quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Besouros


Agora é passado,
e nos velhos postes elétricos
se vê ainda os besouros d’outrora.

Besouros: Que brilham feito bolhas de sabão na penumbra, planetas pequenos girando em volta de um sol artificial.
Iludidos como nós nas vitrines de mundos irreais,
oriundos do fundo
de mistérios naturais,
não sabem e não podem compreender o tóxico vício das elétricas gerações.

E os besouros querem a Lua,
como as mariposas,
como tantos seres.
Querem a verdadeira esposa de todos os Desterrados:
A Lua,
amante e musa dos apagados e dos perdidos tresloucados.
Em suma:
é a musa
dos malditos,
dos mistérios,
dos mendigos...

E nas praias do Desterro,
no mistério que
resiste guiado pela Mãe-Satélite,
existe a Nau.
A nau de partida de toda a vida
contida no imaginário, no irreal
instante em que os olhos permeiam os limites do sonho,
e os desejos,
os medos e tanto os outros seres que se mesclam á sombra.
E a Nau espera atrás de qualquer nuvem e dentro de qualquer baú largado,
nos livros amarelados de antanho
e nos vivos impenetráveis.
Em cada canto de segredo e de esquecimento,
ou embaixo dos pontos cegos
ou
nos cantos dos olhos
e
no tormento do;

silêncio.

E quando todos os nomes estão preenchidos na inconsciência do sono,
a Nau parte,
nas ondas solitárias,
num mar de escuridão:

o Céu.


E os besouros do passado,
que ainda não se apaixonaram e findaram pela lâmpada,
os que ainda
não são de torpe sociedade e
residem na sanidade,
conseguem com seus olhos negros ver as velas de luto da Nau e conseqüentemente,
encontrarem seus rumos naturais,
as suas sinas,
e mesclarem-se nos aglomerados estrelares e brilharem
além das milenares
das infindáveis poeiras do esquecimento!

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