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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Frase “Não foi o leitor que abandonou a poesia. Foi o poeta que abandonou o leitor”


Por que não se lê poesia?

Não é à toa que foi na melhor MPB que os jovens continuaram procurando versos que não encontram na chamada poesia contemporânea.

por Fabrício Carpinejar

Já pensou em escrever um romance?” A pergunta, em tom levemente depreciativo, é despejada sobre a cabeça do poeta a cada novo livro. A resposta negativa gera no in....terlocutor do poeta uma tosse ou um constrangido balançar de rosto – ainda mais porque aquele que perguntou provavelmente nem leu a obra em questão. O engasgo soa algo como encontrar uma amiga, olhar para seu ventre, cumprimentar pelo bebê que irá nascer e receber de troco a afirmação seca, cruel: não, eu não estou grávida.
Há o julgamento informal de que poesia é perda de tempo. Tendo lançado até agora dois livros, não cheguei ao ponto de receber os pêsames, mas não falta muito para isso. Até porque o poeta é identificado como um defunto comercial e nunca será de bom tom dar as condolências ao próprio falecido. Mas, afinal, por que todo esse preconceito quando o assunto é poesia?
A resposta mais fácil estaria na baixíssima taxa de compra de livros no Brasil. O índice é de 0,8 livro não-didático por habitante/ano. Como ninguém leva um livro pela metade, não se chega a adquirir um volume inteiro, ficando longe de países como os Estados Unidos (sete livros por habitante/ano). Sobrariam para os versos as migalhas. O Prêmio Jabuti de Literatura, o mais importante do país, concedido pela Câmara Brasileira do Livro, seria outra prova desse desinteresse. Nesse ano, apenas 63 livros foram inscritos na categoria poesia, 40 a menos dos 103 inscritos no ano passado. Nas livrarias, a seção de poesia dorme em algum canto obscuro, longe do alcance da visão dos leitores.
Todos esses dados seriam suficientes para indicar que o brasileiro não gosta de poesia. Será? O curioso é que boa parte das pessoas costuma iniciar-se na literatura por meio da poesia, seja em cartas, seja em cantadas extra-literárias para conquistar alguém. Mas o adolescente que se empenha em comover seu par é o mesmo que acha difícil a interpretação poética. Esse é o paradoxo: os poemas são considerados fáceis de fazer e complicados de ler. Como isso? Para muitos jovens, ainda vigora uma idéia romântica de criação. Poesia é pura inspiração, acessório para colocar em cabeçalhos de agenda. Faz parte do kit básico de sedução, ao lado das flores e do ursinho de pelúcia dado para a namorada.
Esse adolescente é o mesmo que tem horror à obrigatoriedade de ler os chamados poetas clássicos nas aulas de literatura – tudo para conseguir passar no vestibular. Aprende datas, o nome dos movimentos, mas não se inspira na leitura dos autores. O conjunto é resumido nos esquemas das escolas literárias e o texto em si termina relegado a um papel secundário. Toda trajetória de um escritor é abreviada a uma fria questão de vestibular. Sobretudo, o sujeito aprende que todos os bons poetas fazem parte do passado, culminando com a geração modernista de 1922 e uns poucos da primeira metade do século XX. Você já percebeu que não há praticamente nenhum poeta consagrado desde então, conhecido e lido como Drummond ou João Cabral?
Por que poesia virou mercadoria que todo mundo tem para vender mas ninguém quer comprar? Como foi que os leitores perderam o interesse pela poesia? Desconfio que a resposta esteja no fato de que os próprios poetas tenham perdido o interesse pelos leitores. A poesia como um exercício de linguagem, fria, escrita para agradar os professores de semiótica, torna-a cada vez mais distante do interesse dos leitores. Enquanto a poesia narrava uma história, era capaz de ser atraente, compreensível e proporcionar entretenimento, os poetas eram populares. E isso não era sinônimo de sentimentalismo barato, como o ato de despejar emoções no papel sem uma preocupação com a estrutura. O poeta era o equivalente a um músico, que tocava palavras como cordas de um violão.
Não é à toa que foi na melhor MPB que os jovens continuaram procurando versos que não encontram na chamada poesia contemporânea. Fora daí, ela passou a ser encarada de duas formas: a sentimentalista, à base de trocadilhos fracos, ou a acadêmica, difícil, culta, que atende a interesses universitários e não chega aos ouvidos da gente. Para sair desse impasse, talvez seja a hora de os poetas voltarem a contar histórias. É preciso fugir da armadilha que impõe que a boa poesia seja um exercício de linguagem e que qualquer poeta disposto a narrar a vida das pessoas seja etiquetado como menor. Não foi o público de poesia que desapareceu, como querem alguns teóricos da literatura. O que desapareceu foi a poesia em contato com a vida das pessoas. Talvez ela esteja adormecida, esperando que alguém traga de volta o simples prazer de ler um poema.

Fabrício Carpinejar é jornalista e poeta, autor de Terceira Sede e Um Terno de Pássaros ao Sul, ambos pela editora Escrituras.

Os artigos publicados nesta seção não traduzem necessariamente a opinião da Super.

Frase

“Não foi o leitor que abandonou a poesia. Foi o poeta que abandonou o leitor”

Sobre poesia




Isso foi para um grupo de poesia no facebook. Palavreado e umas discussões que tavam tendo lá. Mas enfim isso expõe um pouco a minha visão sobre as discussões sobre o que se tem escrito ultimamente. Temos muita coisa boa mas temos enxurrada de coisas ruins, e uma idéia de poesia que na minha opinião é mais desconhecimento do que é poesia do que qualquer outra coisa.



Vamos lá, como ta todo mundo dando pitaco eu vou também dar o meu.

1 - Tudo bem escrever poesia e ela não ser boa. Tem de mostrar mesmo, se não tem pessoas que vão ler então na minha opinião não vale a pena escrever. Poesia é comunicação. Ninguém nasce escrevendo que nem um Cruz e Sousa ou um Leminski. Temos o direito de escrever poesias ruins se nos comprometermos em melhorar, aprender.
2 - Pra escrever poesia tem também de ler poesia, e não existe uma estética ruim ou estilo ruim, o que existe são poemas e poesias sem algo mais, sem originalidade. Podes ser o campeão dos trocadilhos ou das rimas mas isso não te faz um poeta.
3 - Todo poema tem o dever e o prazer de ser criticado. Não é algo sublime e subjetivo que o torna intocável, bem pelo contrário, e as criticas tem o dever de serem construtivas, apresentar os lados bons e os aspectos ruins.
4 - Qualquer coisa não é arte, se fosse assim então anularíamos os estudo, a prática e a inspiração.
5 - Eu não vejo diferença de valor entre um poema concreto e um poema de cordel, cada qual é bom em sua maneira.
6 - Apenas causar asco ou choque qualquer um faz, mas comunicar apenas isso além de batido é um tanto quanto de mal gosto. Se não feito de forma adequada parece apenas uma pessoa preguiçosa querendo seguir um caminho fácil. Tanto o grotesco quanto o agradável possuem valor, e o que vai definir é como se trabalhar com eles.
7 - Grande parte das poesias aqui parecem gente chutando cachorro morto. Tentam ser marginais mas não são muito diferentes de um "punk" que vive no bob's. Não quebram nada, não questionam nada e não falam nada além do óbvio.
8 - Antes de escrever temos de ler poesia, outras autores, conhecer sobre. Da marginal até a parnasiana, sem juízo de valor, quanto mais diversidade melhor.
9 - Antes de definirem o que é poesia, para não cair num senso comum que não é nada mais do que encher linguiça, vale a pena ler o que já fora escrito sobre poesia. O que é poesia, de Fernando Paixão é um bom começo, mas vale a pena considerar também a poesia popular, repentistas, cordel, etc.
10 - Falar e falar e não dizer nada, se colocar ou ficar escrevendo sobre escrever poesia éo que mais tem. Tá saturado, tem gente que escreve só sobre isso, poemas assim tão que nem zumbi no facebook, no gargalo.

Tem uma carta do Alexei Bueno que apesar de meio exagerada é uma critica muito interessante, e do carpinejar também. Um segundo.

http://super.abril.com.br/cultura/nao-se-le-poesia-442564.shtml <- br="" l="" n="" o="" poesia="" por="" que="" se="">
http://observatoriodacritica.com.br/polemicas/1998-polemica-do-poeta-alexei-bueno/carta-aberta-aos-poetas-brasileiros-do-poeta-alexei-bueno-no-listas-de-poesia-versao-expandida/ Carta aberta aos poetas brasileiros do Alexei Bueno

domingo, 29 de setembro de 2013

Prólogo

 
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Prólogo

Quando eu era um moleque, tinha um futuro cinzelado  e brilhava como as janelas do meu prédio.
Num azul fosfóreo e marinho.  E entre o gelo do sul e as cordas do barco, colecionava amores em minhas cicatrizes
e morreria ébrio no frio de uma navalha.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Uma idéia...




