se valha, vendo agora, em relação ao selvagem também do admirável mundo novo, apesar de que eu escrevi esse poema bem antes de ler o livro.

sábado, 2 de maio de 2009

Móbile




Móbile

O mundo me da medo, meus escapes,
são os sons dos meus poemas, meus segredos,
que guardo no silêncio que me abate,
que quardo nos desenhos em meus dedos.

Desenhos, tatuágens, cá nas mãos,
na folha e na carteira e na prisão,
nas grades, nas gaiolas, na visão
do rádio, no sofá e televisão...

Desenhos de desenhos desenhados,
riscados bem ao léu, mais para o céu,
manchando meus lençóis tão delicados,
tampando toda a luz fazendo um véu.

O mundo me da medo, meus desenhos,
meus móbiles girando são esqueletos
cobrindo meu planeta que contenho
no sólido concreto, mas prometo.

Que tudo passará n'algum momento,
que tudo passará nessa tormenta,
pois tudo que perdi, meu sentimento
vai tudo desenhar, pois não se inventa...

Acho que depois disso a proxima fase, que está por vir, vai ser mais digamos... Algo mais escuro está por vir, acredito eu...

Enxame


"Mas as floras nascidas sobre o asfalto
Dessas ruas, no pó e entre o bulício,
Sem ar, sem luz, sem um sorrir do alto,

Quem têm elas, que assim nos endoidecem,
Têm o que mais as almas apetecem...
Têm o aroma irritante e acre do vício!"
Antero de Quental

Enxame

Nas tempestades as bruxas altivagas
rasgam o céu vão nas nuvens legionárias
elas são aves de breu e de perdição
fatais delícias do inferno missionárias.

Nas tempestades devastam gerações
vão derrubando famílias aos abismos.
Moças, meninas de inveja e de apatia,
rosas de asfalto de podre mecanismo.

Nas tempestades, rasantes pelos nimbos,
vão se espalhando por entre multidões,
formas de vícios, num trago um dissabor,
degenerando emoções em ilusões.

Nas tempestades, nas noites tais criaturas
vão se espalhando num vírus formidável,
elas são tantas, são filhas infelizes
de nossos frutos, óh "mundo admirável".
oh "Admirável Mundo Novo".

Marinheiros


Um oceano de longas memórias
de nostalgias, de letárgicos dias
vai se formando nos barcos de antanho
que já partiram em gram travessia...

Vão numa barca de loucos varridos
com capitães mutilados pedaços,
por continentes perdidos e frios,
num purgatório caminham descalços.

Sonham segredos de amores selados,
sonham suas casas e quartos no além
das velhas terras por longos caminhos,
de seus passados vazios, sem ninguém.

Barcos que andando no azul do infinito,
vão se perdendo no Tempo e Destino,
são degredados do mundo, suas vidas
viram relíquias de um ar trans-marino.

Não vão voltar, as suas sinas é o vasto,
mar de afogados, no abismo se encontram,
loucos comuns, seus destinos perdidos
são de fantasmas tão vivos que sonham.

E se talvez, bem consigam voltar
para suas terras queridas de antanho...
Lá são estrangeiros de mundo transato,
findam p'ro Hoje só como uns estranhos.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Desenho


No mundo do Sonho etéreo e confuso
com grade sem chave, anelo bem causa
sabendo que enfim não levo pra Casa:
conquistas e as jóias de um mundo que induso.

São terras sem reis, sem leis e na brasa
de meu coração trancado e difuso,
bem sinto ferver meu sangue que vaza
por todas as veias e em rios me conduso.

Perdido no Sonho almejo um desenho
que mostre-me a porta a eterna saída
e mostre-me a mim... Quem sou nessa vida!

E mostre o lugar, verdade esquecida,
de todos os traumas maus que contenho,
pr'à grande batalha enfim... Ser vencida.


Não seis e postei antes, não sei o porque da foto, aliás, talvez saia um livro em parceria com outro autor em agosto.

sábado, 25 de abril de 2009

Distancia e o Destino


A Distancia e o Destino
sempre são companheiros
pelos rumos do Homem
pelo amor verdadeiro.

Se no tempo assassino
faz do mundo estrangeiro
quem partiu pequenino
foi voltar forasteiro.

Quem findou no Desterro
d'esquecidas memórias
tem no mar o seu enterro
no silêncio sua história.

Pois Destino e Distancia
nesse mundo que gira
faz pro velho sua infância
baluarte que expira...

Pois Destino e Distancia
nesse mundo que gira
faz da moça fragrância
faz lembrar que partira...

Faz as juras d'amor
ser somente palavras
e no fundo da dor
ser lembrança que encrava.

Faz o tempo ninar
o passado, latência
que num sopro além mar
faz saltar com potência.

Pois Distancia confia
no Destino faceiro
que tem certa porfia
de girar tabuleiro.

Pregar peças desvairado,
e fazer seus romances
reacendendo passados
refazer novas chances!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Teias


Olhos de grades fechados e estreitos,
mundos de matilhas mantendo seus ritos
pouco se pode entender nos registros
desse sistema demente e imperfeito.

Terras distantes, gigantes conflitos,
mundo luzindo na treva, meu peito
foge do vasto problema, meu leito
dorme distante do mundo restrito.

Tudo deforma no baque de um grito.
Essas pessoas dissipam! Perfeito...
Limpando a mente pro vasto infinito...

Redes sociais... Esmero entende-las,
moldá-las, retê-las cá do meu jeito,
não ser selvagem confuso a temê-las.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Palavras

Palavras

As palavras são almas que estão presas,
em um mundo sem forma, sem certezas,
seus mistérios são o nada, ton silente,
sem um peso que ao mundo se contente.

São uns inópios e informes e somente
vão existir esperando tão impotentes
um destino e um sentido, que a destreza
de um poeta as entregue a correnteza.

Correnteza das linguas infindáveis,
dos sentidos volúveis, dos viajantes
contadores de histórias e escritores.

