domingo, 12 de maio de 2013

Implosão



Implosão


Escuta-se a turba a clamar dentre meus ouvidos, um zumbido adentro a queimar, que perturba a consciência. É m grito antigo, perene e prenhe de uma angustia eterna, interna, e enferma. Um grito expiatório, um zumbido de pressão, apitando ad eternum. É um estouro aflitivo, sangrando um sumo impulsivo, germinando contido pela matéria. Dentre a miséria do físico ser, um ser limitado, em ser um ser finito pressionado na constrição dos dentes. Numa ânsia explosiva, onde todo um turbilhão se afoga em si, tentando insurgir sobre si! Tentando expandir-se e virar-se pelo avesso! Sangrando pelos ouvidos, olhos, dedos, suor.. Queimando e dissolvido, ressurgindo, regurgitando a devorar-se. Num coro grave e gutural. Tantas almas, tantas vozes algozes que retorcem e gritam tantos nomes, tanta informação vinda de multidões internas e sufocadas. Presas em um corpo, a gritar desesperadas pressionadas pela rotina. Gritando um ruido de nomes e súplicas enquanto este corpo toma um café, só para aguentar o trabalho.

Contraponto



Contraponto

A cidade cheira à liberdade,
onde nomes podem todos agora
serem outros, serem novos por hora
serem velhos, serem d'outras verdades.

Nestas faces, rosto que se ignora,
onde tudo verte mil realidades,
dentro está a rotina estranha beldade
que se esquece, que se mata e não chora.

A cidade cresce e expande por dentro,
se devora, como quem se digladia,
um cardume insano e são e autotrófago.

A cidade brilha todo momento,
e sibilam cantos que de alforria
cá se emerge mundos autotróficos!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Poema Azul


 Starry window by ~Nuteczka

Poema Azul


Eu vi na cortina do meu quarto.
O azul cristalino de um futuro
em tons pastéis e em remendos.

Eu tinha certeza de meu fardo,
em nuvens e em tempos que procuro
pelos jornais remoendo.

Lá nas gravuras costuradas
com ranhuras de tempos presentes
com misturas de traumas e anelos.

Lá nas memórias afogadas
nas fissuras, rotinas frequentes
as que encardem nos pesadelos.

Mesmo lá,
mesmo no fundo mais escuro.
Eu vi gravuras bordadas,
e o azul, tom pastel de um futuro,
com gosto de um anis perturbado,
e de memórias em conserva.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Paisagem



Urban Fairy
by ~El-Rafo

Paisagem


A cidade jorra augúrios de aço,
em cantos sujos, em cantos d'anjos,
erguendo asas sobre o mormaço
ascendendo berros sobre prédios
acendendo lumes entre abraços,
no termor do tempo, do desafeto
no desespero...

Marcel Angelo