Toda palavra tem poder. Toda discurso em certo aspecto afirma e molda uma realidade. O humorista, o jornalista, o bardo, o romancista são, deste modo, os mais poderosos demiurgos.
Se fala isso dês do que conhecemos por ser humano. Este ato, de comunicar-se está imbricado em nossa realidade de modo que se versa enquanto cria. Em suma, estamos o tempo todo afirmando e negando realidades e afirmando nossas concepções.
Se a realidade é formulada pelo modo que significamos e coordenamos ela frente à outras concepções de realidade. Pode-se afirmar, que um tarologo copetente junto com o consulente, não são oraculares mas sim um "mecanismo manejador de universos".

sábado, 24 de dezembro de 2011

Deleite



Dorme dentro de mim um mundo esquecido, onde o murmúrio das pessoas sibilam felizes e os domingos fazem sol. Leve-me pra brincar lá fora, ele diz. A mangueira no quintal e a alegria das crianças, um dente de leite ainda por cair. "Leve-me pra brincar lá fora!" É férias e o sol brilha pálido e distante. E o café queima um incenso de tarde livre. Sem escolas a rotina saiu de férias e o deleite da brecha de sol que entra em seu quarto me faz bem...
Mas dentro de mim dorme um mundo esquecido, queimando em meu peito e pedindo pra sair porque hoje faz sol, porque a grama é molhada e verde e porque hoje é quarta feira...

sábado, 3 de dezembro de 2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Declaração solene dos povos indígenas do mundo

Link da imagem


Nós, povos indígenas do mundo,
unidos numa grande assembléia de homens sábios,
declaramos a todas as nações:
quando a terra-mãe era nosso alimento
quando a noite escura formava nosso teto,
quando o céu e a lua eram nossos pais,
quando todos éramos irmãos e irmãs,
quando nossos caciques e anciãos eram grandes líderes,
quando a justiça dirigia a lei e sua execução,
aí outras civilizações chegaram!
Com fome de sangue, de ouro, de terra e de todas as sua riquezas,
trazendo numa das mãos a cruz e na outra a espada
sem conhecer ou querer aprender os costumes de nossos povos,
nos classificaram abaixo dos animais, roubaram nossas terras
e nos levaram para longe delas,
transformando em escravos os "filhos do Sol".

Entretanto, não puderam nos eliminar!
Nem nos fazer esquecer o que somos,
porque somos a cultura da terra e do céu,
somos de uma ascendência milenar e somos milhões.
Mesmo que nosso universo inteiro seja destruído,

NÓS VIVEREMOS
por mais tempo que o império da morte!

Port Alberni, 1975, Conselho Mundial dos Povos Indígenas.


poesia pura

segunda-feira, 2 de maio de 2011

TDAH , o que faz dele uma doença?


http://www.tdah.org.br/br/sobre-tdah/o-que-e-o-tdah.html

O texto e o site esclarecem sobre o TDAH não à discussão.

Mas o que é realmente uma doença? Mesmo que este tenha uma explicação biológica, TDAH, seus transtornos resultam de uma inadequação deste modo de ser à uma sociedade mecanizada. Nosso tempo, assim como pessoas que são canhotas já foram consideradas doentes antigamente.

domingo, 12 de dezembro de 2010

De um Domingo


Coisas que possivelmente ninguém me entenderá, porém muitos pensarão entender.

1. Xique Xique, do Tom Zé é para mim a melhor música para representar uma cidade grande à noite.
2. Realizar um capricho infantil é algo deliciosamente divertido.
3. Nem todo exagero meu é figura de linguagem.
4. Melancolia está para mim assim como o mar está para um barco.
5. Nem tudo que é triste é para ser evitado mas muito do que é considerado alegre eu evito.
6. Estar alegre não é ser feliz e ser feliz não é ser alegre.
7. Eu nunca farei parte da matilha não importa se ela me acolha ou não.
8. E as vezes é mais seguro fugir do farol.
9. Os coadjuvantes são os personagens mais interessantes.
10. Ser um passageiro não é ser efêmero.
11. Tomar sorvete de casquinha azul num dia de chuva enquanto espero o ônibus é a melhor coisa do mundo.
12. A sanidade está para o homem assim como as janelas estão para o apartamento.
13. Observar uma cidade se movimentando à noite, com suas casas e suas janelas é o mesmo que olhar as estrelas.
14. As vezes estar sozinho é mais fácil quando se está acompanhado.
15. Infeliz é o homem que não se diverte ao pisar em uma poça.
16. Estou para um dia ensolarado de praia assim como um peixe está para o forno.
17. Meus dias felizes são os nublados.
18. Um homem considerado pelos outros como adulto é sem sombra de dúvida uma criança infeliz.
19. Me sinto mais seguro estando do lado de fora da caverna, e dormindo mais longe da fogueira.
20. Perfeita será a menina que conseguir entender o que realmente o mar me esconde.
21. Perfeita será a menina que conseguir entender o porque de ser uma atrocidade comer uvas passas.
22. E eu prefiro ser uma traça do que uma cigarra.
23. Um relógio de bolso mostra às horas como elas realmente devem ser.



Mais um texto confuso.

Na tarde de domingo as memórias sibilam aquelas velhas sensações perdidas há muito tempo. 2006, 2007, 2005... E a vida se resume em assistir uma palestra do professor de história de um amigo meu, como primeira aula no Instituto Estadual de Educação. A primeira aula que tive lá foi uma palestra sobre o The Wall e os outros personagens principais deste dia foram o Raphael e o Márcio, posso estar confundindo, mas o pai do Raphael nos deu carona, e foi conosco, para um cover do The Cure e do The Smiths, foi aí que realmente conheci The Smiths. A vida se consiste de sensações, a aura deste colégio à noite, que nunca hei de me esquecer e principalmente, aquele dia particularmente marcante. O cheiro do cigarro alheio em uma creperia com tons vermelhos que nunca mais vi em minha vida de camisas velhas e botões desaparecidos.
A nossa percepção de realidade consiste principalmente em adquirir memórias, completamente subjetivas, envolvendo sensações e é nesta simulação que usamos para associá-las a fatos presentes e assim poder agir de acordo, é claro que é bem mais complexo que isso, mas foi justamente este estímulo pelo ambiente sombrio, que, devido a alguma associação à outras memórias, fez o meu cérebro liberar seratonina, assim sendo feliz naquele momento, suscitando uma espécie de dependência que me fez afeiçoar-me a esta memória. Pura especulação pseudo-cientifica, mesmo assim, acho que é isso que me faz preferir sair à noite e à buscar sensações semelhantes, a felicidade é o mais belo vício que pode existir neste mundo melancólico, numa melancolia tão e tão agradável.
Agora é que eu cito Luiz Delfino, só a chave de ouro do qual, de uma maneira deturpada e imprecisa, entra neste contexto. “Me perguntas se isto é belo, e eu acho.”

Ps: Tocando o álbum acústico da MTV do The Cure.
E bem, a poesia vai ter de ficar para mais tarde... Responderei os comentários e voltarei a acompanhar os blogs a partir do dia 15...

domingo, 7 de novembro de 2010

Nota

Bem, é engraçado, eu sou ao vivo aquele tipo de guri, meio estranho, que vive tirando humor de coisas sem sentido e com um tom trágico porém otimista. Já no papel eu sou deste modo, na poesia e na prosa... Não sem quem aí é o personagem, sou eu que imito a mim mesmo na vida real ou se é eu aqui no blog um personagem. As vezes acho que sou para viver de ideias e ver a realidade se esvair como um algodão doce na boca... Uma amiga minha também é assim, as vezes acha não ter capacidade para enfrentar o turbilhão do mundo e cai nos livros comerciais e em um trabalho rotineiro. Não,é melhor não cair na rotina, quando os dias da semana começam a se tornar cíclicos é que o mundo está desabando, e quando se der conta vais é ter de pular do carro em movimento. Vida de TDAH é fogo, mas bem... É melhor terminar o fichamento, é melhor levar um I.A. baixo na faculdade que abaixar a cabeça. Os homens de pés no chão que fiquem com seus pensamentos de novelo, eu sei que o melhor caminho é o chumaço algodão. Pode não ser o mais prático, porém é o mais divertido.
Meio lisérgico isso não? Mas não, eu não uso drogas, eu não preciso.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Matéria sobre o ato e a aprovação da lei complementar alterando o processo de licitação das empresas do transporte coletivo de Floripa

Matéria sobre o ato e a aprovação da lei complementar alterando o processo
de licitação das empresas do transporte coletivo de Floripa, aqui:
http://lataofloripa.libertar.org e aqui http://tarifazero.org

Abaixo a redação inteira:

[Floripa] Câmara de Vereadores aprova projeto de lei impopular que altera
processo licitatório no transporte coletivo municipal
15 de setembro de 2010

Por Yuri Gama

Por volta das 18h desta terça-feira, 14/09, estudantes e populares já
aguardavam em frente à Câmara de Vereadores de Florianópolis o início da
sessão com a votação do Projeto de Lei Complementar, que alteraria a lei
de regulamentação do processo de licitação das empresas de transporte
público.