Bem acabam se unindo as multidões,
tal criânças de inócuos corações,
vão se unir às belezas e aos horrores.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Varios Simbolistas


Alguns poetas da fase simbolista, ou que participaram dela. O simbolismo fora uma resposta ao parnasianismo, assim como o parnasianismo fora um resposta ao romantismo, apesar de que estes três em muitos autores andam juntos, como em Cruz e Sousa, parnaso-simbolista por exemplo, ou Luiz Delfino que passou pelas três fases. Olavo Bilac que muitas vezes andou pelo romantismo e pelo simbolismo também. Dizer que um escritor, por exemplo Cruz e Sousa é apenas Simbolista ou Parnaso, ou cuspir em toda a obra de Olavo Bilac (como muitos fazem) por causa dele ter feito parte do movimento parnasiano é digamos, estupidez! O que vale é a obra em si do autor e classificar alguém só pelo movimento que fez parte é bobagem. No simbolismo se vê muita tendencia ao modernismo, além do quê, o verso livre começou foi no simbolismo. E muitos modernistas como Drummond e Manuel Bandeira fizeram sonetos com um rigor técnico muito equivalente aos parnasos.

O meu concelho é, estudar a literatura indo além dos preconceitos que se aprende na cartilha do MAC. E ler mais a literatura inclusive a poesia nacional, pois na poesia não se lê o poeta estrangeiro em português, se lê o poeta tradutor escrevendo uma versão da idéia do poeta. Logo eu prefiro as edições bilíngües... Acho que todos preferem.

Mas bem voltando ao assunto, poetas nacionais da fase simbolista, sendo que se pode ver: Idéias em comum mas eles não são as mesmas coisas. Pois cada escritor é único.

Castro Meneses (1883 - 1920)

Cruz e Sousa

Vieste como o cansim dos areais africanos,
Ébrio ainda do sol que requeima o deserto,
Tentar, em pleno espaço, os vôos sôbre-humanos
Dos anjos e lutar de peito descoberto.

Vieste da solidão dos tormentos insanos
À procura da luz de um grande sonho incerto,
Tendo por voz amiga o clamor dos ocenaos
E por tenta o alto céu sôbre tua fronte aberto.

Rebramiu sôbre ti um anátema eterno.
Mas, indômito e só, velho titã glorioso,
Transpuseste, sorrindo, os círculos do Inferno...

E, esboçando na sombra um ríctus mais tristonho,
Ficaste, como um deus, vencido e silencioso,
Emparedado, enfim, dentro do próprio sonho...

José de Abreu Albano (1882 - 1923)

Cantiga 1

Nestes sombrios recantos,
Nestes saudosos retiros
Desliza um rio de prantos
E corre um ar de suspiros.

Volta

Tenho na alma dois moinhos,
Um é de agua, outro é de vento;
Ambos juntos e vizinhos,
Estão sempre em movimento.
E giros tantos e tantos
E tantos e tantos giros
Dão ao primeiro os meus prantos
E ao segundo os meus suspiros.

Álvaro Moreyra (1888-1964)

Lenda

"Não colhas essas rosas.
As rosas,
Irmãs na terra das estrêlas,
São mais lindas nos olhos que na mão,
Contenta-te com vê-las,

Deixa-as na haste,
Côr de púrpura e ouro,
Se as colhêres, as rosas morrerão"

Não quis ouvir o teu agouro.
Colhi tôdas as rosas que nasceram
Nos caminhos por onde me levaste.
E as rosas não morreram...

Epitáfio

Acreditei na vida. E a vida em mim. Depois
Desandamos a rir de nós ambos os dois...

Eduardo Guimaraens (1892 - 1928)

Embalo Fúnebre

Sob os ciprestes,
Dormem os mortos.

Dormem os mortos
À luz da lua.

Pálida lua,
Gélida lua!

Soluça a bôca
Do que ainda vive.

Oram mãos postas
Pelos que dormem
(Silêncio!) o sono
Da terra, eterno.

De bôca em bôca,
Lúgubremente,
Passam os réquiens
Pelos que dormem
Sob os ciprestes.

Vaga a saudade
Pelo siêncio
Da noite fria.

Oram mãos postas
Por quem não vive.
Pálida lua,
Gélida lua!

Vê: Também morto,
Sinto o meu sonho!

Ora por êle,
Pede por êle.

Noite sem astros,
Ora por êle.

Inocência

Inocência das cousas. Pura
Suavidade
Da alva que surge. Paz, frescura,
Símplicidade!
Nitidez do orvalho. Profundo
Céu. Ri-se a aurora...
Milagre. Dir-se-ia que o mundo
Nasceu agora!

Marcelo Gama (1878-1915)

Chuva de Estrelas

Li uma vez em páginas antigas
Que se uma estrêla cai do céu clemente,
Concede tudo o que lhe pede a gente.
Como as estrêlas são nossas amigas!

Por isso agora, insone e sem fadigas,
Fito os céus tôda a noite atentamente.
Chovem estrêlas... E eu: - "Astro fulgente,
Que que eterno o nosso amor predigas!

- Faze-me bom! Conserva-lhe a doçura!
- Estrêla, dá-nos paz! serenidade!
- Que a nossa filha seja linda e pura!"

Doiradas ambições! Como dize-las,
Se elas são tantas?! Deus, por pieade,
Manda que caiam tôdas as estrêlas!

Onestaldo de Pennafort (1902 - ?)

Chuva

A chuva entorna na paisagem calma
Uma indolência de abandono e sono
Paisagem triste como a de minha alma...
A chuva é um longo sono de abandono...

Olho atravéz do espelho da vidraça.
Dorme o jardim sob soluços d'água.
Na rua, alguém cantarolando passa,
Cantarolando a minha própria mágoa.

Quem será êsse vulto que se apossa
Da firme dor que em minha vida existe,
Para cantá-la assim num ar de troça,
De uma maneira que me põe mais triste?

E olho através do espelho da vidraça:
Dorme o jadrim sob os soluços d'água.
Na rua adormecida ninguém passa.
A chuva canta a minha própria mágoa.

