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segunda-feira, 1 de março de 2021

Prólogo

2013
 
Nos contornos cinzas cinze indícios de vida, no alto daquelas torres de concreto. E no entorno, a tinta finda azul, despercebida no asfalto daquele escuro mundo infesto. Essa figura está dentro de uma janela e fulgura em sua torre dentre milhões de torres. Era ela dentro de um apartamento. Visões que sangram vastidões, era ela em tantas janelas, transpondo a esperança e o sonho.
Essa dança, na falsa instancia de uma existência adulta. Existência forçada e moldada em uma função aquém, terceira  e estranha.
E ela dança e se enleia em exóticos tóxicos dissolvendo-se em sua existência. Na latência de um Nada num gozo tênue e infesto de imagens. Engrenagens de algum sabbath oculto que permanece sobre o inferno empesto sob o asfalto. Do alto, no interno casulo, desconhece o barulho do mundo sob seus abrolhos. Um inferno.
O inferno fulgura como brasas após um incêndio. Forma-se presente, frente aos olho vivos como uma escultura. E ele pulsa, nas luzes do que fora uma cidade, ele pulsa como um parasita sobre a realidade.
E esta, se contorce.

2021

 Nos contornos que tornam a torrente turva de indícios de vida, se olharmos naquelas janelas, no brilho fosfóreo, a silhueta. E no entorno a tinta finda azul, despercebida no asfalto escuro e infesto. Silhueta que vibra e pulsa dentro de uma qualquer janela, ela é ela e está onde deve estar. Era ela dentro de um apartamento. Pulsando, como uma aparição, visões que sangram vastidões e vertem sobre as gotas de chuva a memória de morte de nossas juventudes. Era ela janelas, transpondo esperança e sonho, como um peixe demônio. Essa dança, goza a instância de uma inocência distante.

E ela dança e se enleia, se dissolvendo, em gozo, desmanchando-se em reflexos em gotas de vidro.

Na insistência de desejo, fantasia-se na latência de um Nada infesto de imagens. Fantasia-se pois é feita de desejo. É cor, e cor é morte como algodão doce, sob o cheiro de tinta suaviza no desenho de seu corpo, indicia tudo e divisa no empenho de dar-se forma. Seduz, pois é memória, e induz ao medo da perda. Seduz, pois é memória, e induz ao desejo da permanência. Seduz, pois é memória, e induz à dor do consumo. No inferno que fulgura como brasas após um incêndio.

Do alto, trepidando, observa o barulho do mundo sob seus abrolhos. Na varanda de um apartamento se escora, desanda, sem alento e chora. Trepida e se descora, de tez fria. Trepida e se descobre em cores novas. Um inferno, como brasas de um incêndio, mas brilha fosfórea como memória, como desejo e como perda.

Forma-se presente, frente aos olhos vivos e pulsante como o seio de uma cidade, seduz promessas de vida, de poder viver. E pulsa parasita sobre a realidade, e esta... se contorce.

quarta-feira, 21 de março de 2018

Prosa Poética



Guando aquele anjo desceu ao mundo dos homens percebeu as grandes estruturas de suas cidades mortais. Era de ferro forjado os gigantescos obeliscos de concreto, abertos em pequenos sulcos onde, como abelhas, viviam e perambulavam os mortais, alguns sem nunca pisar no pó de ossos e cilica daqueles vales desvatados pela história mundana.
Seus olhos passaram por rios secos e fontes violadas por canos de latão e alumínio.  Que desciam e subiam como vermes pela superfície arenosa, onde em suas sombras se erguiam barracas de parcos humanos cobertos por uma miríade de panos e plástico.  Onde, como pequenos pulgões na paisagem, extraiam o pouco de água através de arriscadas obturações.
 Seus olhos viram longas valas cobertas de ossos.  Onde o atrito e o tempo formava camadas de uma mórbida geologia. De massacres antigos que hoje serviam para extrair cálcio e húmus.Seres de ferro roíam aquela paisagem grotesca. Formando linhas simétricas, dançando como vermes perfeccionistas se alimentando da derme de um animal  morto.
Esse anjo passou por cidades e cidades vazias, onde o pó cobria o  que antes fora vida.  Onde hoje os escuro é temido, onde infesta uma vida esquia daqueles que no abandono e na fome esqueceram de todo o resto, homens e ratos se devorando. Sob escombros daquilo que não mais reconhecem, estes resquícios do esquecimento perambulam de cócoras por entre ruínas de uma cultura.
Mas o anjo passou por longos desertos de sal. Onde a morte impera á não ser por estranhas figuras secas, tecendo fios entre fendas corroídas, esperando entre o estupor e a fome.  Embarcações alaranjadas pela ferrugem ruíam e gemiam como moribundos cães abandonados.
E quando  este anjo contornou todo o globo, pousou  em um crânio de um gigante esquecido. No alto de uma montanha onde este prodígio descansou em sua última noite. E quando este anjo olhou para aquela paisagem vendo a ruína de nossa espécie simplesmente bateu suas asas para outro planeta, havíamos fracassado no jogo dos cosmos, tornamo-nos ferrugem e poeira. Como tantos outros milhares de globos em um vazio breve...
Outro planeta e outra espécie, pensou o anjo, talvez outra espécie em outro planeta vingue.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Fluxo de consciência 2