A casa abriu as portas e as 200 pessoas já manifestavam sua indignação com
o projeto a ser votado. Aos gritos de “Se essa lei aprovar, olê, olé, olá,
a cidade vai parar” e de “Ilha da magia, democracia é só uma fantasia” a
sessão começava.

Como segundo ponto põe-se em votação o projeto. Entretanto, explicando o
grau de impopularidade e questionando veementemente o texto, ao explicar a
necessidade de se fazer audiências públicas em todas as regiões da cidade,
entre outras medidas de diálogo com o povo, o vereador Ricardo Vieira (PC
do B) requereu antes, a votação da volta do projeto para a Comissão de
Trabalho, Legislação Social e Serviço Público. Sua proposta foi negada por
11 votos contra 3. Em seguida, apesar de toda a pressão popular presente
com diversos setores da sociedade se manifestando contra, por 11 votos a
favor, um contra e duas abstenções, a Câmara de Vereadores aprovou o
projeto de lei complementar 1.017/2009 que atualiza a lei 034/99 com 6
emendas novas. Somente o vereador Ricardo Vieira votou contra.

A sessão termina às 20h e aos poucos os manifestantes vão saindo da
Câmara. Ao passo que o carro do primeiro vereador tenta sair, o bloco se
reúne novamente e bloqueia a Rua Anita Garibaldi e fecha-se a garagem do
prédio. Nisso, um ônibus da Transol, ao tentar fazer a curva para desviar
do bloqueio, bate em um carro e acaba tendo que parar, colaborando com
ocupação da rua. Com isso, a manifestação começa uma assembléia para
discutir os próximos passos e uma série de falas ocorre. Fala-se em Ação
Pública para embargar a lei complementar recém aprovada, fala-se em
organizar um projeto popular substitutivo ao presente e ainda tira-se uma
reunião de reorganização da Frente de Luta pelo Transporte Público para o
próximo sábado, 18/09, às 14h30, no DCE da UFSC.

A atração do bloqueio foi a queima de um pequeno ônibus feito com papelão
escrito “Tran$ol”. O protótipo ficou queimando por mais de 1 hora, mesmo
após várias tentativas da guarda municipal de apagar com extintor de
incêndio, panos e até pisando em cima. Após o fogo ter se apagado a
Polícia Militar e o BOPE apareceram e tinham ordens diretas para retirarem
os vereadores da Câmara em segurança. E foi o que ocorreu. A manifestação
não quis confronto e o cordão policial foi feito para que dois carros com
todos os 7 vereadores, que ficaram lá dentro por 1 hora e meia, saíssem.

Nesse momento um manifestante que estava em outra parte da rua jogou sacos
de lixos nos carros e acabou sendo detido e levado para a Central de
Polícia. Logo em seguida a manifestação se encerrou, alguns foram na
Central verificar e outros dispersaram. Acumulando vontades e forças.

Para esta quinta-feira, dia 16/09, às 19h30, no auditório da Reitoria da
UFSC, está marcado o lançamento do documentário IMPASSE, produzido pelos
jornalistas Fernando Evangelista e Juliana Kroeger. O mesmo problematiza a
situação calamitosa em que se encontra o sistema de transporte coletivo da
capital e mostra entrevistas com atores e atrizes participantes de todo
esse imbróglio, que se tornou pauta ativa na sociedade florianopolitana
nos últimos 10 anos.

Entenda o Projeto de Lei Complementar aprovado

Da noite para o dia surgiu na pauta da sessão da Câmara de Vereadores a
votação do projeto de Lei Complementar 1.017/2009, visando alterar a lei
034/99- que já regulamenta o processo de licitação das empresas do
transporte coletivo de Florianópolis – autorizando e transformando
pontualmente este já existente processo licitatório. Diz-se “da noite para
o dia”, pois o projeto foi diretamente para a votação de maneira
inconclusiva. O último estágio de debate foi na Comissão de Trabalho,
Legislação Social e Serviço Público e esta simplesmente não chegou a uma
conclusão em cima do assunto. Mostrando assim, como é necessário um
diálogo com a população para que tais leis, que afetem centenas de
milhares de vidas, não atuem de maneira a piorar a situação que já está;
mantendo assim um nível mínimo de democracia na sociedade.

O novo projeto no começo de sua redação enfatiza a continuação do sistema
de transporte nas mãos da iniciativa privada, alegando que “Administração
Pública Municipal não dispõe de condições técnicas, recursos humanos e
capacidade econômico-financeira para assumir tal encargo e ainda investir
na qualidade, na modernização e atualização tecnológica e na melhoria
contínua do serviço (…)”. O texto segue elencando através de artigos,
diversas mudanças tais como nos nomes dos tipos de linhas, nos diversos
possíveis tipos de concessão e também – pasmem – a possibilidade de
concessão planejada num prazo máximo de 20 anos e abrindo uma exceção para
casos em que as empresas invistam valores muito altos, para 35 anos.

Em outras palavras, na próxima votação para a licitação das empresas é bem
possível que seja aprovada a renovação do contrato das atuais empresas
para mais 20 anos e quiçá 35. Questiona-se, então, o tamanho do espaço
dado às empresas privadas para atuarem no meio de um serviço que era para
ser público e gratuito, assim como qualquer outro serviço público é e o
tipo de democracia que temos num regime onde se garante a exploração do
transporte coletivo por até 70 anos por uma mesma empresa.

O projeto também aprovou a abertura para incorporações, cisões, fusões e
transferência do seu controle societário desde que o poder público dê o
seu aval. Além disto, a tarifa continuará a ser através da divisão do
custo total dos serviços entre os passageiros pagantes. Ou seja, a
população continuará pagando o lucro dos presidentes das empresas e também
garante o espaço delas de estarem atuando, mesmo depois do término do
contrato, até quando um novo processo de licitação seja votado. Deixando
evidente o caráter dos ajustes votados no dia. Os mais importantes,
claramente, foram acrescentados para a facilitação da vida das empresas
privadas no processo de atuação de suas concessões, em um sistema o qual o
direito de ir e vir da população tem um preço.



COMITÊ DE LUTA PELO TRANSPORTE PÚBLICO

sábado, 11 de setembro de 2010

Segundas Versões

A dançarina

No Oásis ornamentário d’entre torres prediais, d’entre uma instantânea fagulha do Eterno, uma figura fulgura em meio a tantas sombras, de longe. São as sardas de fogo numa noite sem estrelas, uma pequenina menina dança, em meio a toda essa turba confusa de vidas, ela dança envolvida em Silêncio, n’um mundo em seus gestos e formas.
É ela apenas um facho de sonho algum perdido na festa que o meu breu contorna, sozinha no vasto de um céu nenhum em meio á tantas luzes d’estrelas mortas. Só e sozinha no vasto de um céu qualquer, que a envolve em meus lençóis, e no breu a deforma.
São sardas de sonhos em uma noite eterna, dançando feliz numa festa fútil, é só a vida de alguém sufocada n’um mel de vidas... N’um enleio de vapor humano, tão longe do meu frio calor das geleiras... Essa sereia, sendo só uma menina alegre, transparece e aparece nos meus olhos opacos como um licor ou um farol vivo, feito um girassol. Ela é estrela, que brilha tão longe e tão terna e eterna em meus temores, tão distante deste mundo que a envolve tão inútil, é uma super-nova que brilha tão forte que se esgota e morre em um sopro e vai-se esquecida e esvaecida, como um sol que abandona todos aqueles mundos que um dia ela iluminou.
E todo este Mundo que um dia a desejou...