Araújo Figueredo

Num Sonho

- Lá vai, velas ao vento, o brique Flor das Águas;
Lá vai, garbosamente, em procura do Norte.
E alegre chegara? Quem sabe lá das magoas
Da sua gente? E quem já lhe notou a sorte?

"Mágoas! Quem nunca as teve? Eu, pelo menos, trago-as
Desde o dia fatal em que, olhando a morte,
O meu noivo vagara aflito, envolvido nas fráguas,
Dos bruscos vagalhões em terrivel coorte:

Assim falava Rosa às queridas amigas...
E dentre o lindo rol de meigas raparigas,
Rita pôs-se a cismar na vida do Lourenço.

Vira-o no mar profundo e revôlto de um sonho,
Nas angústias fatais de um naufrágio medonho,
A gritar e a acenar convulsamente um lenço.

domingo, 5 de abril de 2009

Soneto

Tens um mundo fervendo no seu peito
tem um mar tão pujante de desejos
com fulgor tão profundo, tens por leito...
Mil vulcões flamejantes de sobejo.

Tens do Muito e do Tanto seu defeito,
qualidade p'ra poucos e seu arquejo
é de fogo um vapor, fulgor perfeito...
Tão latente e tão preso no seu pejo...

Há qu'eu queime no fogo por um beijo!
Num momento que as marés evaporem
e que as veias de meus lábios... Que se estourem!

Nós dois juntos, tão juntos desse jeito...
Nesse inferno de amor, calor tão forte
cá abraçado e queimando até minha morte!

Soneto de uma fase beeem antiga, masbom, a idéia tava latente todo esse tempo, só fui botar no papel faz pouco... A relação pessoalse foi a muitos anos...

No Colégio Henrique Stodieck

No Colégio Henrique Stodieck

Nessa escola passaram pessoas,
com suas vidas passaram, com seus rumos
se cruzaram, findando n'um fumo
que em memória de poucos inda entoa...

E uns ipês continuam n'um sono sumo
com as flores voando e vão-se a toa
nessas salas, no quadro e o giz ressoa
a matéria e a cartilha e o estudo a prumo...

Em rotina que passa as gerações...
Imortais nos históricos guardados
vão milhares de almas com suas vidas...

E as histórias das vidas!? Emoções
de momentos perpétuos e apagados,
juventudes passadas e esquecidas!

Quando eu fui fazer inscrição pro pré-vestibular no colégio.. Lá vi uma foto com uma turma acho... das primeiras ou a primeira... Eu já estudei lá...

sexta-feira, 27 de março de 2009

Juventude



Juventude

São linhas de lumes voando ao ar,
cintilam figuras pequenas, são
filhotes d'aranhas nas teias e não
carregam pesar que as faz afundar.

São leves fantasmas por balançar,
n'um mundo recente em tal amplidão,
finito infinito ao alcance da mão,
presente presente em frente a brilhar.

Com oito visões de um mundo tão vasto,
bem sabem no fundo o peso nefasto
do Tempo tão curto aos abocanhar.

Com todo o universo e seus sabores,
luzindo nos olhos tal refletores
e Vida tão curta p'ra saciar.

Outro também meio confuso...

Soneto

Soneto

Esse mar que carrega no repuxo,
para si com a fome de um gigante
o que cai no seu alcance, no refluxo
para um mundo de ares tão distantes...

Pois é um rei, com tesouros tão brilhantes
que os esconde privando-se do Luxo,
p'ra brilhar no esquecido, nas arfantes
das lendárias memórias e discursos...

É nas lendas de náufragos seu ninho
no pesar dos naufrágios, os navios
com tesouros que o sol invejaria.

Se nutrindo dos sonhos, vai sozinho
conservando quem roubou e quem partiu,
pois co'a perda a paixão se extasia.

Soneto que acho eu acabou meu pitoresco...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Trovas




Sei qu'ela vive viajando
no olhar distante e nevoento,
mas é que em seus olhos verdes
tem um planeta lá dentro.
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Um soneto tem espaço,
que na trova não tem não,
p'ra conter uma mensagem
sem conter inspiração.
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No gás carbônico dança
a morte, é seu perfume,
perfume do fim, resíduo
que tudo que morre assume.
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E Muy verde são meus pés,
uns mofados e acredite,
já mataram pelo chulé,
traz de volta a sinusite.
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Um sapato, me disseram,
que te acertou, não confunda,
o que levaste meu amigo,
foi-lhe um belo pé na bunda!

A base da trova é ter um achado, ou seja, uma sacada! E a idéia se resume em apenas um quarteto, essa é a trova "moderna", ela é um quarteto de heptassilibados, pode ser tanto um epigrama, quanto apenas uma composição bonita, ou um profundo epitáfio, o esquema de rimas é geralmente abab ou abcb, é algo que me agrada, para ler e decorar e quando a ocasião for válida, citá-las... ou não, por ser demais pernóstico. Mais umas trovas que encontrei por ae... Do livro, já citado aqui, "Humor e Humorismo poesia e versos e: Paródias de poemas famosos" Antologia de Idel Becker 1961 e do segundo volume (pois os demais estão lá na outra casa e me custa ir lá pegar) "Conheça seu Idioma" do Prof. Osmar Barbosa 1967.

Sino, coração da aldeia*,
coração, sino da gente,
um a sentir quando bate
outro a bater quando sente.
(correia de oliveria)

Questão, essa é a versão que o povo preferiu, a original é "sino, coração da igreja,".

Nobreza de nome e casa,
vaidade inútil, à-toa...
O tacho também tem asa:
quem disse que tacho voa?
(P.e Celso de Carvalho)

Vá que se louve a formiga,
e à cigarra se condene...
Mas, quem teceu a intriga
foi cigarra - La Fontaine!
(P.e Celso de Carvalho)
A uma Víbora

Maldosa como ninguém,
finge que reza, na igreja.
porém não reza: pragueja
acrescentando um "amém"...
(Vitor Caruso)

As almas de muita gente
são como um rio profundo:
- Tem a face cristalina
e quanto lodo no fundo!...
(Belmiro Braga)

Na correnteza da vida
és madeira que flutua.
São os outros que te levam
e pensas que a força é tua.
(Hector da Costa Freitas)

A morte é bela enfermeira,
vem sem a gente chamar
e cura sempre as feridas
que ninguém souber curar.
(Djalma Andrade)

A vida é morrer constante;
começou mal se nasceu,
representa cada instante
um tanto que se morreu.
(Afonso Celso)

Tanto limão, tanta lima,
tanta silva, tanta amora,
tanta menina bonita...
Meu pai sem ter uma nora!