Alto se percebe o som dos pecados humanos, um grito eterno e imensurável de um gutural escuro. As repetições de frases em meio à ferrugem de barcos que abrem a por ta do inferno. As pedras dizem em um silêncio apático, rostos nas pedras fincados esmeram o firmamento esperando um regalo da superfície.
Escadas se erguem e tombam, colidem levantadas por mãos profanas, presas ao solo acinzentado. Tudo reina em um silêncio ruidoso, refletindo o  estouro antecipado  ao  infinito, a eterna espera e o riso insolente do desespero. O  riso insolente do desespero tem as portas  cerradas, o riso soterra passagens em seu cinismo.
Como um pesadelo, como aquele que devora os frutos da fome, a gula e o ímpeto e a ânsia eterna sob o pensar demais.

A nuvem que baixa é neblina, como o sonho, o inferno e o vale dos suicidas. O desejo da estrela e do firmamento é a  grade sobre a égide do riso de Cérbero: Esta afirmação sem alma, o arquétipo do policialesco, a coleira e a ordem.  

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Fluxo de consciência 1 (tentativa)



Aquele olho, presente em mim, embrenhado entre inteligíveis fluxos de memórias. Como um pequeno caroço térreo em um cérebro formidável. Esse olho, consciente à parte, como uma caixa de Pandora, como um relicário infantil, um estojo da escola.
Como um estojo escolar esquecido pela profanação do cotidiano, sem que a torpe Apatia tenha recortado para algum outro símbolo, alguma outra função banal.
Eu tenho um olho embrenhado em meu cérebro, feito de uma imagem distorcida, como um retrato de meu arquétipo.
Eu sou um arquétipo. O tolo, o desajustado, o gênio excêntrico, o outsider que sempre estampei em meu peito e costurei meus traços com estampas azuis e retalhos escolhidos a dedo. Eu sou um arquétipo, um tolo! Um desajustado! Um gênio excêntrico e um outsider! Eu rasguei o meu peito e costurei meus traços com trapos azuis e retalhos espoliados do medo.  Abri meu peito achando liberar um enxame e as vespas fizeram um ninho ali .
Mas aquele olho, como um brasão arde ainda e versa coisas em minha imagem. Um pequeno talismã frente a ferrugem em minha alma. Um pequeno ponto.
Aquele olho representa a mim, azul e azul como a infância numa tarde de domingo. Sem alivio, luzindo, transparecendo aquele que não entende a brincadeira. Azul de medo e em versos feitos de medo, azul doente e frio como quem morre de medo. Azul de mar,convulso rugindo chamando meus nomes, engolindo e regurgitando a prole de minhas sombras. De Minha Sombra e todo o rastro que deixo na maré, abandonando  e esmerando achar na orla, pedaço  de mim... pedaços de mim..
E tenho um olho… Sem pálpebras, sem iris e aberto embrenhado entre inteligíveis fluxos de memórias, retendo, pulsando imagens, encarando a mim, essa pupila negra e infinda.  Essa pupila interna, portal como um espelho prenhe no humor vítreo.

domingo, 29 de setembro de 2013

Prólogo

 
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Prólogo

Quando eu era um moleque, tinha um futuro cinzelado  e brilhava como as janelas do meu prédio.
Num azul fosfóreo e marinho.  E entre o gelo do sul e as cordas do barco, colecionava amores em minhas cicatrizes
e morreria ébrio no frio de uma navalha.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Ela



Ela dissolvia um halls preto na boca cheia de vódka e tinha um cão chamado Salazar.
Tinha um nome conhecido e um nome que muitos já se esqueceram.
Nome que podiam chamá-la, nome que podiam faze-la sofrer.
Nome que paira sobre um ar de desconforto.
Mas já foi o gozo e a dor de muitos homens e tem um pequeno cemitério por de trás dos tonéis.
Ela os vê brilharem a noite mas ela sabe abrir qualquer animal.
E pode enfiar suas mãos em suas entranhas.
Sabe limpá-los. Torna-los puros e inofensivos.
Arranjar-lhes um lugar. Como já fez em muitos homens.
Lugar dela, um barraco no alto do morro que sabe concertar com qualquer coisa que encontrar.
Ela sabe que ali ninguém mais a incomoda.
Mas ela dá cigarro aos garotos. Mas enterrou aquele que seria um.
Ela já viu o inferno que é o paraíso dos homens.
Ele foi o primeiro de tantos.
Hoje ela tem tantos dentes na boca...
Ela cheira á óleo e ela tem cabeças de bonecas e ela tem uma cadeira de rodas no armário e ela  sente pequenos insetos se remoendo entre os dedos, coçando, fazendo caminhos.
Se sente mãe de tantos.
Ela não tem idade mas tem um nome sempre sussurrado por um pequeno cemitério por trás do tonéis, com cabeças de bonecas. E ela poderia limpá-los assim como aquele que seria um, pois sabe abrir qualquer animal, mas ela os vê brilharem a noite.