Marcel Angelo


Altívagos

O mundo é de loucos e as coisas correm como trens, correm como carros nas estradas,
partindo sempre e sempre indo embora e sempre partindo de suas partidas. O mundo é de loucos e as coisas passam como passam palavras num jornal, sempre efêmeras, sempre vagas, para se dissiparem como jornal que molha e desaparece. E a memória fenece.
O mundo é de loucos e nesse mundo lunático todos olham para o chão,vivem para o chão e como estátuas de barro a de derreterem pelas chuvas, se diluindo, e a dissolverem as suas coisas, extinguindo as suas coisas de barro para o chão.
Em um mundo de mares e marés, ares e nuvens, em um mundo de nuvens...
Porém vivemos também em um mundo de nuvens, de longínquas mentes pairando no ar, a voar por longas e longas raias, que enfim se confundem.
São aves que vivem voando por mares e marés desconhecidas, territórios de luzes e trevas, de profundas cavernas, de mundos oriundos de meras memórias. São vidas que vivem de memórias, de pensamentos e sentimentos divagantes como cavaleiros errantes vitimas de -“Quixotismos”.
São almas de voadores altívagos, viajantes de mundos únicos criados e recriados. São seres que vivem entre estátuas de barro, são seres que colorem as efêmeras palavras, são os que atravancam as endo-partidas!
São seres undívagos de seus undo-universos, que criam mundos etéreos, que tiram tudo de aereocéfalo-monastérios, mesmo estando na janela de seus quartos de dormir.
Mesmo olhando para os móbiles e seus brinquedos nas estantes. Enquanto escutam divagantes a televisão em que seus pais estão n’outro quarto a existir...

Marcel Angelo

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Apoio, repassando a mensagem.

Bem, estou repassando, e vejo isso como obrigação.
O pai de uma amiga minha, pelo que eu soube, morreu em serviço.
Esse tipo de cidadão é de fato um herói.
Assim também como os policiais que efetuam com qualidade o serviço, mais por um senso de dever principalmente.
Bom, essa é minha forma de apoio.

Olá, leia e repasse, faz favor. Quando repassar, informe que é de um amigo seu, assim os outros irão ler.

Meu nome é Luciano Luis de Souza, sou casado e pai de uma linda menina de 5 anos, era Policial Militar de Santa Catarina com 21 anos de serviço, com uma ficha de comportamente avaliada no conceito Excepcional (na PMSC temos: ruim, mal, bom, ótimo e excepcional); possuía também mais de 10 elogios de bons serviços prestados a sociedade catarinense; 02 medalhas de Honra ao Mérito; curso de Polícia Comunitária e etc... em 2006 até 2008 Comandei um Setor de Polícia Comunitária no bairro Barreiros/Sede - São José (25 mil habitantes), ao meu Comando 47 policiais militares, 04 viaturas e 02 motocicletas, efetivamos o 1ª CONSEG de São José, em fim, sempre HONREI O SERVIÇO POLICIAL MILITAR.

Fim de 2008, mês de Dez, ocorreu um movimento reivindicatório promovido pelas esposas dos militares (Praças), exigindo do Governador Luis Henrique da Silveira, o cumprimento da Lei 254, a qual o próprio assinou, isto mesmo, ele fez a Lei e não a cumpriu; Nesta reivindicação as esposas dos Praças solicitavam: melhorias de condições de trabalho - equipamentos adequados; execução efetiva do plano de carreira, com aberturas de cursos internos; como também, o cumprimento da escala vertical de vencimentos - isto é: se o Coronel ganhasse um percentual de aumento salarial, o Praça também ganharia - Isto está escrito na Lei 254.

Finalizando, o Governador Luiz Henrique da Silveira não cumpriu a Lei que ele mesmo fez, e por conseguinte, DETERMINOU a punição severa aos policiais militares que participaram do movimento reivindicatório (Movimento que solicitava o cumprimento de uma Lei que ele próprio havia feito e assinado); Início de 2009 até os dias atuais, mais de 1000 policiais militares foram punidos com cadeias e detenções, como também, 22 policiais militares FORAM EXCLUÍDOS DA POLÍCIA MILITAR, todos no excepcional comportamento e com mais de 10 anos de serviço.

O Policial Militar não possui FUNDO de GARANTIA ou qualquer outro tipo de garantia quando sai da PMSC, Não temos seguro desemprego, aposentadoria proporcional e etc, nenhum direito garantido, simplismente sai sem receber nada! pois quando entramos é nos dito que após 10 anos possuímos estabilidade, porém, não foi isso que ocorreu! A condenação foi somente na esfera administrativa, e não recebemos o direito constitucional de aguardar o julgamento até que seja condenado ou não - Presunção de Inocência - a maioria dos bandidos de todos os tipos tem seus direitos garantidos. Nós, homens de bem e pais de família, não recebemos, isto porquê o senhor LUIZ Henrique determinou que fosse assim! INCRÍVEL, contando assim muitos não acretidam, mas é a pura verdade.

Falei isto tudo com um único objetivo, Eu também fui excluído, minha condenação administrativa foi: " ... INDÍCIOS DE PARTICIPAR DE MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO..." pasmem, é isso mesmo! INDÍCIOS, em qualquer lugar do mundo, menos é claro, em SC, indícios não é prova! mas mesmo assim fui excluído. Estou recorrendo judicialmente no Tribunal de Justiça de SC, e tenho fé que isso tudo irá ser resolvido, Eu retornarei para a PMSC. Mas, não reparará todo este sofrimento e humilhação que Eu e minha família passamos.
E é por isso que Eu iniciei esta mensagem, para mostrar à todos, o tamanho do mal que o Governador Luiz Henrique da Silveira causou a mim, minha família e a dos outros 21 excluídos, como também as centenas de Praças que foram punidos arbitrariamente. o Ex Governador quer ser agora Senador! se ele não cumpriu a própria Lei, o que ele quer fazer lá no Senado?! ELE NÃO É MERECEDOR DE NOSSOS VOTOS!

Se você se sencibilizou, favor enviar a seus outros contatos, assim todos poderão saber quem é verdadeiramente este monstro Luiz Henrique!

Muito Obrigado
Luciano Luis de Souza
(48) 9116-6747
à disposição pra qualquer dúvida

domingo, 25 de julho de 2010

A maior das liberdades é a liberdade de não ter medo, de não ser coagido, pois com o medo não se expressa nem a liberdade de pensar”.

Dossiê em defesa da liberdade de expressão e pela suspensão definitiva do uso da arma de choque elétrico utilizada pela polícia militar de Santa Catarina .
Paulo Onésimo Minardi Pereira

“A maior das liberdades é a liberdade de não ter medo, de não ser coagido, pois com o medo não se expressa nem a liberdade de pensar”.

Procura-se tratar aqui da admissibilidade e o uso da arma de choque elétrico que está sendo utilizada pela polícia militar do Estado de Santa Catarina. Esta arma conhecida como Taser, sob a denominação de “não letal ”é considerada pela Anistia Internacional como uma tortura institucionalizada, um pau-de-arara portátil. De acordo com a Anistia Internacional a arma em questão já matou 336 pessoas nos Estados Unidos, local de onde o artefato é oriundo. O que pode-se esperar de um império senão a contínua fabricação de armas cada vez mais terríveis?
Antes de entrar nos detalhes específicos da arma e suas consequências nefastas para os cidadãos, é necessário tecer determinados comentários em relação ao Estado, ou seja, a estrutura formal, institucional, que permite que tal situação se implemente sob a égide da legalidade. De acordo com Nilo Batista nos Anais da 1ª Conferência de Direitos Humanos verifica-se que as múltiplas violências do Estado (a cada dia menos veladamente manipuladas por interesses privados ) devem ser compreendidas dentro de um quadro jurídico que legitima suas rotinas e dissimula a maior parte de seus abusos. Ou seja, para falar da violência do Estado e os seus aparelhos policiais é necessário falar da base legislativa e do sistema penal que a partir dele se estrutura e opera. A militarização da segurança pública é outra característica desse sistema penal que se dá ao influxo de dois fatores: o primeiro é a reinvenção do inimigo interno que integrava a doutrina da segurança nacional e o segundo é a questão das drogas. Como se sabe o conceito de inimigo interno integrava a doutrina da segurança nacional, importada dos Estados Unidos e desenvolvida por nós na Escola Superior de Guerra, diante do alinhamento geopolítico do Brasil no quadro da chamada guerra fria. Quando sob a ditadura militar, a doutrina da segurança militar ganhou positividade jurídica, numa conjuntura onde a mera manifestação de pensamento poderia constituir-se num ato de guerra psicológica adversa, o conceito de inimigo interno foi internalizado pelos operadores da repressão aos crimes políticos para a qual a tortura de suspeitos era um instrumento investigatório rotineiro. Vejam senhores e senhoras são as terríveis e humilhantes penas da Idade Média, quando a Igreja e o Estado aplicavam o terror e penas hediondas para manter o seu status quo. O estilo penal sanguinário do “ancién regime ” adaptou práticas da baixa Idade Média às conveniências do absolutismo. Não podemos nos esquecer, jamais, que o poder originário da delegação dos poderes na democracia pertence ao povo, e somente ao povo.