Toma lá que te dou eu
a minha grande fortuna:
uma mão cheia de nada,
outra de coisa nenhuma.

Se aonde se morre um homem,
pôr uma cruz é preceito,
tu deves trazer, Maria,
um cemitério no peito.

Coitado do mal-me-quer,
que não faz mal a ninguém,
e todos a desfolhá-lo,
a ver se lhes querem bem!

Você diz que sabe muito,
há outros que sambe mais;
há outros que tiram pomba
do laço que você faz.

As rosas é que são belas,
são os espinhos que picam;
mas são as rosas que caem...
são os espinhos que ficam...

Eu não quero tomar mate,
quando os ricos 'stão tomando:
quando chega para os pobres
os pauzinhos 'stão nadando.

Tenho tosse no cabelo,
dor de dentes no cachaço,
sinto canseira nas unhas,
não vejo nada de um braço.

Quero cantar, ser alegre
que a tristeza não faz bem;
inda não vi a tristeza
dar de comer a ninguém.
(essas últimas, de origem popular)

segunda-feira, 23 de março de 2009

Triolés




Momento melancólico, tarde deprê resultando de uma sexta feira fracassada, ouvido estourado e escutando cocteau twins no pc que desliga toda vez que tento jogar algum jogo, preciso mandar para o técnico ou alguém que facha curso disso no cefet... Talvez...

Tenho de baixar algumas scans mas perdi o link, meu aniversário é dia 6 de abril e eu tenho ascendência em touro... É eu sou meio lesado... Acho que não é uma boa combinação, impulsivo e retraído, ponderado e inconseqüente, tímido e extrovertido... É querer agarrar alguém e encher de beijos e simplesmente sentar ao lado dessa pessoa. É, até que é legal...

E por falta de tempo e de fotos estou repetindo algumas hehehe, pois bem me matem, aliás, obrigado pelos memes mas no momento acho que não tenho contato com blogs o suficiente, e estou procurando alguns que eu já lia, mas isso vai demorar um tempinho...
Dae eu repasso os atrasados.
Mas de qualquer forma, agradeço a consideração.

Talvez os triolés estejam bons a questão é que, nesse estado de espírito, as coisas saem um pouco translúcidas e vagas, não tem muito gosto. Não tão forte e nem muito colorido...

A vida...

A vida da volta e apenas,
girando vai se perder...
Assim repetem centenas,
a vida da volta e apenas
as cores mudam na cena
sem nunca enfim perceber..
A vida da volta e apenas
girando vai se perder...

Escola

Nessa escola passei dois anos,
raro me foi gostar disso
raro momento inumano,
Nessa escola passei dois anos,
e o governo a traz dos panos
privatizou tudo isso,
nessa escola passei dois anos,
raro me foi gostar disso.

Triolé

Foram momentos lindos, tão belos
fora um passado findo em esmero,
fora carmim fervendo de anelo
foram momentos findos tão belos
que não, não quero um fim de flagelos
rancor em raiva fútil, não quero!
Foram momentos findos tão belos
fora um passado findo em esmero.

Otimismo

Amanhã vai ser melhor,
como todo e tantos dias
me será sempre o que for
Amanhã vai ser melhor,
ou talvez será pior
em promessas, na utopia
que amanhã será melhor
como todo e tantos dias!

sexta-feira, 13 de março de 2009

Móbile


Resolvi fazer isso, para mim, cada palavra tem um som, uma cor e uma vastidão de significados, no meu caso, pondo pelo menos metade do que eu consigo passar evitando descrever sensações, essas palavras em si levam á um monte de outras em uma teia, em um móbile extremamente complexo e pessoal como o mundo de qualquer pessoa nesse mundo que tenha um pouco de sensibilidade. Acho ainda elas ralas, dependendo do momento elas poderiam aumentar ainda muito mais, acredito eu...
Escolhi palavras a revalia de uma maneira inconscientemente normal.

Cada palavra em um poema tem de ter um significado maior do que simplesmente uma rima, talvez isso seja o que deixa os meus poemas meio repetitivos acho, que eu bato muito em algumas palavras mas elas são de grande importância para mim, na minha vida em si elas representam muita coisa, assim como os meus temas. Sendo que cada uma dessas palavras tem de ter um som com um tom correspondente ao resto do poema, é como aquelas danças contemporâneas acho, você tem de conhecer muito bem sobre para entender, talvez seja por isso que eu não vejo graça nenhuma nesses troços... Para quem não gosta de poesia, tanto verso livre como clássico, sem os preconceitos xucros, possivelmente não deve ter sensibilidade para o peso das palavras, apesar de que bem possivelmente irão ter sensibilidade para muitos outras coisas...

Acho que o que vale a pena é descobrir cada um do que é feito a sua alma, ou de como moldaste ela. Eu moldei a minha para as palavras, para o meu bem ou para o meu mal, para o som das palavras e as suas infinidade de imagens. Afinal, uma palavra vale mil imagens! Jamais uma imagem vale mil palavras, pois uma imagem passa mil sensações, mas uma palavra passa mil imagens que passam mil sensações.

Esqueleto – Morte, delicado, apatia, seco, gosto de carne seca, umidade, linhas, insetos, azul, branco, surdes, barulho de vidros se tocando, transparente, opacidão, céu noturno sem lua, estrelas, infinito, quintal, imensidão, desejo, viajar, mar...

sofá – Conforto, poeira, pó, casa, família, móveis, madeira, livros de receitas, sono, tarde da noite, mundo de beekman, chocolate quente, cobertores, insetos, algodão, fim de tarde, quadros, descanso.