sábado, 29 de junho de 2013

Sonetos antigos em prosa...



Experimentando...


Soneto I

Eu não mais enxergo aquele meu rosto... Todo o meu calor findou e foi perdido lá nos vendavais de velhos desgostos, todos de um futuro estranho e vencido. Traços de um amor ao ontem retido todo num sonhar, ferrugem é o meu gosto e traço, de um homem viajante: estranho e esquecido. Sou o tal  que voltou de um fim decomposto.
Já não mais enxergo aquilo que escrevo, esta má melodia de tempos amigos, neste manuscrito de vis tatuagens. Nem sei se me lembro além do que não devo: linhas que carrego in-derme e comigo numa confusão de mil maquiagens! 

Soneto II

Segunda feira perdida no batente. Domingo esmera a rotina que resiste. E a morte espera tão terna e tão contente tal todo aquele mormaço que resiste.
Vem terça feira, na tarde sempre triste de um outono azul. A marinha cor se sente nas poças d'agua, num blues que bem consiste na luz da noite de fim de expediente.
O bar de sexta, semana que apagada me lembra as quintas já mortes e enterradas, portões fechados p'ra vida ser cigana. E o  vinho no copo descartável se torna o éden de todo miserável na noite opaca do início de semana.

Soneto III

Felizes as pessoas, são todas felizes janelas por brilhar nos prédios, que são vidas distantes a luzir. As vidas refletidas são belas fantasias, são todas boas atrizes. Mas neste mundo cinza imerso em pesticida as luzes por brilhar são todas meretrizes. Perdidas se cortando e escondem cicatrizes fugindo do terror de serem percebidas.
É tudo propaganda entenda a brincadeira. As proles ao cantar o fel mais hedonista, sorriso de amarela estampa corriqueira. As luzes! Ah as luzes! A encantar são apenas... é só luz! Que ainda vai apagar. Sumir vai... da vista! Tal vidas que estão lá e no fim nada reluz ...



sábado, 8 de junho de 2013

Chá de Hibiscus




Chá de Hibiscus 

Foi como se aquele estranho, ao embaralhar as cartas, tivesse previsto tudo. Antes que o segurassem, conseguiu esconder seus pertences no casaco. Casaco aliás, que mesmo anteriormente amarrado em sua cintura, suavizou as surras e pelo seu aspecto morfético, como se costurado com a pele de ratazanas pré-digeridas, fez com que esta coisa continuasse com o dono. Depois da surra, meio sem saber onde estava, tirava o Louco e na carta invertida o Sol, depois o Enforcado. Louco primeiro pois era a carta ativa e o sol, obviamente inativo, já o enforcado era a questão. Falta agora a conclusão e o consulente.
 Seu nome era Jeremias e ele bebia. Misturando aguardente, chá de hibisco para assim pensar melhor. Acreditava que esta era uma ótima forma de emagrecer, mas no momento esta não era a preocupação, com as cartas apoiadas em sua barriga, sua testa frangia centrada em como sair desta encrenca. Mas, acima de tudo, no porque dela.
 Estava em um barco fuleiro em alto mar. Tudo o que ele tinha, era justamente o que sempre lhe ajudou a pensar. O Louco, era óbvio, já estava respondido: Ele não sabia porra alguma do que fazer e não conseguia lidar com a gravidade da situação, no mar, era o próprio cenário a invocação do arcano: a instabilidade do mar e o abismo oculto era o seu sorriso de ironia. E o Sol invertido apenas afirmava isso.
 Mas e o enforcado? O sacro e o ofício? O sacrifício, a ação mais pura do homem santo? Ou, uma troca de merda. Ele já sabe o que perdeu, mas não é ai que o enforcado entrou. De jeito nenhum. Mas a situação já estava pelo pescoço, nem uma ave no céu, nem uma nuvem, era o azul mortal. Sentir-se-ia mais feliz se fosse um leproso, ou quem sabe um pouco de sífilis? Essas questões, pensou, não importavam no momento, era melhor voltar à realidade.
Resolveu tirar a vez do consulente, apresentou-se o Diabo, bem aquilo fazia sentido, isso deixava as coisas mais claras. É mesmo, agora ele se lembra, andara correndo nu atacando as pessoas às mordidas. Só que não, não era licantropia, pois se não haveria um sentido e não loucura. Mas não, ele não se transformava, era apenas um impulso, de sua cabeça quando esta descia pra baixo ou virava de ponta cabeça? O pentagrama estava invertido? O impulso animalesco foi a prisão da loucura? O irracional...
Mas questionar a natureza do surto não ajudava em nada, em suma: Fora exilado no limiar dos mundos, na representatibilidade da loucura, por estar dominado pelos instintos e terá de sacrificar-se de alguma coisa, em sua plenitude moral, na superação de si. Pois bem, conclusão? Ha! Sim, que bom, a Morte, alguma coisa vai mudar. A libertadora suprema, a grande abertura para o desconhecido. Mas para isso tem de abrir mão de alguma coisa. No meio do nada?
Tinha apenas o chá de hibisco batizado, o tarot, seus tormentos, o barco e o casaco. Achou melhor terminar a garrafa, encher a cara, pensar melhor. Apagar de uma vez, que se dane. Não sentiu a salvação bater em seu barco, uma embarcação maior, com remo desta vez. Mas naquele estado era, enfim, dado como um homem morto, talvez empesteado, não subiriam o “cadáver” que dormia no sono dos tolos. E a morte estava ali, decepcionada, por sorte não havia ninguém embaixo que a visse descer.



