segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Sobre uma crítica que recebi sobre meu trabalho


Sobre a minha poesia e umas críticas que recebi:

Pois bem, eu escrevo em maioria em verso clássico e por isso eu sou conservador, não é? Sou conservador porque não imito essa maioria. Só que eu me julgo livre, eu julgo meu verso livre para escrever como eu quiser.

Gostaria de saber se Olavo Bilac, por exemplo, se julgava preso, acho que não, preso ele se sentiria se fosse obrigado a escrever em verso livre. Pois mais que isso para muitos possa parecer assustador.

Sim eu admito que eu goste de alguns poetas parnasianos tanto quanto gosto de muitos modernos, e isso logo, faz de mim um “conservador”, porque eu fui ler escritores que hoje não se lêem mais por um motivo idiota. Para mim literatura boa é literatura boa não importa a data.

Fui olhado torto porque quis recitar um poema de Cruz e Souza em um recital, no final, por que ele não é um desses clássicos (me refiro clássico aos poetas da semana da arte moderna e outros posteriores,) acredito eu. Do mesmo tipo de poetrarcos da época parnasa, de tantos aqueles que versejavam sem talento, e não aceitavam outra forma de poesia, eu vejo da mesma forma esses poetas-auto-ajuda de hoje.

Esse conceito de que arte não se aprende, ou de que é um artista menor aquele que treina ou estuda, esse tipo de conceito me enoja, pois na arte popular se treina e se estuda também. Considero então como acadêmico metido o cordelista, o repentista e tantos outros? Porque a poesia popular tem metro? Porque eles não são todos versos livre falando sobre o próprio ego? PORQUE A POESIA POPULAR NÂO È ASSIM!!! Esse grupo de pessoas que acham que não se pode criticar e aceitar e que se tem de engolir tudo porque é arte e arte não se entende, sim, esse ai não é popular, é “escritor de panelinha”.

Manuel Bandeira, Cabral, Mario Quintana e Drummond por exemplo são poetas livres porque ele tiveram tanto consciência quanto aprendizado de outras formas de versos e eles estudaram para poder enfim fazer poesia, tem muitos poemas com metro perfeito em Drummond e justamente por ele saber o que fazer e não fazer é que os poemas “livres” dele são BONS! E eles têm um sentimentalismo maduro, assim como o parnaso quis ter em “resposta “ao ultra-romantismo. Por isso esses “modernos” são lidos, diferente de uma quantidade absurda de poetas livres de hoje em dia e da quantidade de poetas do período parnasiano.

Para mim a diferença de Olavo Bilac, Augusto dos Anjos, Cruz e Souza, Manuel Bandeira, Araújo Figueredo, Mario Quintana, Antero de Quental, Alvarez de Azevedo, Boca do Inferno e muitos outros, para mim a diferença destes para os tantos outros que existiram por aí é que eles eram livres, pois a liberdade está na diferença, e para mim o verso livre é aquele que sai como o escritor quer, e não como a maioria aceita. Não importa se ele seja aceito ou não, se ele tenha metro ou não, basta que ele se destaque, que o poeta tenha compromisso com sigo mesmo e não com os outros. Basta que ele seja singular.

Sei que isso possa parecer um tanto “conservador” ou “retrógado”, pois assim é que é chamado tudo aquilo que vai contra ao que os conservadores pregam, tudo aquilo que vai contra á linha de pensamento atual.

Eu mando tudo isso ao inferno,
e boa noite.

Verso Livre


O meu verso é livre,
do meu jeito recito,
e enfim o manuscrito,
no meu mundo convive.

O meu verso é solto,
e no metro se forma
e se o quero sem norma
num compasso me envolto.
Pois o faço sem tino,
sem esforço nem rima
e se rima? É a sina,
é sonoro o destino.

Pois meu verso é livre,
e bem voa como quero,
e nem sai como espero
e assim o verso vive...

E se tanto me obrigam
a escrever d’outro jeito,
vou estufando meu peito
se mi balda abominam.

Pois sou livre e meu verso
do meu jeito conservo,
vou escrever como quero
e acabou lero-lero!

6 comentários:

  1. Sabe, eu concordo. O poema não deve ser algo controlado, deve ser algo livre que surge de dentro de você para o mundo. Quando os poetas sentem-se livres para escrever o que bem entendem, acabam sendo muito mais apreciados, uhn.

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  2. Aceite um conselho: nem todas as pessoas se preocupam com estilo e estética enquanto escrevem. Elas apenas se libertam e, assim como você, querem que o mundo engula o resultado escrito. Você nunca apreciou o gosto e os textos dos outros da sua época - as suas produções e preferências sempre foram as "melhores". Por outro lado, forçou a barra diversas vezes, chateando seus amigos com suas poesias-clássicas-que-fariam-inveja-ao-camões. Orgulho é um negócio muito, muito feio.