Folha – Verde, Peter Pan, Esqueleto, fadas, sininho, umidade, sonho, são Paulo, janela, arvore, mundos, macro, pré escola, terra, raio de sol, raio de sol(escola), infância, formigas, papel, evolução, parques, sombra e luz, farrapos, tecidos brancos, lua, vento, distancia, jurassic park, chuva, cupins, livros, boneco de madeira com algodão que fiz um dia na pré escola.

Carteira – Mal Estar, prisão, lápis, aula, quadrado, burocracia, escola, medo, tédio, melancolia, cinza, fuga, relógio, obrigação, grades, cimento, adultos O.o', infelicidade, rotina e panelas.

Contenho – Mão, abraço, apego, poder, ursos, coisas, areia, vida, pessoas, redes, soberania, preservação, medo, insegurança, adolescentes, falta de ar.

Passará - Estrada de terra, horizonte, pássaros, meu pai dirigindo algum carro na infância, um cocar que tinha na primeira casa que morei aqui na ilha, as coisas que meu pai guarda(pedras, apitos e coisas do tipo), um boneco que fumava e tinha sacolas, chinelas, imagem de casas ao longe, pessoas distantes, desapego, liberdade, letra acho que do Zé ramalho, poeira levantando com o passar de um carro, revistas da national geographic, asfalto com a faixa amarela, casas na beira de estradas, pasto, vacas, mata, pedras, areia e mar, rostos amigos, namoro, meu rosto, velhos, família, tudo...

tatuagens – pele, pessoas, sociedade, desejo, rebeldia, necessidade de se unir a grupos, imaturidade, maturidade, independência, apego, metais, agulhas, sangue, esparadrapos, moda, cor, perícia, precisão, técnica, luvas, azul de limpeza, poluição, afrescos, arte, superação, cortes, traumas, lembranças, memórias, sentimento, fé, ideologia, desespero, loucura, paixão.

Desenhar – alma, paz, limpeza, calma, suor, expiração, inspiração, paixão, fé, desejo, sonho, loucura, pioneirismo, projeto, alquimistas, mapas, futuro, luz de vela, carvão, cores amarronzadas, vinho, química, prazer, satisfação, desapego, liberdade.

Rádio – som, ondas, planetas, desenhos, máquinas, aviões, casas, torres, vidas, janelas acesas em uma maquete, cama, sono, solidão, espaço, júpiter, saturno, campos eletromagnéticos, eletrostática, frio, gelo, estrelas, solidão, vento, rasgo, corte, facas.

Amantes Solitários

Amantes Solitários

No olhar dos amantes solitários,
platônico amor, tão miserável,
um brilho queimando indecifrável
tal vela de luto mortuário.

Um sonho de amor tão legendário,
no Gelo a esperança impenetrável,
platônico amor, tão miserável,
no olhar dos amantes solitários,

Nas nuvens, além dos legionários
humanos, langores de insondável
Anelo... Tão além do imaginário
Segredo... poético e inefável
o Olhar, dos amantes solitários...

Sobre uma estrofe que li em Francês, em um livro do Gonçalves Dias, não que realmente eu entenda francês....

quarta-feira, 11 de março de 2009

Sobre o novo banner ou sei lá o que, qual a opinião...
Como se alguém fosse comentar¬¬
entre o antigo, esse novo ou este...

domingo, 8 de março de 2009

Volta e Mote Glosado

Volta e Mote Glosado

Encontrei esse mote em um arquivo texto perdido no computador, talvez eu o tenha feito, ou pego de algum lugar, ou fora do meu irmão... Ou ele tenha pegado de algum lugar também.

Mote

"faço da História minha arte
minha arma, minha profissão"

Volta

Vejo o mundo com paixão,
pelo o tempo, meu estandarte,
vem da História, minha arte,
da memória a profissão.

Minha arma bem faz parte,
dos ourives da razão,
Do canhenhos vem a arte
dos cadernos: Minhas mãos.

Das histórias meus escudos
são remotos dos estudos,
dos registros?! Baluarte!
Faço da História minha arte.

Bem me oponho as vãs verdades
de ocasiões, o meu pulmão
tem o ar da realidade,
minh'arma, mi' profissão.

Outra Volta

Vem da História minha fé
pro futuro que me guia,
estufo o peito vou a pé,
com o Mundo em minha mão,
dessa guerra faço parte,
pois a História é poesia,
faço da História minh'arte
minh'arma, mi' profissão.

...

Estudo sobre os Rondós de Silva Alvarenga

Espero que isso ajude um pouco...

Vendo agora, eu falei mais sobre o rondó de Silva Alvarenga, vou estudar mais as “outras formas dessa forma”, e postarei posteriormente.

O rondó, forma poética medieval francesa, tem sua notabilidade com Guillaume de Machaut, Eustache Dechamps, Charles d'Orleans, devendo, originalmente, ser destinado ao canto e consistindo de três estrofes, com um total de doze e quatorze versos e o esquema das rimas recorrentes. Variando o números de versos e o esquema das rimas, o verdadeiro apoio fonético que em breve o caracterizaria passou a ser a repetição do primeiro verso ao fim da segunda estrofe e ao fim da terceira estrofe, isto é, do rondó. Variação subseqüente, que se pode chamar rondel, consistiu em repetir, em numero maior de versos, o primeiro verso pela altura do oitavo ou de um dos seguintes versos e no fim do poema.
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Os rondós de Silva Alvarenga representam um fim de evolução da forma, com estrutura sensivelmente diferente. Consistem, quase todos, em quatro grupos de três quadras, sendo repetida a primeira quadra, em forma de estribílho, no início de cada grupo assim como no fim do poema – o que totaliza, por conseguinte, quinze quadras ou 52 versos. Discrepam dessa estrutura estrófica o rondó XLIII, que consiste de sete grupos de três quadras, terminando cada grupo pela mesma quadra, em forma de estribilho; o rondó XLIV, com uma quadra inicial, seguida de um estribilho em forma de dístico, ao fim, num total de doze quadras, com o dístico repetido sete vezes; e os rondós XLV, XLVI e XLVII, que consistem de duas quadras, seguidas de dístico, mais duas quadras, seguidas do dístico.
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O verso, na grande maioria dos rondós, é heptassilibado, redondilho maior, salvo os do rondó XVLIII, que são pentassilibados, redondilhos menores, e os do rondó XLIV, hexassilibados.
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(quero saber que tipo de antologia é essa que não pôe os poemas que ela cita!)
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Esquema rimático,