 Exercício de frases:Foi como se aquele estranho, ao embaralhar as cartas, tivesse previsto tudo. e por sorte não havia ninguém embaixo que a visse descer.

domingo, 12 de maio de 2013

Implosão



Implosão


Escuta-se a turba a clamar dentre meus ouvidos, um zumbido adentro a queimar, que perturba a consciência. É m grito antigo, perene e prenhe de uma angustia eterna, interna, e enferma. Um grito expiatório, um zumbido de pressão, apitando ad eternum. É um estouro aflitivo, sangrando um sumo impulsivo, germinando contido pela matéria. Dentre a miséria do físico ser, um ser limitado, em ser um ser finito pressionado na constrição dos dentes. Numa ânsia explosiva, onde todo um turbilhão se afoga em si, tentando insurgir sobre si! Tentando expandir-se e virar-se pelo avesso! Sangrando pelos ouvidos, olhos, dedos, suor.. Queimando e dissolvido, ressurgindo, regurgitando a devorar-se. Num coro grave e gutural. Tantas almas, tantas vozes algozes que retorcem e gritam tantos nomes, tanta informação vinda de multidões internas e sufocadas. Presas em um corpo, a gritar desesperadas pressionadas pela rotina. Gritando um ruido de nomes e súplicas enquanto este corpo toma um café, só para aguentar o trabalho.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

GERAÇÃO RITALINA texto de juliana szabluk



  Texto por juliana szabluk LINK DO PERFIL DELA


GERAÇÃO RITALINA

 Ligo a TV e, pra minha surpresa, vejo uma matéria sobre a venda livre de ritalina em Porto Alegre. Usei ritalina por muitos anos. Usei ritalina não porque sou dependente química, mas porque era dependente do modo de vida que exigia ritalina. Larguei a ritalina quando ela começou a ser o remédio mais difícil de encontrar. RITALINA SEMPRE EM FALTA. "Vendo mais ritalina do que aspirina", diz o farmacêutico. Pois é, pessoal. Uma triste realidade que parece loucura para meus novos amigos, mas uma realidade massiva nas novas gerações, que tanto pesquiso e amo.

Ritalina é o remédio pra déficit de atenção e hiperatividade. Ela trabalha no córtex cerebral, aumenta o fluxo de dopamina e noradrenalina, neurotransmissores que funcionam mal em pessoas com déficit de atenção. Mas é a geração que ama correr, que ama consumir sexo, consumir festa, consumir chocolate, que ama consumir tudo muito rápido, tudo ao mesmo tempo, tudo motivado pela dopamina. Ode à dopamina! Nos anos 90, éramos todos bipolares de acordo com a medicina e a mídia. Nos anos 2000, tínhamos déficit de atenção: toca ritalina na criança! Ela tem DDA.

DÉFICIT DE ATENÇÃO? Eu fui professora sete anos da minha vida e dava aulas pra essas crianças e adolescentes. Eram centenas de jovenzinhos correndo e gritando ao redor. Conversei com cada um deles e ninguém está desenvolvendo tais doenças. O que acontece é consequência natural do modo de vida atual. Nossos parâmetros não acompanham a mudança estrutural do próprio cérebro. Queremos ter o cérebro do artesão na era da separação máxima, a separação da experiência de vida do próprio indivíduo. TOCA RITALINA NA CRIANÇA. Ela emagrece, foca, fica quietinha e produz que é uma beleza.