Mas seguindo o raciocínio de Nilo Batista verificamos que não é difícil perceber as consequências funestas da consideração do acusado como inimigo; esse pensamento tem um caráter segregador e os acusados se vêem desde logo espoliados de um direito civil: já não se trata aqui de um cidadão sujeito as restrições legais em face de uma fundamentada indicação, mas sim de um estranho, um inimigo.

A questão das drogas ilícitas oferece um campo fértil para a cultura do inimigo interno e mobiliza recursos astronômicos. Esse argumento é utilizado com freqüência pelos norte- americanos para defender outros interesses mascarados pelo tráfico de drogas e assim procuram legitimar a violência bélica do Estado. É evidente que ninguém é a favor do tráfico de drogas, mas esse argumento é reutilizado com intuitos escusos. Basta lembrar que no séc. XIX quando a China não aceitava abrir o seu comércio para a Inglaterra, os ingleses introduziram o ópio na China e posteriormente declaram guerra invadiram e tomaram territórios sob a fundamentação de tráfico de drogas. Ou seja, esse argumento é antigo, continua sendo utilizado atualmente e tem o respaldo do poder dos veículos de comunicação, e o que é o pior: os próprios donos do poder detém a comunicação direta ou indiretamente. Existe um monopólio de comunicação no Brasil que fere a Constituição Federal. Voltando ao Nilo Batista: À televisão corresponde um papel especial nesse empreendimento de colocar a vítima de acordo com o carrasco: o vigilantismo eletrônico funciona também como um amansamento em escala das mentes, da despolitização e do encobrimento de conflitos. Fomentam o empobrecimento crítico das controvérsias, da exibição bisonha de um país que não existe em lugar algum, salvo nos impulsos eletrônicos. Como disse Madalena Román: o poder mais eficaz é aquele que nos seduz e se inscreve em nossos corpos de maneira sutil e nos converte em partícipes de uma sociedade disciplinar.
Interessante tratar agora de uma defesa em relação aos movimentos sociais, porque a Constituição brasileira diz no seu artigo quinto que é permitida a manifestação popular.

A alegação do Estado na sua repressão aos movimentos sociais é a de que os estas manifestações impedem o direito de ir e vir quando utilizam as ruas. Ora, esse argumento é incipiente, porque em determinadas situações de conflito o Estado insiste em reprimir, porque seus entendimentos são praticamente imutáveis, e em função disto, à população é necessário dar visibilidade às suas reivindicações. Não há nenhum tipo de conflito sem que aja algum tipo de ônus que deverá ser suportado por parte da população. Deve-se tratar brevemente do conceito da desobediência civil como um tema pertinente e uma necessidade popular.

De acordo com Celso Lafer, que trabalha o pensamento de Hannah Arendt a desobediência civil tal como formulada por Thoreau pode ser encarada como Direito Humano de primeira geração. Ele é individual quanto ao modo de exercício, quanto ao sujeito passivo do direito e quanto a titularidade. Demonstra a injustiça de uma lei através de uma ação que almeja a inovação e a mudança da norma através da publicidade do ato da transgressão. Esta transgressão à norma na desobediência civil, é vista como um cumprimento de um dever ético do cidadão, dever este que não pretende ter validez absoluta ou universal, mas que se coloca como imperativo pessoal numa dada situação concreta e histórica. Vejam que essa reflexão de Thoreau influenciou Ghandi, que nele encontrou argumento ocidental para fundamentar a Satyagraha, que é a sustentação da verdade frente às injustiças legais. Essa desobediência civil tem caráter pacífico, não violento.
Como diz Hannah Arendt: a autoridade não se confunde com o monólogo da coerção imposto pela força, pelo vigor ou pela violência. A cidadania é o direito a ter direitos. A crise de autoridade ou seja a falta de confiança mais ampla no mundo é um dos processos importantes que contribuem para abalar a concepção da legitimidade. Quando a violência transforma-se em estratégia há claramente uma tendência à monopolização do poder. Resgatar a faculdade de agir para resistir a opressão e impedir desta maneira a destrutividade da violência é resposta que deriva da análise Arendtiana.

Evidentemente que em questões teóricas ainda temos muito a falar. Mas este pequeno dossiê tem a intenção de objetivamente levantar as questões mais polêmicas e colocá-las publicamente para que possamos debater e encontrar soluções para resolver estes problemas que extrapolaram todos os limites democráticos e com o seu cunho pragmático recolher a arma de choque elétrico e suspender seu uso.

A Emenda Constitucional 45 introduziu o parágrafo terceiro ao art 5º da Constituição Federal, dando status de emenda constitucional aos tratados internacionais aprovados pelo Congresso Nacional com o mesmo trâmite da emenda constitucional. Em 1989 foi promulgada a Convenção contra a Tortura e Tratamentos Degradantes Desumanos e Cruéis. Foi adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1984 e ratificada pelo Brasil em 29 de setembro de 1989.

No seu artigo primeiro designa o termo tortura como qualquer ato pelo qual cause dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, que são infligidos intencionalmente a uma pessoa, castigando-a por ato que tenha cometido, ou seja suspeita de tê-lo cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas.

Em 16 de dezembro de 2009 a Anistia Internacional requereu aos governos que suspendessem o uso dessas armas. A polícia americana usou essas armas em mulheres grávidas, estudantes e idosos com problemas de demência senil.

Noventa por cento das 336 pessoas que morreram em conseqüência desta arma de choque elétrico estavam desarmadas.

Diz o art. 5º da Declaração dos Direitos Humanos : ninguém será submetido a tortura, nem tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

No art. 6º: toda pessoa tem o direito de ser em todos os lugares reconhecida como pessoa perante a lei.

É de uma evidência clara, transparente, a caracterização do abuso de poder por parte do Estado, quando permite o uso desta arma de choque elétrico. Esta arma é fortemente questionada pelo Comitê contra a Tortura das Nações Unidas e o Conselho de Direitos Humanos da ONU e pela Anistia Internacional que as consideram como sendo um método de tortura.


Das conseqüências nefastas da arma de choque elétrico

Segundo a Anistia Internacional, conclusão esta que aparece após a análise de 98 processos de autópsia, muitas pessoas foram submetidas a choques mais prolongados, alem dos famigerados 5 segundos, ou aplicadas por mais de um agente ao mesmo tempo.
Esta arma já causou a morte de 336 pessoas nos Estados Unidos segundo a Anistia Internacional;
Risco de colapso nervoso após o choque;
Paralisia do sistema nervoso;
Com métodos suplementares de imobilização da pessoa, depois do choque, há risco de morte por asfixia.

O Princípio Constitucional da Dignidade Humana

A Dignidade Humana é o princípio mais importante da nossa Constituição Federal. Para a exata compreensão do Princípio da Dignidade Humana é necessário lembrar que os avanços tem sido frutos da dor física e do sofrimento moral, como resultados de surtos de violência , mutilações, torturas, massacres coletivos, enfim, situações aviltantes que fizeram nascer consciências e exigências de novas regras de respeito a uma vida digna para todos os seres humanos. Foi claramente a experiência nazista que gerou a consciência universal de que se devia preservar a dignidade da pessoa humana, como uma conquista de valor ético-jurídico intangível. Segundo Paulo Otero o homem e a sua dignidade são a razão de ser da sociedade e do Estado de Direito. Flávia Piovesan ensina que a Dignidade Humana serve como uma mola de propulsão da intangibilidade da vida do homem, dela defluindo o respeito a integridade física e psíquica das pessoas . Logo, de acordo com o advogado Nehemias Domingos de Melo a conclusão que chegamos é que o intérprete deve ter em mente como o maior bem a ser protegido, a dignidade do ser humano, de tal sorte que qualquer norma que viole ou colida com os preceitos fundamentais deve imediatamente ser afastada por incompatibilidade ético-jurídica fundamentada nos princípios existentes na Declaração dos Direitos Humanos e pela Constituição Federal do Brasil de 1988.