Sobre o feno recostado(a)
Descansado(a') afino a lira(b)
Que respira(b') com ternura(c)
Na doçura((c') do prazer(d)
Amo a simples Natureza:(e)
Busquem outros a vaidade(f)
Nos tumultos da cidade(f)
na riqueza(e') e no poder(d)

Acredito eu que fica de melhor só a rima principal no rondó(e), venha a ser aguda, e as demais em sua maioria graves, isso dá mais relevância e destaque ao efeito do rondó, ou talvez o contrário, sendo ela grave e as demais agudas, mas ele teria de ser mais curto.


O Amor
Rondó XLIII

Meu peito se inflama,
Ó ninfa, socorro,
Piedade, que eu morro
Na chama de amor.

Se os dias serenas
Com doces vitórias,
Serão sempre glórias
As penas de Amor.

Enxuga meu prato,
que fráguas acende:
O Céu já se ofende
De tanto rigor.

Triunfe a ternura
Nas cordas da lira,
Que branda me inspira
Doçura de Amor.

Dá fim aos desgostos
Que nutre o receio,
E anima em teu seio
Os gostos de Amor.

Enxuga meu prato,
que fráguas acende:
O Céu já se ofende
De tanto rigor.

Por ver, que te agrava
Meu terno gemido,
O tinha escondido
Na aljava do amor.

Mas entres pesares
Suspira, e te roga
Confôrto, e se afoga
Nos mares de Amor.

Enxuga meu prato,
que fráguas acende:
O Céu já se ofende
De tanto rigor.

Cantou passarinho,
Com voz lisonjeira,
Que viu na mangueira
O ninho de Amor.

Alegra os rochedos,
E aprende desta ave
No canto suave,
Segredos de Amor.

Enxuga meu prato,
que fráguas acende:
O Céu já se ofende
De tanto rigor.

O monte me escuta
Respondem as brenhas,
Que busque nas penas
As grutas de Amor.

As mágoas contemplo
E a dor, que me cansa:
Envio a Esperança
Ao templo de Amor.

Enxuga meu prato,
que fráguas acende:
O Céu já se ofende
De tanto rigor.

Vem ver nestes vales
Os mimos de Flora,
E o trsite, que chora
Os males de Amor.

Respire a minha alma,
Que geme, que espera:
A ganhe em Citera
A palma de Amor.

Enxuga meu prato,
que fráguas acende:
O Céu já se ofende
De tanto rigor.

Se amante anuncias
Prazeres ditosos;
Serão preciosos
Os dias de Amor.

Ah deixa os rigores,
Dar-te-ei, Glaura bela,
Em nova capela
Mil flôres de Amor.

Enxuga meu prato,
que fráguas acende:
O Céu já se ofende
De tanto rigor.

Sei que pelo fato de Silva Alvarenga seja parnasiano que eu falar sobre ele ou estudar a poesia dele é um tanto inadequado, como a maioria das pessoas veem. Mas a forma de seu rondó me agrada e é a que eu uso, que possivelmente farei algumas modificações ao meu ver, de melhor maneira, tornando-a mais elástica. Mas em suma isso fora sobre a forma do rondó do Sr. Alvarenga, isso não significa que você vá ficar escrevendo sobre a Glaura em uma inspiração psicótica sobre uma vida que não é sua. O rondó não tem limitação de tema, pois ele pode ser até mesmo um epitáfio(se caber na lápide...), logo o Epitáfio tem limitação pois ele é classificado de acordo com o tema e ocasião.


Fonte pega (90% copiada) do livro
Nossos Clássicos
-----Nº 24-------
Silva Alvarenga
------Poesia-----
--------por-------
Antônio Houaiss
----2ª Edição---
----1968---
**
*

sexta-feira, 6 de março de 2009

Metro Part.1

Minha intenção não é um trabalho acadêmico nem realmente demonstrar alguma habilidade pessoal, apenas esclarecer algumas dúvidas e expor algumas opiniões. Esta é a parte 1, coisas mais complexas ao meu ver eu vou colocar na segunda parte, no porvir de tempos mais distantes, onde talvez, alguns tenham aprendido ou entendido algo disso tudo. Espero ajudar em algo com isso... Não sou um bom professor.

Em suma, isso não é algo realmente sério, apesar de ter um embasamento didático.

Fontes, livro:

  1. Nossa Gramática, Teoria e Prática de Luiz Antonio Sacconi.
  2. Fotocópias que tirei a muito tempo e não me lembro o nome do livro.
  3. Minha mãe.
  4. Experiências Pessoais, Sistema Nervoso de Geleiras.

O Verso Clássico

A base de tudo, na criação do universo, para que as cadeias de eventos existam, originou-se o tempo.
No dicionário: sm 1. A sucessão de anos, dias, horas, etc., que envolve a noção do presente, passado e futuro. 2.Momento ou ocasião apropriada para que uma coisa se realize. 3. Época, estação. 4. As condições meteriológicas. 5. Gram. Flexão indicativa do momento a que se refere a ação ou estado verbal. 5. Mús. Cada uma das partes, em andamentos diferentes, em que se dividem certas peças musicais, como, p.Ex. A sonata.

Pois bem usaremos o tempo na poesia, em todas as formas ali. Porém, um dos elementos que vai ser realmente o tempo da poesia é o metro e o ritmo. O metro(ou “pés”) é o numero de silabas no verso, para que aja assim o ritmo que posteriormente vamos estudar. Eu não vou me ater a nomes bonitinhos pois para mim isso só vai ser útil mais tarde. Antes você deve saber fazer para depois meter banca.