NÃO EXISTE DÉFICIT DE NADA, EXISTE UM SISTEMA IMPOSSÍVEL DE VIDA. Acordar 6am e ser paga pra pensar, pensar o dia inteiro e concluir o dia pensando na faculdade até 23h. Pensar com prazo, pensar pra ontem. Pensa isso, lê isso, sabe aquilo, decora aquilo outro, o sistema do conhecimento exige potencializadores cerebrais, OBVIAMENTE. Não é à toa que descobrimos as falhas no córtex das novas gerações. Mal posso esperar a vinda de Susan Greenfield ao Brasil este ano. O que está acontecendo com o cérebro dos jovens?

É UM NOVO CÉREBRO, NÃO UM CÉREBRO DOENTE. Não existe mais emoção alguma nas coisas que fazemos, é isso que eu concluo. Símbolos se tornaram ícones, situações se tornaram fatos. Consequentemente, a memória de curta duração se expande e a memória de longa duração se perde. Trabalha, memória de curta duração!!! Decora fatos, ícones, nomes, imagens. É isso que te forma. É isso que forma teus dias. E é o que mais ouvimos:

O BOM DA TECNOLOGIA É QUE PODEMOS FAZER TUDO AO MESMO TEMPO. É a frase favorita da geração Milênio, a geração da perda de significado, como tem sido chamada por grupos de psicólogos. Sem significado, sem memória de longa duração. Trabalhando na curta, precisamos da ritalina pra focarmos, pra não esquecermos o que fizemos há 5min.

Eu tive provas exigindo o placar do jogo do Grêmio de ontem. No mesmo dia, me exigiam redações emotivas sobre qualquer coisa que também não fazia parte de mim. Não existe coerência alguma e o conhecimento é sempre descontextualizado. A culpa não é da academia. A culpa é de todos nós, que aceitamos o modo de vida do conhecimento separado. Ah, Fedro. Teu diálogo nos avisava que o primeiro livro faria isso conosco. Mas, mesmo que o livro seja a primeira tecnologia da inteligência a separar o conhecimento, a culpa não é do livro. A culpa é nossa por viver os fatos cotidianos como histórias em livros. Tragédia x catarse em seu ápice. Taí a consequência que pedimos há séculos. Finalmente, estamos separados de tudo. Finalmente, não temos ligação com os próprios fatos que vivemos. Finalmente, preciso de uma droga pra me ligar à minha própria vida.

A culpa é nossa por aceitarmos cada experiência de vida como instagram. Por viver cada momento como um show no palco, como uma festa no álbum do face, como um relacionamento que se apaga no status. Preciso lembrar/preciso esquecer. São as chaves da era da rede. Adiciona/exclui. Brincamos com o cérebro como cobaias num experimento.

GERAÇÃO RITALINA, a geração sem foco, a geração sem significado, a geração sem memória de longa duração, a geração ícone, geração fato, geração manchete, geração avatar facilmente deletável. Não adianta se opor à Ritalina. Quanto mais lutamos contra a indústria farmacêutica, mais ela cresce, porque ela é consequência de um modo de vida que pedimos diariamente. Tua contradição alimenta a indústria.

Ode ao texto que escrevi no perfil antigo e que apavorou todo mundo: eu não uso drogas, minha vida é uma droga. Nada é mais verdadeiro do que isso. Nossa vida é a droga, a ritalina é uma consequência da nossa aceitação e potencialização do sistema. Se não querem ritalina, mudem todo sistema, que já está falido mesmo. Quanto mais falido o sistema das imagens, mais as novas gerações potencializam as imagens.

OS PAIS PERMITEM E SE APAVORAM COM O USO DE DROGAS. Pai, menos. Tu aceitou isso, agora abraça o kit que tu deu pro teu filho. Teu filho é parte do sistema com o teu aval. Teu filho é a geração da ode à dopamina.

E eu...? Eu cortei até o chá de São João. Nenhuma ina no meu corpo será permitida. Dia após dia, corto mais e mais. Meu objetivo é a saída total disso daqui. Fim de ritalina, nicotina, cafeína, taurina, efedrina, dopamina. Fim de imagem, separação, contradição. Quanto menos ina no meu corpo, melhor. É o que eu posso fazer pelo mundo, por mim, por ti e por meus filhos. Não adianta lutar contra a indústria quando tudo está interligado. Não existe separação. Tua luta separada contra a indústria alimenta a indústria da separação.

