sábado, 15 de dezembro de 2018

Sorvo




Eu vou trazer meus versos comigo,
como um jazigo drenar, dragar
restos, farelos que'u consigo
eu vou tragar, meus versos comigo
como um destino assim aziago
tragar até que'u vá engasgar
eu vou trazer meus versos comigo,
como um jazigo drenar, dragar.

sábado, 24 de novembro de 2018

Exaustão - Triolé



Exaustão

Pelas tardes de domingo
tem quem se atire nos carros.
Quebrando vidros e indo.
pelas tardes de domingo.
Aos gritos chorando e rindo
arde e queima tal cigarro
pelas tardes de domingo.
Tem quem se atire nos carros.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

O Mal (releitura)




O Mal

Querem purificar o mundo
das coisas retirando a pele
limpando os ossos do resto
fazendo padrões repetidos.
enxergam tudo pela lógica
d’um único olho protocolar
da mais pesada higiene da
necrofilia mais clean de seu
consultório tão purificado
nós de vós de tu e eles em
um auge d’um Eu supremo.
e o mais moral comensal
onde as estrelas estão sim
apagadas grandes buracos
negros sentem a fome tão
perfeitos é onde o que é o
perfeito não muda onde a
carne se queima p'ra virar
cinzas pois a cinzas serão
imortais restringidas em
seu sumo do sumo exato
perfeito tão asceptico tão
incorruptívela a ordem e o
silêncio como a mente do
ido dos distorcidos dos distorcidos dos distorcidos  dos distorcidos  dos distorc
Fiel. Um santo e o superior.

Único.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Trova

A gente tem de ter foco,
tal como na tenra idade
saber que no fim das contas
nos resta a felicidade.

sábado, 1 de setembro de 2018

Deleite


Dorme dentro de mim um mundo esquecido,
onde o murmúrio das pessoas sibilam felizes
 e os domingos fazem sol.

Leve-me pra brincar lá fora, ele diz.

A mangueira no quintal e a alegria das crianças,
"Leve-me pra brincar lá fora!"

É férias e o sol brilha pálido e distante
O café queima um incenso de tarde livre.
Sem escolas a rotina e o deleite da brecha de sol que entra em seu quarto me faz bem...

Mas dentro de mim dorme um mundo esquecido,
 queimando em meu peito
 e pedindo pra sair porque
 hoje faz sol,
 porque a grama é molhada e verde
 e porque hoje é quarta feira...

outro poema antigo, reescrito e repensado.

Cidade





Cidade

É tudo tão grande,
como uma estante repleta de doces para o garoto diabético.
Desejo impossível e imprescindível de fato,
comigo
sentado olhando para todas aquelas janelas,
contando as gerações que habitaram formigueiros...

Setenta, oitenta ou noventa
 eu não me importo.
 Mas me conforto com  leve incômodo
 de saber que estas décadas tácitas são de trens
ainda passam por estas paisagens,
cada vez mais distantes como um satélite se desprendendo,
caem no esquecimento assim como eu
 e toda esta torrente
 que acompanho.

Trens de emaranhados sociais
se dissolvem n’um redemoinho delicado
como café solúvel,
perigoso como nylon,
com tantas e tantas linhas paralelas
 que se esfarelam com o passar destas vidas.

Mas é tudo tão grande,
se impondo diante de mim com todas as suas janelas,
meus moinhos de vento estas luzes,
esta paisagem de meu Desterro
com cada e cada janela brilhando
com as procelas de cada vida
se dissolve
nesta paisagem,
dizem que são brasas de um incêndio,
queimam nomes que sibilam que nunca serei aquele que os consumira.
Queimando nomes como lenha para a noite,
como alguém acende  um quarto.

Gaivotas



Eu vejo o sul no olhar das gaivotas,
no gelo azul do céu ao fim das vagas,
o anseio profundo de estar em frias rotas,
sopro fundo de um lar que se apaga.

Memórias vagas, revoam em seus bandos
de asas brancas, cinzindo visões
de Mundos vistos do céu em gerações,
memórias breves de um mar se dissipando.

Eu vejo o gelo no olhar das gaivotas,
(no gelo o anelo do céu com suas nuvens
de branca espuma) e apetecem  as rotas
d’outrora, mares de anis que as seduzem.

Eu quero o mar no olhar das gaivotas,
em tons e ventos aquarelados
pasteis de ideias, perfumes e notas
de um mar real, pois romantizado.


poema de 2009 reescrito.

Mataram As Fadas







Mataram As Fadas

Mataram de vez todas as fadas
e nada mais restou, nada resta
o mundo se acabou nesta festa
de corte com pessoas cizentadas...

As vezes eu procuro nas frestas
buracos no reboco, mas nada
mataram de vez todas as fadas
e nada mais restou, nada resta...

O mundo tem sua cor apagada
no efeito da rotina indigesta
e as cores da memória arruinada
é dor! Dor do remorso na testa!
Matamos de vez todas as fadas!

Reescrevendo um rondel muitos anos de idade, vendo o como envelheci.