Métro, ou Pés

Começaremos com o mais simples, ao contrário das silabas que aprendemos na escola, ou não, no meu caso. Elas são contadas /as/sim/ al/go/ e/nor/me/men/te/ o/pos/to/ ao que seria o metro poético, /as/sim/ al/go e/nor/me/men/te o/pos/to ao/ ou/tro.

A contagem das silabas métricas se faz auditivamente e obedece certos princípios.

Quando houver vogal no fim de uma palavra e outra no início da palavra seguinte, formando ditongo(sorvete amargo = sovertiamargo; campo alcacifado = campualcacifado; ou crase: minha alma = minhalma; santo orvalho = santorvalho), conta-se apenas uma silaba.

No verso se faz até a silaba tônica da última palavra, digamos: hi/po//tamo (no caso um esdrúxulo); sau/da/de (grave); es/ta/ções que é então, o agudo. A variação dessas rimas no poema, quando não forçadas, pode dar uma sonoridade um pouco mais rica, mas repito, quando não forçada. Esperimente e veja que tipo de impacto que elas dão.

Em casos de ditongos, em geral formam apenas uma sílaba metrica: Pá/tria/; quei/xu/me/; a/cor/dou.

No caso dos hiatos, se forma o contrário, pois a tônica se encontra depois, logo se sente uma quebra por assim dizer: sa/bi/á, hi/a/to, ru/í/do.

Vamos encandear essa trova:

Es/tu/dan/te/, dei/xe os/ li/vros,
e/ vol/te/-se/ pa/ra/ mim/;
mais/ va/le um/ di/a/ de a/mo/res
que/ dez/ a/nos/ de/ la/tim.

(popular)

Note que são todos sete sílabas métricas, heis ai um heptassílibado, ou rendondilha maior. No terceiro verso, pelo que se dá a entender, no di/a, se encontra uma diérese: que é a transformação de um ditongo em hiato. Esse processo fonético é algo que vamos estudar a seguir. Antes eu recomendo um pouco mais de treino, escrevendo ou encandeando, que é isso que acabamos de fazer com a trova.

  1. A crase; É a fusão de duas vogais numa só. Ex:(mi-nhal-ma = Minha alma; santo orvalho = san/tor/va/lho).
  2. A conhecida elisão(ou sinafela): É a queda da vogal átona final de uma palavra, por exemplo: Canta um = Cantum; minha infância = minhinfância. Quando o poeta não quer usar isso, geralmente costuma-se usar um “-” entre as palavras (canta-um), isso recebe o nome de diálise.
  3. Ditongação: é a junção de uma vogal átona final com uma seguinte, formando ditongo: soverte amargo = sovertiamargo; campo alcacifado = campualcacifado.
  4. Sinérese: é a transformação de um hiato em ditongo, ex: Crueldade = cruel-da-de, violeta = vio-le-ta.
  5. Diérese: é justamente o oposto, vide a trova.
  6. Ectlipse(!!): é a queda de um fonema nasal, para que haja crase ou ditongação. Como dizia camões: (“ Mas co saber se vence que co braço.”) Outro ex: com os = cos; com a = coa; com as = coas.
  7. Aferese: é a queda de sílabas ou de fonemas iniciais, Ex: inda(em vez de ainda), 'stamos (em vez de estamos).
  8. A Símcope: é a queda de um fonema no meio da palavra. Ex: Espr'ança por esperança ou dev'ria por deveria.
  9. Apócope: é a queda de um fonema no final da palavra, Ex: mármor por mármore ou cárcer por cárcere.
  10. Prótese: é a colocação de um fonema no início de uma palavra: Alevantar por exemplo, no lugar de levantar.
  11. Paragoge; é o acréscimo de um fonema no final de uma palavra, Ex: Mártir por mártire, ou cantare por cantar.
  12. Diástole: é a deslocação de um acento para a silaba seguinte: Artifices por arfices, alacre em vez de álacre.
  13. Sístole: é o inverso da diástole; deslocação do acento para a sílaba antérior, Ex:rio ao invéz de Dario, calria ao invés de calmaria.
  14. Métatese: é a transposição de um fonema na própria palavra, Ex: vairo ao invez de rio, cousa por coisa, rosairo por rorio. Usado em maioria apenas por exigências de rima.

O uso desses recurso pode dar uma graça ao seu trabalho, porém, devemos admitir que o exagero pode levar o poema ao inteligível, ou ao excêntrico... Talvez, seja essa a intenção do autor, logo, bom proveito.

Ritmo

O ritmo é a graça da poesia, é dela que se sai o som, podendo lidar com a velocidade o peso e muitas outras cocitas más que o autor-poeta irá descobrir ao longo das eras...

Não vou me ater a coisas como regras na colocação das tônicas ao longo do verso e coisas do tipo, que fique isso ao seu encargo e curiosidade. O que eu irei fazer é apenas dar o empurrãozinho inicial, como à quem monta numa bicicleta pela primeira vez.

“Tanto limão, tanta lima,
tanta silva, tanta amora,
tanta menina bonta...
Meu pai sem ter uma nora!”(popular)

Tan-to -li-mão, - tan-ta – li-ma,(1ª, 4ª, 7ª)
tan-ta- sil-va, -tan-ta a-mo-ra,(1ª, 3ª, 5ª, 7ª)
tan-ta -me-ni-na- bo-ni-ta...(1ª, 4ª, 7ª)
Meu- pai- sem- ter- u-ma – no-ra.(4ª,7ª)

“Já serena desce a tarde,
Já não arde o sol formoso:
Vem saudoso o brando vento
doce alento respirar.”

(Silva Alvarenga, Rondó XX, A Tarde)

- se-re-na- des-ce a -tar-de,(1ª,3ª,5ª,7ª)
- não- ar-de o -sol- for-mo-so:(1ª,3ª,5ª,7ª)
Vem -sau-do-so o -bran-do -ven-to(1ª,3ª,5ª,7ª)
do-ce a-len-to -res-pi-rar.(1ª,3ª,7ª)

Nota-se, se você der ênfase nas tônicas sentirás a sonoridade, o ritmo. Antigamente a música e a poesia eram uma só, dizem, ou talvez, era como os repentistas de hoje, do sul ao norte do país. Justamente as provas vivas de que a poesia não é algo pessoal para ser lido no livro apenas.