Beijo pra quem fica e ótimo dia pra nós!
Dia de filosofia com o britânico Simon Blackburn.
Pra que serve a filosofia? – pergunta Blackburn... Pra eu saber que cada ato meu no mundo é uma guerra amorosa contra este sistema.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Presságio (Prosa)




Eu vi o diabo desembarcar na ilha e trazia nas suas costas a matilha de faces deformadas no mormaço tão denso, tão denso nos seus traços. Nos estilhaços de seus escravos bem pululava um torpe argumento que decompunham os restos ululantes, restos que gemiam de dor, em medo, num desespero desesperançado. São feitos de memórias distorcidas, como bonecas autômatas de um gênio mau. Felizes nas suas festas, olhando estas figuras que brandiam seus  vícios como estandartes, clamando velhas posturas que perdiam-se em vestígios mornos de suas artes. Uma escatológica caricatura de cacofonias inconclusivas, discursos indiretos de velhas mentiras sobrepujando movimentos deteriorados.
Ó! Admirável Mundo Novo, eu vi o diabo desembarcar na ilha e trazia nas suas costas a matilhas de gente que tão bem conhecia...
Em um segundo o mundo tornou-se um corpo imundo, o grotesco mais profundo a rir, a rir de mim desdenhando da verdade mais silente, querendo a atropelar no silêncio ruidoso daquela festa, se dissolvendo no recobrar de minha sanidade. As suas milhares de bocas penetravam naquelas almas conhecidas, e aquela atração estranha, aquele destino eu podia dissolver em asco. Eu, como um rato, me mantive puro pressentindo a tempestade.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Me esqueça...




Me esqueça, assim sem mais nem menos e ao menos, se não quiser, que por favor me ignore, nos ignore, todos nós. Somos só os esquecidos, aqueles que ficaram por ser, na raia de sua realidade, como um vulto em sua janela. Fomos possuídos por tudo que poderíamos ser, entalhados nos mais frágeis sais, no mais sereno infanticídio. O fracasso em si, de tudo por se iludir, de todos os reflexos contidos, tantos portos abandonados  na desistência  perene e densa, como sufocar-se.
Mate-nos, por favor, pois perdemos, em seus jogos, em seus emaranhamentos  que só os direitos entendem, como quem só enxerga o que vê. Cada perda retida na excitação de um segundo, no flagelo do golpe mais antigo com as cicatrizes nos retendo, na rede a carregar-nos para longe.
Essa é a realidade, a gozar a mais ingênua maldade que fulgura no prazer de suas vidas. Se esqueça, me abandone, afogue-me em seu inconsciente. Com cada idéia e cada projeto morto do Algo que deveria ser e estar, o fomento, o mundo que não cresceu. Escravos sim, nos encaramos na dor, nessa decepção de nossas essências, carregando o fardo de todos os fardos. Na superfície gélida Caronte nos olha, essas pequenas luzes somos nós, a superficialidade sempiterna, a luz daqueles que não tiveram face. Nossos pulmões cheios de Letes, em um beijo denso, penso ou pensamos em tantos possíveis futuros, por favor, não nos conte o que seriamos! Pois o escuro hoje dorme além de toda morte e a dor de nossas existências  pulsa forte em tudo o que fora perdido, o que não agarramos com os dentes.
Mas nós olhamos a ti, sabe? E sentimos por tudo, me perdoe, mas tu em teu caminho, quem és? O que em ti nos apetece? A fome, o desejo? Tu nos seduz para nos agarrarmos em ti com todas as nossas ânsias. Por favor nos esqueça, nos abandone.
Por favor, não nos conte o futuro nem o que perdemos! Temos em nós cada lume que ansiamos por apagar; Abissais, iremos para a treva que nos enleia!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sangue Frio



Sangue Frio

Na doença mais insuspeita, no medo mais inerte eles se deliciam com nossos pensamentos. Na doçura das dores parasitas...
Felizes, no breu mais doce observo imerso nesses dois, na inveja, na dor dos infelizes rancores, no medo mais inerte que perverte meus sentimentos salvos de deleites alvos e pueris... Eu os observo, os observo como um lagarto na parede, paro meus batimentos presentes ao ódio ígneo que me seduz e queima e reluz tão vermelho e denso como meu sangue sujo, seco e sujo... Alimentem-me.
Olhe toda aquela liberdade aquarela, aquela alva e alegre alegria de almas ascendentes em suas aventuras amorosas... Há! Como uma tênia me delicio e nutro-me com aquela cena, vampirismo, feito um fantasma insano assombrando esta cena alegre. Como uma sombra voyeur ou qualquer turvo e confuso horror escondido.
Dizem que o lagarto tem fascínio pela face humana...
Sangue frio de um vazio que inveja, todo olho que encara deseja algo da alma de outrem. Queremos permutar algum lume raro... Eles, eu, estes de sangue frio querem e sabem que querem algo que não sabem o que é. E podem, como eu, qualquer ato, mas não consideram.
Eu os quero e almejo com todo o ódio possível em um destrutivo ato de amor, pois eu quero de volta tudo aquilo que deixei definhar na indiferença.  Mesmo que não tenham e justo essa natureza infiel privar-me? Tão jovens e tão tolos, como os quero, quero-os como um demônio em uma garrafa...