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  3. Na verdade eu gosto e muito de vários poetas contemporaneos.
    Gostaria que você mostra-se a sua cara ao menos, porém eu acho que sei quem você é.

    Existe uma diferença entre liberdade e e essa idéia de hoje em dia de que não se precisa "estudar" para poder fazer algo. E quando eu digo estudar é conhecimento e treino, e esse conceito vai tanto pro cordelista ao mais "acadêmico".
    Me refiro tanto ao teatro quanto poesia ou mesmo cuidar de uma biblioteca.

    E outras, eu cresci e comecei a compreender tanto poesia praxe, cubista e muitos tipos de "versos livre".
    Se for quem eu estou pensando, eu não desmanchei minha amizade por causa disso, e sim por outros motivos que você não tem capacidade de entender.

    Eu tenho o direito de escrever como eu quero, foi isso que eu quis dizer.

    Eu não me preocupo com estilo nem estética enquanto eu escrevo, eu escrevo o que eu gosto, e justamente pelo fato de eu não gostar de escrever como se escreve hoje em dia, eu sou algo ruim.

    Tanto quanto os precursores do modernismo, e tanto quanto muitos outros que escrevem bem melhor do que eu, só que diferem do coletivo. Por mais que isso agrada o público, não vai ter a aceitação dos que estão em voga.

    E outra coisa, se for a D. pois bem, vá cuidar da sua vida.
    Se não for, pois mostre quem és.

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  4. Concordo em parte contigo, Marcel.
    Não se precisa, hoje em dia, para fazer arte, estudar intensivamente; tudo está mais 'desleixado', mais livre, pois as coisas precisam ser produzidas e descartadas mais rapidamente... Vejo isso muito na música.
    Porém haverá sempre quem goste de quem estuda e tem técnica suficiente para se expressar dentro de uma estética definida por sua liberdade do momento.
    Na música faço a vanguarda do meu coração, da minha alma e que minhas mãos e minha garganta permitem, sem me importar com o que é a moda exatamente hoje em dia.
    Sim, na música é um pouco diferente, todos conservam-se numa métrica enquanto tento quebrar isso; mas isso é porque me sinto enjoado o suficiente para me fazer livre de tudo isso...
    Temos sempre que levar em conta a intenção ao fazer uma obra, isso define muito como ela vai se formar. Se temos a intenção de nos libertar dentro de uma métrica - pois aí fazemos e se decidimos quebrar a simetria - aí fazemos também.
    Haverá sempre as pessoas que mantém diferentes estilos vivos; hoje há o neoclássico mas o clássico ainda existe; e se faz quase da mesma intensidade. E também há quem quebre tudo isso...
    Penso que na verdade o que importa não é a métrica, é a arte em si, o que e porque se fez. Se utiliza uma métrica X ou não utiliza nenhuma, é um método de seleção de quem queres que leiam suas idéias. Se quiseres artear de igual-para-igual com os modernos, faça algo além disso; Mas se quiser apenas fazer em seu costume, continue assim.

    Abraço!

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  5. Sim joão eu concordo com o que disseste
    e para você quebrar com certos padrôes da música e tudo mais, eu sei bem que você estudou bastante ela

    a gente tem de saber o que é bom dentro dos mais amplos estilos e movimentos...
    o ruím é quando por exemplo que eu escreve poesia dessa minha forma, e as pessoas viram a cara
    porque tem de ser sempre da forma atualmente convencional

    o público que eu quero conceguir alcançar é aquele que segundo um artigo que está aqui no blog disse, que é aquele que a poesia perdeu.

    geleiras.blogspot.com/2009/02/por-que-nao-se-le-poesia.html

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  6. "Esse grupo de pessoas que acham que não se pode criticar e aceitar e que se tem de engolir tudo porque é arte e arte não se entende, sim, esse ai não é popular, é “escritor de panelinha”."

    Cara descobri seu blog através do music ground e estou achando-o bastante interessante,tenho lido alguns textos e me breve tecerei comentários nos quais eu achar pertinente opinar, no mais, já havia chamado atenção pelos dois contos postados lá fórum, agora venho aqui e leio esse "desabafo"... putz!! Ganhou meu respeito total!! No mais achei genial os textos poéticos que aqui li, e este último foi realmente foda!

    E a citação que quotei acima... foi a melhor!!
    um tapa na cara de quem acha que tem muitos comentários em seu blog é superior ou qualquer mesquinharia que se faz presente na mente rala desses...

    E o poema verso livre... dispensa elogios.

    E concordo contigo no que tange a poesia livre.
    Antes de mais nada é algo que tu faz que agrada-te pelo fato de seguir instintos próprios, destituídos de qualquer influência externa.

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