Mas, dizem, fora essa mescla separada pelos romanos, como se pode ver, tudo que é ruim veio dos romanos, como o mercado automobilístico por exemplo.

Pois bêm, são as tônicas da palavra e sua colocação ao longo do verso, e sua repetição aos demais, a mudança de ordem, no decorrer do poema, pode gerar uma quebra, boa ou não, dez que devidamente feito. Podendo mudar a velocidade acelerando, ou não.

Lembre-se que na música um dos elementos que a faz ser ela mesma é a repetição, é o que dá a simetria e a perfeição, mas uma musica muito repetida pode vir a ser monótona. Logo um poema muito extenso sem variação no ritmo e no metro pode gerar algo cansativo. A questão é, estude escrevendo e lendo em voz alta, as diferentes possibilidades e misturas e veja a que mais lhe agrada para determinado poema. E muitas outros elementos você pode usar alem, é o que veremos a seguir.

Rimas

As rimas, ao contrário do que a maioria pensa, não é a parte mais importante da poesia. Ela também se resume a repetição. Essa obrigatoriedade de rimas perfeitas aos olhos, está mais para uma histeria parnasiana do que realmente para uma obrigação. Dês que elas não sejam, digamos, fracas como verbos no infinitivo, ou sempre de uma classe gramatical. Mas isso não significa que você não deva usá-las. Mas use-as com moderação. Nimbos, e lindos tem a mesma sonoridade, nisso, elas podem vir a rimar. A mesma coisa que cisne e tisne, que são rimas raras, mas isso não significa que devas usá-las sempre que possível.

A rimas podem estar nas mais variadas localizações possíveis.

Tudo enfim, cabe a criatividade e ao som.

Mas vamos seguir alguns exemplos.

Toantes, Sonantes e aliteradas.

  1. As toantes apresentam identidades somente nas vogais tônicas: lúcido e dilúcido, árvore e pálido, boca e boa.

“Molha em teu pranto de aurora as minhas mãos pálidas
molho-as. Assim eu as quero levar à boca,
em espírito de humildade, como um cálice
de penitência em que a minha alma se faz boa...” (Manuel Bandeira)

  1. As consoantes são as que rimam de igualdade total a partir da vogal tônica: Menino, tino, albino; casa, asa, brasa; percevejo, desejo e por assim vai.

  1. Aliteradas são as formas que dizem como rudimentar, são as que rimam na primeira consoante. Pode-se encontrar na poesia mais famosa, (Depois do hino nacional e o hino da bandeira.) de nosso pais: A “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias.


“Não permita Deus que eu morra
sem que eu volte para lá;
sem que desfrute os primores
que não encontro por cá;
sem qu'inda aviste as palmeiras
onde canta o sabiá.”

Masculinas e femininas.

  • São as rimas oxítonas as masculinas, e as de palavras paroxítonas são as femininas. Tais denominações, são da poética medieval, dos trovadores galaico-portugueses. As esdrúxulas não tem denominação. A alternância das rimas masculinas e femininas é de rigor na poesia francesa, e como é de se esperar, já fora usada por muitos poetas brasileiros, na belle época, que na época era a classe alta imitar a francesada, hoje todo mundo quer é ser inglês, até mesmo os argentinos.

Pobres, Ricas, Raras e Preciosas

  • As rimas pobres são as rimas provenientes da mesma classe gramatical, ou de palavras comuns. Ex: Pobremente, deprimente. Coração, irmão. Criado, matado. Sonhador, dor. Mar, voltar. E assim por diante.
  • As ricas já são justamente o contrário, com palavras de classes gramaticais diversas, ou as de uso inusitado. Ex: Vibra e libra, fosco e tosco, sonha e fronha, assumes e lumes, dele e aquele.
  • Raras são aquelas de poucas possibilidades de rimas, como tisne e cisne, turco e murco, furco, urco e algumas formas verbais.
  • Preciosas são as rimas artificiais, forjadas com palavras combinadas, tais como múmia com resume-a, pântanos e quebranta-nos, lâmpada e “estampa da”, “lírios e delir e os”. Com criatividade e moderação, é claro.

Localização:

Darei ênfase apenas no momento, às rimas encadeadas e as rimas Iteradas. São as rimas encadeadas as quando a ultima palavra de um verso rima com outra no verso seguinte.

Ex:

“Ouve, ó Glaura, o som da lira,
Que suspira lacrimosa,
Amorosa em noite escura,
Sem ventura, nem prazer.”

Silva Alvarenga

Já as Iteradas são as que se repetem no mesmo verso:

Donzela bela, quem me inspira a lira
um canto santo de fremente amor,
ao bardo o cardo da tremenda senda

estanca arranca-lhe a terrível dor!”

Castro Alves.

Outras Cocitas Mas

Heis aqui alguns exemplos que podem lhe gerar idéias, qualquer elemento usado, se bem usado, tanto figuras de linguagem como qualquer outro meio, pode dar uma graça ao seu poema, como um tempero exótico ou até mesmo como uma cobertura de um bolo.

Calvagamento: Recurso do qual o sentido do verso não finda nesse próprio, como nesses versos de Olavo Bilac: “Pátria, lateja em ti, no teu lenho por onde
Circulo! E sou perfume, e sombra, e sol e orvalho!”

Serve tanto para dar ênfase á uma determinada como também para evitar um certo cansaço em poemas longos, apesar de que sua utilidade pode ter inúmeros fins.

Aliteração: É a repetição de tônicas ou de uma letra.
“Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias de violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas vãs, vulcanizadas” Cruz e Souza.

Nota-se aqui a aliteração com sentido de sugerir o sussurro do vento.


“Sou um mulato nato do litoral” Caetano

Caso das tônicas.