Detalhe, nem tudo o que eu escrevo é pessoal, eu entro em personagens....

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Não era um cervo




Eu só quero saber o que fora aquilo, meu Deus. Fora numa quarta. Bruna e eu estávamos à dirigir no caminho para a casa de Camila. Sempre aquelas árvores, brancas e que se contorciam, como, me pergunto, pode haver coisas tão feias como eucaliptos.
Devo confessar que bebi, não muito, mas o suficiente para ainda poder desviar da noiva enquanto metia o carro encima de um casamento. Usavamos cintos de segurança, só não sei se Bruna usava... Estávamos felizes! Eu porque a mão dela estava em minha braguilha. Céus aquilo que era mulher, ancas que fariam qualquer homem feliz por uma eternidade e aqueles lábios grossos, mas bem, sem distração.
Voltando ao ponto, era próximo á meia noite, o sono caiu sobre mim e acordei no solavanco com o carro desgovernado, duas pessoas no vidro do carro, os berros de Bruna e o sangue que não era meu.
Você pode rir por eu dormir numa hora dessas, pode rir, que seja eu não me importo mais, só pensei na hora na merda que eu fiz. Bruna tava em estado de choque e eu um estúpido sem reação. Pensei em dar no pé e cair fora, mas o meu lado políticamente correto impedia que eu deixasse pessoas morrerem na estrada por causa do meu estilo de vida. Lá estavam os dois, um casal de cadáveres já, uma loira gelada e um coroa de terno feito à mão, bom o terno, mas sua cabeça havia estourado embaixo do pneu...
Sentei no encostado na porta do carro procurando algum pouco de auto-controle naquilo que eu mais amava, Bruna ali tremendo no carro... Eu ia ter de fazer todo o trabalho sujo sozinho... Peguei o pano, um trapo qualquer que eu tinha no carro e fui primeiro ver quem era o casal. O sem cabeça tinha carteira, tinha dinheiro e tinha documentos, era da mesma marca que a minha, a carteira com os mesmos cartões de bancos e o mesmo nomes nele. Porra cara, era igual á minha carteira, tinha a porra do meu nome e tudo ali era meu. Eu tava bêbado mas que sei o que estava dizendo, eu comparei, tudo ali! Creio que foi o querido Jhonny Walker que me fez seguir em frente.
Hora do corpo da mulher, eu não queria mexer naquilo... Mas tanto uma curiosidade mórbida como o medo da dúvida me motivaram. Ossos quebrados, eu não ia dormir até aquela mórbida certeza desaparecer, eu não ia dormir de qualquer modo mesmo. Não pude reconhecer o rosto, mas Bruna era loira mas ela parecia mais velha, se não fosse pelos ossos quebrados e pelo sangue podia dizer que ela tinha um quadril bonito, podia, era igual ao quadril... cara isso me contorce o estomago eu tava tendo tesão pelo cadáver da minha mulher... Certo, eu tinha de fazer alguma coisa, graças ao João Caminante tive forças ou pouca ciência da situação e resolvi ter a linda idéia de jogar os cadáveres no mato, mas o que eu faria? Eu seria preso por matar a mim mesmo?  Eu tava confuso, só queria sair dali. Cara, aquele terno era muito bom, eu sempre quis um terno assim e aquele filha da puta usava, cara pensei em levar o terno mas era doentio demais...
Eu tava bêbado porra.
Larguei-me e larguei ela no mato, corri para o carro, Bruna estava graças a Deus inconsciente, liguei o carro e dei partida olhando para trás como se eles fossem correr atrás de mim.
Quando ela acordou, ela me perguntou o que houve e respondi que foi um cervo. “Querido, estamos em Santa Catarina”, “Foi um cervo porra! Foi a porra de um cervo cacete!”. Ela ficou assustada, controlei a respiração e disse, “Querida, desculpa eu te amo, mas me prometa uma coisa?”, “O que?”, “Nunca me peça para usar um terno, nunca me dê um terno feito a mão entendeu?”, “Porque querido”, “Só me prometa isso cacete!”.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Deleite



Dorme dentro de mim um mundo esquecido, onde o murmúrio das pessoas sibilam felizes e os domingos fazem sol. Leve-me pra brincar lá fora, ele diz. A mangueira no quintal e a alegria das crianças, um dente de leite ainda por cair. "Leve-me pra brincar lá fora!" É férias e o sol brilha pálido e distante. E o café queima um incenso de tarde livre. Sem escolas a rotina saiu de férias e o deleite da brecha de sol que entra em seu quarto me faz bem...
Mas dentro de mim dorme um mundo esquecido, queimando em meu peito e pedindo pra sair porque hoje faz sol, porque a grama é molhada e verde e porque hoje é quarta feira...

domingo, 18 de dezembro de 2011

...



