sábado, 11 de setembro de 2010

Segundas Versões

A dançarina

No Oásis ornamentário d’entre torres prediais, d’entre uma instantânea fagulha do Eterno, uma figura fulgura em meio a tantas sombras, de longe. São as sardas de fogo numa noite sem estrelas, uma pequenina menina dança, em meio a toda essa turba confusa de vidas, ela dança envolvida em Silêncio, n’um mundo em seus gestos e formas.
É ela apenas um facho de sonho algum perdido na festa que o meu breu contorna, sozinha no vasto de um céu nenhum em meio á tantas luzes d’estrelas mortas. Só e sozinha no vasto de um céu qualquer, que a envolve em meus lençóis, e no breu a deforma.
São sardas de sonhos em uma noite eterna, dançando feliz numa festa fútil, é só a vida de alguém sufocada n’um mel de vidas... N’um enleio de vapor humano, tão longe do meu frio calor das geleiras... Essa sereia, sendo só uma menina alegre, transparece e aparece nos meus olhos opacos como um licor ou um farol vivo, feito um girassol. Ela é estrela, que brilha tão longe e tão terna e eterna em meus temores, tão distante deste mundo que a envolve tão inútil, é uma super-nova que brilha tão forte que se esgota e morre em um sopro e vai-se esquecida e esvaecida, como um sol que abandona todos aqueles mundos que um dia ela iluminou.
E todo este Mundo que um dia a desejou...

Marcel Angelo


Altívagos

O mundo é de loucos e as coisas correm como trens, correm como carros nas estradas,
partindo sempre e sempre indo embora e sempre partindo de suas partidas. O mundo é de loucos e as coisas passam como passam palavras num jornal, sempre efêmeras, sempre vagas, para se dissiparem como jornal que molha e desaparece. E a memória fenece.
O mundo é de loucos e nesse mundo lunático todos olham para o chão,vivem para o chão e como estátuas de barro a de derreterem pelas chuvas, se diluindo, e a dissolverem as suas coisas, extinguindo as suas coisas de barro para o chão.
Em um mundo de mares e marés, ares e nuvens, em um mundo de nuvens...
Porém vivemos também em um mundo de nuvens, de longínquas mentes pairando no ar, a voar por longas e longas raias, que enfim se confundem.
São aves que vivem voando por mares e marés desconhecidas, territórios de luzes e trevas, de profundas cavernas, de mundos oriundos de meras memórias. São vidas que vivem de memórias, de pensamentos e sentimentos divagantes como cavaleiros errantes vitimas de -“Quixotismos”.
São almas de voadores altívagos, viajantes de mundos únicos criados e recriados. São seres que vivem entre estátuas de barro, são seres que colorem as efêmeras palavras, são os que atravancam as endo-partidas!
São seres undívagos de seus undo-universos, que criam mundos etéreos, que tiram tudo de aereocéfalo-monastérios, mesmo estando na janela de seus quartos de dormir.
Mesmo olhando para os móbiles e seus brinquedos nas estantes. Enquanto escutam divagantes a televisão em que seus pais estão n’outro quarto a existir...

Marcel Angelo

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