Bibliografia:
OTERO, Paulo. Legalidade a administração pública. O Sentido da vinculação administrativa à juridicidade. Lisboa Almedina 2003.
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional São Paulo. Max Limonard, 1977
SILVA, José Afonso da . Curso de Direito Constitucional Positivo São Paulo Malheiros 1999

sábado, 10 de julho de 2010

"CARTA DE ÁTILA NUNES E ÁTILA NUNES NETO AO GOVERNADOR DE SANTA CATARINA SOBRE A VIOLENCIA DA POLÍCIA MILITAR CONTRA OS UMBANDISTAS

"CARTA DE ÁTILA NUNES E ÁTILA NUNES NETO AO GOVERNADOR DE SANTA CATARINA
SOBRE A VIOLENCIA DA POLÍCIA MILITAR CONTRA OS UMBANDISTAS

Senhor Governador de Santa Catarina Leonel Pavan,
Vossa Excelência comanda um dos estados com maior índice de
desenvolvimento humano: Santa Catarina, hoje um sonho para milhões de
brasileiros que gostariam de aí residir.
Quando se fala em Santa Catarina, se pensa em civilidade.
O senhor é um político experiente. Foi vereador, prefeito por três
vezes de Balneário Camboriu, deputado federal e senador da República.
É um democrata experiente na Política e na Administração Pública.
Infelizmente, Senhor Governador, nos últimos dias, milhões de
brasileiros que seguem a fé umbandista, sentem-se surpresos com a
violência da Policia Militar de seu estado. Essa indignação podemos
sentir principalmente na internet, onde são postadas mensagens de
repúdio e da mais absoluta indignação.
O que aconteceu na noite de 26 de junho deste ano de 2010 na cidade de
Jaraguá do Sul, nos faz lembrar o Rio de Janeiro dos anos 50, quando
terreiros de Umbanda eram invadidos e seus dirigentes e médiuns presos
pela polícia, hoje, algo impensável em terras fluminenses.
Naquela noite, por volta das 8 da noite, a Tenda de Umbanda Caboclo
Pajelança, situada na Rua Adolfo Augusto Zie Mann, 342, Czerniewicz,
Jaraguá do Sul, foi invadida por doze homens do 14º Batalhão da
Polícia Militar, fortemente armados com pistolas, armas de choque,
sprays de gás de pimenta e escopetas, sob o comando do sargento
Adriano, que deu voz de prisão à diretora de culto Cristiane Tomaz de
Oliveira
A sessão em homenagem aos pretos velhos foi interrompida sob a ameaça
dos policiais, determinando às dezenas de pessoas presentes que se
calassem e não se movimentassem, sob o risco de terem que usar armas
de choque e gás, além de todos serem levados presos. Um ogan, menor de
idade, foi conduzido algemado pra o distrito policial
Dona Cristiane, a diretora de culto, tem certeza de estar sendo vítima
de perseguição religiosa, haja vista que os policiais militares ao
chegarem ao distrito, mostraram um abaixo assinado de vizinhos para
que o centro umbandista feche as portas e se mude do bairro.
A violência da polícia de Santa Catarina nesse episódio ultrapassou
não apenas os limites legais, mas, sobretudo, o bom senso, beirando a
barbárie.
Depoimentos dos presentes ao culto confirmam que a invasão –
absolutamente inconstitucional flagrantemente ilegal – ocorreu em meio
às ameaças dos policiais, fazendo com que senhoras e crianças
entrassem pânico, chorando de medo. Ao questionar a razão da invasão,
o ogan menor de idade recebeu ordem para calar-se, tendo seu atabaque
danificado com violência por um dos PMs.
Por serem sobejamente conhecidos pelas autoridades, - inclusive Vossa
Excelência - seria desnecessário invocar os preconceitos
constitucionais que garantem aos brasileiros a “inviolabilidade da
liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e a suas liturgias”
Desnecessário também, Senhor Governador, lembrar outro preceito
constitucional que estabelece que “ninguém será privado de direitos
por motivo de crença religiosa.
Ou então, o que preceitua o Código Penal no artigo 208, que trata de
ultraje a culto, seu impedimento ou sua perturbação, considerando
crime contra o sentimento religioso “escarnecer de alguém
publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou
perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar
publicamente ato ou objeto de culto religioso”
Saliente-se ainda, o artigo 140 do Código Penal: se a injúria consiste
na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou
origem, a pena é de reclusão de um a três anos e multa.
Finalmente, poderia ser destacada a Lei de Abuso de Autoridade (Lei
Nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965) que regula o Direito de
Representação e o processo de Responsabilidade Administrativa Civil e
Penal, nos casos de abuso de autoridade. O artigo terceiro estabelece
como abuso de autoridade qualquer atentado à liberdade de consciência
e de crença, ao livre exercício do culto religioso e ao direito de
reunião.
É sabido por todos, Senhor Governador, que a Lei 7.716 de 5 de janeiro
de 1989 define os crimes resultantes de preconceito. O artigo primeiro
diz que “serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional”. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97).
O artigo 20 é claro, ao proibir praticar, induzir ou incitar a
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Não podemos acreditar, Governador, que o senhor deixe passar em
branco, sem uma atitude enérgica, severa, um episódio dessa natureza.
Essa violência jurássica da Polícia Militar, ao arrepio das leis e da
Constituição, não condiz com Santa Catarina. Não condiz com a natureza
boa, generosa e fraterna do povo catarinense.
Nesse ínterim, enquanto durar as averiguações dentro da Polícia
Militar que pediu o prazo inacreditável de 40 dias para chegar a uma
conclusão, apesar das dezenas de testemunhas do vilipêndio religioso e
do abuso de autoridade, nos mobilizaremos nacionalmente para chamar
atenção para a Polícia Militar de Santa Catarina que reproduz práticas
coercitivas do início do século passado.
Senhor Governador, reiteramos nossa confiança no seu senso de justiça
e de absoluta obediência ao Estado de Direito em vigor no Brasil, e
consequentemente, no Estado de Santa Catarina."

ÁTILA NUNES e ÁTILA NUNES NETO
atilanunes@emdefesadaumbanda.com.br

essas palavras não são minhas.

e outra coisa, comparado ao resto do pais, o sul ainda é muito racista.
sendo que mesmo, ibérico/indigena já sofri preconceito por ser "raça inferior"...

e depois dos espamcamentos de manifestantos, depois isso...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Elomar - Dos Confins Do Sertão


Gravado e publicado na Alemanha Ocidental, a convite especial do governo dali (na época em que se aplicava o "Ocidental") foi o resultado de uma apresentação em um Festival de música Ibero-Americana, do qual o autor recebeu o Primeiro Prêmio Internacional.
FONTE

Ps: Disco inteiro

01. Parcelada/Puluxia
02. O Violeiro
03. Campo Branco
04. O Pidido
05. Cantiga de Amigo
06. Função
07. Cantiga do Boi Incantado
08. Na Estrada das Areias de Ouro
09. Naninha
10. Noite de Santo Reis
11. Lôas para o Justo

1986 40 MB CBR 128 Brasil

sexta-feira, 9 de abril de 2010

"Desde o século 19, o negro livre é uma encrenca para as nossas leis..."

Folha de São Paulo, 07/04/2010

ELIO GASPARI
De Cazemiro@edu para Demóstenes.Torres@gov
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Desde o século 19, o negro livre é uma encrenca para as nossas leis,
eu que o diga
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ILUSTRE SENADOR Demóstenes Torres,


Quem lhe escreve é Cazemiro, um Nagô atrevido. Faço-o porque li que o senhor, um senador, doutor em leis, sustenta que a escravidão brasileira foi uma instituição africana. Referindo-se aos 4 milhões de negros trazidos para o Brasil, vosmicê disse o seguinte: "Lamentavelmente, não deveriam ter chegado aqui na condição de escravos, mas chegaram..."


Vou lhe contar o meu caso. Eu cheguei ao Rio de Janeiro em julho de 1821 a bordo da escuna Emília, junto com outros 354 africanos. O barco era português e o capitão, também. Fingia levar fumo para o Congo, mas foi buscar negros na Nigéria e, na volta, acabou capturado pela Marinha inglesa. Desde 1815, um tratado assinado por Portugal e Grã Bretanha proibia o tráfico de escravos pela linha do Equador.


Quando a Emília atracou no Rio, fomos identificados pelas marcas dos ferros. A minha, no peito, parecia um arabesco. Viramos "africanos livres". Livres? Não, o negro confiscado a um traficante era privatizado e concedido a um senhor, a quem deveria servir por 14 anos. O Félix Africano, resgatado em 1835, penou 27 anos. Doutor Demóstenes, essa lei era brasileira.


