domingo, 1 de março de 2009

Algumas Formas




Epitáfio para C.

Tu foste as cores dos planetas,
dos pendurados no meu quarto
tu foste as luzes, foste feita
de todas cores dos planetas
tu foste os mundos, a luneta
que mostra os mundos no qual parto,
tu foste as cores dos planetas,
dos pendurados no meu quarto.

Tempestades

No céu furioso, cinza e azul
rugiam estrondos incessantes
e desciam uivos sufocantes
pelas legiões que vem do sul.

De mares frios, de muito antes,
de olharmos para mundo algum
no céu furioso, cinza e azul
rugiam estrondos incessantes.

E se arrastando em vento sul,
vão por oceanos, retumbantes
por continentes e nenhum
pôde ver as almas fascinantes
no céu furioso, cinza e azul.

Miragem

Fachos de luzes cercam a lamparina,
em seus desejos dançam corrompidas,
ímpias seduzem, todas seduzidas,
as mariposas voam! Essas meninas...

Fadas singelas velam esmaecidas,
e crepitando soltam sua morfina
cá nos meus olhos podres! Me fascina,
a delicadeza opaca das perdidas.

Tais mariposas deixam suas escamas,
nos delicados toques de meus dedos,
como se fosse leve maquilagem...

Tais mariposas queimam em suas chamas,
apaixonadas perdem seus segredos,
para morrer na estúpida miragem!


Rondó

Óh! Mãe tranque todas frestas,
pois as certas mariposas
nele pousam e sua alma
se deságua e a levarão.

Em um berço, no balanço
dorme um anjo tão sozinho
muito frágil o garotinho
no descanso de algodão.

Dorme o anjo no enfadonho
do balanço, cobertores
nos ursinhos protetores
nos seus sonhos que se vão.

Óh! Mãe tranque todas frestas,
pois as certas mariposas
nele pousam e sua alma
se deságua e a levarão.

Essa bruxas almas levam
das criancinhas nas suas casas
dos quais dormem sob a brasa
que conservam no pulmão.

Essas brasa são os afagos
que suas mães lhe embalaram
para um sono que cavalgam
sob os lagos da ilusão.

Óh! Mãe tranque todas frestas,
pois as certas mariposas
nele pousam e sua alma
se deságua e a levarão.

Ninguém sabe o paradeiro
dos pequenos desalmados
são vendidos ou trocados
derradeiro de um leilão.

Ou são todos devorados
em feitiços carniceiros
ou talvez valem dinheiro
de endiabrada transação.

Óh! Mãe tranque todas frestas,
pois as certas mariposas
nele pousam e sua alma
se deságua e a levarão.

Elas rondam qualquer canto
de qualquer casa ou família
expiando com malícia
procurando refeição....

No Desterro e nestas noites
em que os tempos enterraram
tantos contos apagaram
nos açoites da razão.

Óh! Mãe tranque todas frestas,
pois as certas mariposas
nele pousam e sua alma
se deságua e a levarão.


Aqui estão uns poemas mais antigos... De tema semelhantes, mas algumas formas de poesias diferentes. Na verdade estas foram mais estudos.
Um triolé, que é uma oitava com o mote que são os dois primeiros versos, que se repetem num esquema AbaAabAB, que funciona melhor com versos curtos, é bastante sonoro, e mais intenso, é bom para coisas como epitáfios, versos apaixonados ou de qualquer sentimento intenso. Ao meu ver.
O Rondel, também vale da repetição, só que maior, tenho a impressão ao ler um rondel como pessoas duas talvez, dançando em roda. Ta, cega de viajar. Digamos, ele dá voltas, e é isso, e termina como começa, só que indo muito além, em um loop(acho que é isso). É uma forma bastante sonora mas pode se tornar apática se não souber usa-la... O esquema é assim ABba baAB ababA, de preferência com versos curtos.


O Soneto, é uma caixinha, daquelas em que você dá corda e sai uma surpresa, o que realmente importa no soneto é os dois últimos tercetos e a dia. A alma dele está no desenvolvimento da idéia. Ele está vivo até hoje mais pelo fato de que ele vive pela idéia, não em si por intensidade de sentimento ou coisas assim, apesar de que ele pode ser muito mais intenso se você assim o quiser e for capaz.

Rondó, muito confundido com o rondel, mas na verdade é bem diferente, o exemplo que uso é o rondó francês, geralmente composto de um verso inicial, de rimas intercaladas.
“Óh! Mãe tranque todas frestas,
pois as certas mariposas
nele pousam e sua alma
se deságua e a levarão.”

E de um seguimento geralmente composto de duas estrofes, do qual a ultima rima é a ultima rima do inicial, exemplo
“No Desterro e nestas noites
em que os tempos enterraram
tantos contos apagaram
nos açoites da razão.”

Sendo que o primeiro verso tem um rima interna com o ultimo verso da estrofe, no geral é isso, ele é mais uma forma musical do que qualquer outra coisa, muito bom de se pegar um ritmo e de cantar assim sem mais nem menos. A base dele é isso aliás, como se fosse uma letra de música, aliás, poesia é em si letra de música, pelo menos hoje em dia só mais na parte “popular/regional” como os repentistas, cantadores do sertão e o samba por exemplo. Procure por Chico Buarque e Elomar aliás.

Pois bem, qualquer coisa, siga os exemplos que fiz, e no caso do rondó leia Silva Alvarenga, soneto leia os parnasos e simbolistas, com Cruz e Souza e Olavo Bilac, aliás nesse você pode encontrar exemplos de rondels e triolés, e triolés em Cruz e Souza também.
Mas em geral pesquise e leia muito dos antigos, porque eles dão idéias do que inovar em cima deles.

Por hoje foi só... Boa noite.

Aliás, o link do blog de onde tirei a foto. (link) . E os poemas são mais antigos, possivelmente do Blog anterior antes de eu trancar ele e recomeçar outro.

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