sábado, 19 de abril de 2025

Para o centro de minha cidade

 


Para o centro de minha cidade-

Tempestade infesta esta cidade
vai descendo ao esgoto toda a fuligem
a fuligem minha, minha verdade,
minha capa e espada, rosto e origem.

Ninguém lembra nunca da vertigem
de quem cresce preso nesta umidade.
Memórias se torcem, eles constrigem
a razão p’ra caber na sanidade…

Mas cresci em fuligem e em ferrugem e eu
tornei-me denso e imenso e perigoso,
como quem lembra do que aconteceu.

Em cinza e bruma minha cobertura,
crescendo no verso mais orgulhoso...
Dentro do esgoto está a minha armadura.

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