A turma da Emília trabalhou na iluminação das ruas e no Passeio Público. Algumas mulheres tornaram-se criadas. A gente se virou, senador. Havia senhores que compravam negros mortos, trocavam nossas identidades e não nos liberavam. As marcas a ferro nos ajudaram.


Alguns de nós conseguiram juntar dinheiro. Como estávamos sob a supervisão dos juízes ingleses, em 1836 compramos lugar num barco. Dos 354 que chegaram, talvez 60 retornaram à África. Como doutor em leis, vosmicê sabe que o Brasil se comprometeu a acabar com todo o tráfico em 1830. Entre 1831 e 1856 chegaram 760 mil negros, os confiscados devem ter sido 11 mil, ou 1,5%. Aquela propriedade da Marinha, na Marambaia, onde às vezes o presidente brasileiro descansa, era um viveiro de escravos contrabandeados. Não apenas a escravidão do Império era uma instituição brasileira, como assentava-se no ilícito, no contrabando.

Outro dia eu encontrei o Mahommah Baquaqua, mais conhecido nos Estados Unidos do que no Brasil. Ele foi capturado no Benin, lá por 1840,vendido a um padeiro em Pernambuco e revendido no Rio ao capitão do navio "Lembrança". Em 1847, o barco fez uma viagem ao porto de Nova York e lá o Baquaqua fugiu. Teve a proteção dos abolicionistas, razoável coberturajornalística, estudou e escreveu um livro contando sua história (inédito em português, imagine). Fazia tempo que eu queria perguntar ao Baquaqua por que, em suas memórias, não contou que, de acordo com as leis brasileiras, o seu cativeiro era ilegal. Ele diz que esqueceu, mas que, se tivesse lembrado, não faria a menor diferença.
Senador Demóstenes, a escravidão foi brasileira, assim como é brasileira uma certa dificuldade para lidar com os negros livres. Eu que o diga.
Axé,
Cazemiro
P.S.: Há uma referência ao caso da Emília no artigo "A proibição do tráfico atlântico e a manutenção da escravidão", da professora Beatriz Gallotti Mamigonian, publicado recentemente na coletânea de ensaios "O Brasil Imperial". Que Xangô apresse a publicação de seu livro sobre os"africanos livres" no Brasil.

Sobre o caso: Aqui

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Reminiscência


Reminiscência

Para a minha irmã.

Ela mandou faz muito tempo uma carta em uma garrafa, essa carta era para alguém especial, certa pessoa que ela um dia iria conhecer. Ela pensou em todos os bons momentos em que passariam juntos, em todo um futuro que um dia a levantaria e beijaria sua boca.

Guando ela mandou a carta viajar pelo oceano, ela era ainda muito criança, mas no fundo de sua retina se podia perceber que a vida lhe seria longa. E ela sabia que a sua carta iria aparecer no momento certo e na hora certa, para uma única pessoa em meio a bilhões. Pois quando somos pequenos as verdades são mais claras e sabemos realmente como as coisas acontecem, mas são os adultos que espalham as suas mentiras, e a realidade se molda ao concreto de suas desilusões.

E a menina, que agora já é uma moça, trabalha em um supermercado de bairro, lá perto do Rio Tavares, e não se lembra mais de sua carta que se foi no mar a procura de seu verdadeiro amor. Pois para ela agora o universo é outro, com as suas teias sociais e suas obrigações fantasiosas, como por exemplo, ter de trabalhar nesse supermercado. No seu desenvolver a culpa para todos os seus sentimentos passou a ser de seus hormônios, que moldaram seu corpo e sua maneira de pensar, e é a partir dessa desculpa que ela errou tantas vezes no caminho.

Ela não sabe que a sua história é outra, como aqueles contos antigos e romances pitorescos. Ela não sabe que seu destino era para ser um personagem de um livro, daqueles açucarados próprios para meninas que á muito tempo não existem mais. E que se ela largar o seu emprego e resolver pensar mais no seu passado, talvez encontre a sua vida escondida em algum lugar à beira mar. Mas os tempos são outros, e o romance morreu faz muito tempo. Os adultos inventaram tantas desculpas para se distanciarem da realidade, que limitaram os seus mundos ao caixa de um supermercado, numa rotina de oito horas diárias e de escapes nas horas livres.

E o Sonho e a Fantasia se perderam faz muito tempo através de todas essas coisas luminosas e problemas corriqueiros. E como a vida dessa atendente de caixa de um mercado qualquer entre tantos outros caixas de supermercados, essas vidas dependem apenas de alguma coisa, perdida á muito e em algum lugar muito incerto, largado a revelia em algum canto da memória. Pois escolhemos realmente o nosso destino apenas uma vez na vida, lembrança que faz o mais velho dos homens pegar a sua jangada e partir para aquilo que sempre gostaram de lhe perguntar quando ele era pequeno, aquela velha pergunta: “O que você quer, ser quando crescer?”

Redação, foi na verdade um estudo, no cursinho do vestibular...
Logo, coisas mais novas...
Creio eu que talvez eu venha a conseguir um noteebok. Acho que é isso.
Eu sei, é meio brega, mas bem, posteriormente postarei coisas melhores.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Sobre uma crítica que recebi sobre meu trabalho


Sobre a minha poesia e umas críticas que recebi:

Pois bem, eu escrevo em maioria em verso clássico e por isso eu sou conservador, não é? Sou conservador porque não imito essa maioria. Só que eu me julgo livre, eu julgo meu verso livre para escrever como eu quiser.

Gostaria de saber se Olavo Bilac, por exemplo, se julgava preso, acho que não, preso ele se sentiria se fosse obrigado a escrever em verso livre. Pois mais que isso para muitos possa parecer assustador.

Sim eu admito que eu goste de alguns poetas parnasianos tanto quanto gosto de muitos modernos, e isso logo, faz de mim um “conservador”, porque eu fui ler escritores que hoje não se lêem mais por um motivo idiota. Para mim literatura boa é literatura boa não importa a data.

Fui olhado torto porque quis recitar um poema de Cruz e Souza em um recital, no final, por que ele não é um desses clássicos (me refiro clássico aos poetas da semana da arte moderna e outros posteriores,) acredito eu. Do mesmo tipo de poetrarcos da época parnasa, de tantos aqueles que versejavam sem talento, e não aceitavam outra forma de poesia, eu vejo da mesma forma esses poetas-auto-ajuda de hoje.

Esse conceito de que arte não se aprende, ou de que é um artista menor aquele que treina ou estuda, esse tipo de conceito me enoja, pois na arte popular se treina e se estuda também. Considero então como acadêmico metido o cordelista, o repentista e tantos outros? Porque a poesia popular tem metro? Porque eles não são todos versos livre falando sobre o próprio ego? PORQUE A POESIA POPULAR NÂO È ASSIM!!! Esse grupo de pessoas que acham que não se pode criticar e aceitar e que se tem de engolir tudo porque é arte e arte não se entende, sim, esse ai não é popular, é “escritor de panelinha”.

Manuel Bandeira, Cabral, Mario Quintana e Drummond por exemplo são poetas livres porque ele tiveram tanto consciência quanto aprendizado de outras formas de versos e eles estudaram para poder enfim fazer poesia, tem muitos poemas com metro perfeito em Drummond e justamente por ele saber o que fazer e não fazer é que os poemas “livres” dele são BONS! E eles têm um sentimentalismo maduro, assim como o parnaso quis ter em “resposta “ao ultra-romantismo. Por isso esses “modernos” são lidos, diferente de uma quantidade absurda de poetas livres de hoje em dia e da quantidade de poetas do período parnasiano.

Para mim a diferença de Olavo Bilac, Augusto dos Anjos, Cruz e Souza, Manuel Bandeira, Araújo Figueredo, Mario Quintana, Antero de Quental, Alvarez de Azevedo, Boca do Inferno e muitos outros, para mim a diferença destes para os tantos outros que existiram por aí é que eles eram livres, pois a liberdade está na diferença, e para mim o verso livre é aquele que sai como o escritor quer, e não como a maioria aceita. Não importa se ele seja aceito ou não, se ele tenha metro ou não, basta que ele se destaque, que o poeta tenha compromisso com sigo mesmo e não com os outros. Basta que ele seja singular.

Sei que isso possa parecer um tanto “conservador” ou “retrógado”, pois assim é que é chamado tudo aquilo que vai contra ao que os conservadores pregam, tudo aquilo que vai contra á linha de pensamento atual.

Eu mando tudo isso ao inferno,
e boa noite.

Verso Livre


O meu verso é livre,
do meu jeito recito,
e enfim o manuscrito,
no meu mundo convive.