Durma,durma que os seus olhos outorguem o mundo dos seus sonhos. Onde sua sanidade seja certa, seja soberba de todas as realidades inatingíveis; como uma criança em uma sorveteria, a escolha mais prudente é sempre provar um pouco de cada sabor...
Todas as oportunidades possíveis na eternidade de um sonho... Quantos se perderam no caminho? Sós e engaiolados, sozinhos em mundos vastos e populosos em um etéreo e esplendoroso artificialismo.  Quantos paraísos imprecisos de realismos superiores, de uma tênue  liberdade irônica. Tragicômica natureza morta.
Durma, durma que não tem limiar entre o nosso e seu mundo, e o terrível reflexo revela realidades que os olhos censuram, num esmero pela verdade que almeja distancia dessa senil limitação. Durma, durma que todos os segredos vão emergir como afogados de bocas costuradas, atadas, querendo na barca assomar e berrar e urrar um uivo ancião, ulular todos os segredos, liberar como moscas em suas bocas antes que o Silencio os engula.
E venhas a acordar, se esquecendo.

sábado, 3 de dezembro de 2011

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

16 de julho de 2011




"Imaginação querida, o que sobretudo amo em ti é não perdoares. " Andre Breton, Manifesto Surrealista, mil novecentos e vinte e nove, ponto. Quebra de linha, continuando o texto, me pergunto, longe de todo o contexto, desta querida imaginação: como eu te odeio?
Existem aqueles em que mais vivem dentro de si do que no mundo que o cerca, e deixam de viver, naquele bar, num sábado como um epílogo deste semestre na faculdade, deixam de viver e ficam num ângulo obtuso na parte aguda daquele lugar, cá eu, lá olhando as pessoas. Porque interagir se eu posso observá-las e inculcar-me com minhas próprias conjecturas? É claro que isso foi retórico, uma pergunta retórica seja lá o que raios for.
Observá-las, nisso percebo a capacidade de uma colega de seccionar as suas realidades, e em meio á tantos rostos felizes eu fico observando, juntando vagas peças. Como elas conseguem? Nessa ciranda, serotonina do que adianta, essa sua sina nessa ciranda, felicidade, por onde andas nessa cidade?
É essa melancolia, que me torna feliz, numa felicidade tão distante. E fico imaginando histórias ou refletindo todo o tudo do que me cerca, esquecendo que a realidade é passageira e meus atos não correspondem ao tempo real, onde é que eles conseguem seguir esse tempo tão mais factual que o movimento de uma dança? Que substancias eles metabolizam diferente de mim? Eu não sei como acompanhar esta dança, eu não sei e não sei se os invejo. Imaginação, onde me prendes? Melancolia, essa felicidade, o que sobretudo amo em ti é não perdoares.

sábado, 2 de julho de 2011

Cansado

Estou cansado dos dias da semana, de suas repetições indivisíveis onde as gerações caminham para o esquecimento. Estou casando do breu que emana de suas variações compreensíveis numa saturada repetição dos dias. Cansado, da rotina e a corrosão de um processo que aglutina memórias, comprimindo nessa vida rápida estéril e moderna. Reprimindo essa vida lúcida feéril, sempiterna. Estou cansado por terem travado a roda da fortuna e findarem entre a glória e miséria, numa matéria simplória terminarem, numa gatuna moda, roubado todo o fado que restou.
Cadê meus livros velhos de cavalaria? Onde, talvez, restaria algum resquício vivo de alguma coisa que eu não sei o que é, e esta Coisa Que Não se Sabe recorde-me alguma coisa imersa na rotina. Cadê aquelas meninas que você chamou um dia de Ninfas? Não me lembro onde e nem como, nalgum talvez, nalgum dia qualquer? Onde estão meus livros de cavalaria? Por traz daqueles álbuns que não os vejo dês de sempre? Nos sobrenomes falecidos recordo aqueles velhos personagens, das passagens de passados perdidos, presos no sibilar que perpassa pelas paredes. Mas não ah aliteração que me salve eu estou cansado do que não sei o que posso fazer.
As estantes lá estão longe, mas todas as palavras se foram pela janela, brincando com um garoto que me esqueci de brincar, nos esconderijos que não encontrei. Nem hei, eu sei, de encontrar-me em casa, casa já se foi faz muito tempo, quando ainda era tempo o que eu tinha. Como eu tinha dito dês do início do primeiro verbo, do primeiro ponto possível onde estive naquela memória talvez, onde dei-me por ser pela primeira vez, ou quando a rotina me devorou co’aquele cíclico beijo.