domingo, 24 de junho de 2012

Paisagem


 Paisagem 

 Onde tudo fora passado, 
onde nada resta fazer, 
resta apenas ver-se no tudo, 
se resume apenas em ser. 

 Onde tudo almeja sua luz, 
 afogada dentre afogados 
 tantos corpos, corpos que mortos,
 gemem nomes frios e apagados. 

 Onde tudo dorme esquecido,
 aquecido em dor no silêncio, 
 rostos velhos tão conhecidos
 rotos lumes, brio de um incenso. 

 Onde tudo, tudo, e tudo verte
 um grito solto e silente 
 na agonia que rege os espaços, 
mundo mudo vago e impotente.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Sextilhas




Sextilhas

É a luz do cais como um lar, 
é a volta ao Lar que se fora
(antiga casa demolida)
é a dor, a dor tentadora
miragem sim que não volta
da vida em si encantadora...

São tantos sóis afogados
que o tempo trás para a praia,
retornam como fantasmas
nas sombras, brilham nas raias
(do que não fora e o que fora)
são vidas que a morte ensaia.


O mar que lá d'outro lado,
soa como caos, cá ressoa
é a luz do cais como um lar,
um lar que dói... e que me doa
memória e só, d'outras vidas
que tinge o mar... me povoa...