O meu verso é solto,
e no metro se forma
e se o quero sem norma
num compasso me envolto.
Pois o faço sem tino,
sem esforço nem rima
e se rima? É a sina,
é sonoro o destino.

Pois meu verso é livre,
e bem voa como quero,
e nem sai como espero
e assim o verso vive...

E se tanto me obrigam
a escrever d’outro jeito,
vou estufando meu peito
se mi balda abominam.

Pois sou livre e meu verso
do meu jeito conservo,
vou escrever como quero
e acabou lero-lero!

domingo, 6 de setembro de 2009

Othon Gama D'eça e Araújo Figueredo


Algo aqui: Othon D’eça, escritor importantíssimo de Santa Catarina, textos retirados do livro “Cinza e Bruma e Poemas Dispersos”; Araújo Figueredo, poeta do qual muito já escrevi sobre, de poesia e vida muito além do natural.

Essa não é uma Desterro que inventei ou que eu quero que seja, é uma Desterro presente na memória da cidade, uma imagem contrária á cidade onde as loiras do interior vem tomar sol para assim serem parte da propaganda de turismo. (Não tenho nada contra o interior de Santa Catarina deixo claro). Mas é que não podemos viver numa cidade que se vê de acordo com os preconceitos que recebe, e sim numa cidade que se vê de acordo com um passado e um presente, e não uma maquilagem neo-liberalista de gente que tenta esconder e apagar para criar um ontem que jamais existiu, que melhor funcione para circular capital.

Por mais que as pessoas pensem ser fascismo divulgar uma imagem contrária ao “PARAÌSO TROPICAL LOIRO”, ou, a ”FLORIPA: CIDADE DA MACONHA E DO SOL E SURF”, eu prefiro tentar passar a Desterro do Mar e da Saudade, e a Desterro das Bruxas e das Brumas. Desterro é uma cidade que poderia ser outra, mas na verdade sofre um verdadeiro etnocídio, um culturicídio ou seja lá que raios, causado por um governo racista que quer tornar aqui uma Maiami, que considera o artista como estorvo do estado.

Peço desculpas por não falar aqui de Mário Quintana e Drummond e de todos os poetas obrigatórios, por mais que eu os leia, prefiro falar, por mais absurdo que seja, de poetas que simplesmente não existem dentro do coletivo, e que merecem sim, um pouco de divulgação, porque são bons, e só não são conhecidos hoje porque simplesmente escreveram e deixaram aquilo que tanto nos perturba nesse admirável mundo novo, eles no deixaram uma identidade.


Caso eu tenha ofendido alguém, espero que me diga, poste aqui um comentário falando o porquê.

Bom acho que é só isso,
Abraços, Marcel Angelo.


Desterro, Alma do Mar e da Saudade...
A Laércio Caldeira

Desterro é o poema de pedra da tranqüilidade...
Nos lentos crepúsculos de agonias cinzentas, parece um lavor antigo num retábulo de opala...
E, sobre a sombra do céu, a sua sombra nas águas, recorda um fresco flamengo num muro de porcelana...
Ao longo do seu cais onde os saveiros, inquietos, suplicando bonança, erguem para Deus os braços vincados pelas driças, a tristeza da Penumbra e da Umidade estira-se como um grande gemido de Melancolia...
Desterro tem a expressão de Santa Tereza de Jesus!...
Pelas manhãs engessadas do Inverno, quando as brumas encanecem as Horas e fazem pensar na doçura sem orlas da Renúncia, ela ensimesma-se num Sonho de vitral e fica absorta, de joelhos, enevoadamente a relembrar...
Então, para alegrá-la, as muretas ondulam, em versos de guipure, ao ritmo do vento, as Canções que vieram rimando do mar alto!...
E as músicas dos sinos evadem-se dos cárceres de bronze, e palpitam entre as neblinas, e elargem-se vibrantes, sobre os telhados e sobre a paisagem, em grandes enciclias brancas e sonoras!...
No entanto é vã essa alegria das águas e das torres...
Desterro é a Tristeza que parou à beira do mar!...
Do Mar sempre enamorado de sua Sombra... vaga... contemplativa... feita das sete dores da Saudade...

Minha Ilha

Bendita sejas pelo tempo afora,
Ilha do meu Amor! Meu verde altar,
Com a contrição de quem vai comungar.

Em ti exalto a imagem de meu lar;
O casarão em que a saudade vela,
A contemplar além, beijando o mar,
A silhueta azul do Cambirela.

E canto as formas túmidas, redondas,
Dos teus morros bordados de esplendores!
A cidade que sonha, ouvindo as ondas,
E os meus velhos amigos pescadores!

Ilha do meu Amor! Bendita sejas,
No que tu mostras e no que sugeres!
Na serena postura das igrejas,
E nos olhos castanhos das mulheres!

E bendito o teu céu cor de safira
e o teu agreste corpo de esmeralda!
E o mar, que em torno a ti de amor suspira,
E lábaros d’espumas ao sol desfralda!

E bendito o teu povo de praieiros,
Que constrói ele mesmo o seu casal;
E fala a velha língua dos troveiros,
Como falava o avô de Portugal!

Cerro os olhos e vejo na lembrança,
O que tu tens de belo e de lendário:
Um regaço de praia onde um barco descansa,
Sob as ramas de um cedro solitário!

Ou então uma fonte, um caminho, um telhado,
Docemente a surgir nos braços do arvoredo.
E refolhos de mato abobadado,
Com chilreios, e sombra, e perfume, e segredo!

OFERENDA

Ilha do meu Amor! Por ti palpita
O mais apaixonado coração!
Tu és a minha verde Sulamita,
A luz do meu olhar e a minha devoção!

(“República” – 09/12/1923)

A Lua e a Ponte

Dorme a cidade junto ao mar tranqüilo,
Onde nadam reflexos em cardumes
E ondeiam sombras efêmeras e estranhas.
Em torno oscilam os longos fios de lumes
Como os festões de um vago peristilo.

É tarde. A noite busca o abrigo das montanhas;
E o vento arisco espalha e amadurece
As maresias verdes do canal.

Passa um grande barco de altas vergas em cruz.

E enorme, redonda, a lua cheia parece,
Entre as duas torres da Ponte Hercílio Luz,
Um luminoso gongo de cristal.
(“O Estado” – 09/07/19577)

Misteriosa

A Tito Carvalho

Ela era esquia e fina, e parecia
Um vaso italiano de cristal.
Toda a gente, na rua, quando a via,
Gostava do seu vulto original.

Era a graça, o perfume que inebria
Dum modo estranho e sobrenatural.
E essa gente, encantada, nem sabia
Se no mundo nascera uma outra igual!

- Donde veio, diziam, flor tão rara?
Qual canto da terra? Que cidade
O seu berço de plumas embalara?

Mas ninguém nunca soube a verdade:
Que essa flor de volúpia desatara
Num humilde casebre da Trindade!

(“República – 27/09/1923)

Trindade é um bairro daqui...



Araújo Figueredo

Em redor da fogueira

Rodam na cana verde as filhas da Vicência,
Vindas do Ribeirão, das últimas Costeiras...
Belas almas febris, de rica florescência,
De seios rebentando em botões de roseiras.

Do diamantino luar na espiritual diluência,
Rodam como visões, graciosas e ligeiras,
Rondam de par em par, em célere cadência,
Em vertigem feliz, alegres e brejeiras.

Fêz –se então um rumor de remos nos toletes...
É que chegam do mar uns rapazes. Foguetes
Esfuziam no espaço... E vozeiam cantigas.

No terreiro do engenho a fogueira crepita...
E, ao vermelho clarão que, em derredor, se agita,
Mais feiticeiras são, agora, as raparigas.



Ilusão

Sopra rijo o nordeste. Anselmo vem à popa
De um leve batelão. Vem, contente, a cantar...
Nem se lembra que está sobre as ondas do mar:
E, destemido, d'água o largo pano ensopa.

A leve embarcação embaraços não topa,
Metida a quilha ao vento... É um pássaro a voar...
Rumo da praia irá, num seio descansar,
De bôjo para cima, embutido de estôpa.

Mas , junto ao Cambirela, onde há um precipício,
Que a tanta gente dá o eterno sacrifício
Da morte, ei-la emborcada, a leve embarcação.

E nunca mais ninguém viu o pobre Anselmo:
Menos quem o tanto amou, e, na luz do santelmo,
Parece vê-lo sempre... E crê nessa ilusão!

Posteriormente vou procurar por Oscar Rosas, vou postar uns poemas de Rodrigo de Haro e tentar achar um bom material sobre o período Ultra Romântico aqui da Ilha.