sexta-feira, 27 de março de 2009

Juventude



Juventude

São linhas de lumes voando ao ar,
cintilam figuras pequenas, são
filhotes d'aranhas nas teias e não
carregam pesar que as faz afundar.

São leves fantasmas por balançar,
n'um mundo recente em tal amplidão,
finito infinito ao alcance da mão,
presente presente em frente a brilhar.

Com oito visões de um mundo tão vasto,
bem sabem no fundo o peso nefasto
do Tempo tão curto aos abocanhar.

Com todo o universo e seus sabores,
luzindo nos olhos tal refletores
e Vida tão curta p'ra saciar.

Outro também meio confuso...

Soneto

Soneto

Esse mar que carrega no repuxo,
para si com a fome de um gigante
o que cai no seu alcance, no refluxo
para um mundo de ares tão distantes...

Pois é um rei, com tesouros tão brilhantes
que os esconde privando-se do Luxo,
p'ra brilhar no esquecido, nas arfantes
das lendárias memórias e discursos...

É nas lendas de náufragos seu ninho
no pesar dos naufrágios, os navios
com tesouros que o sol invejaria.

Se nutrindo dos sonhos, vai sozinho
conservando quem roubou e quem partiu,
pois co'a perda a paixão se extasia.

Soneto que acho eu acabou meu pitoresco...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Trovas




Sei qu'ela vive viajando
no olhar distante e nevoento,
mas é que em seus olhos verdes
tem um planeta lá dentro.
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Um soneto tem espaço,
que na trova não tem não,
p'ra conter uma mensagem
sem conter inspiração.
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No gás carbônico dança
a morte, é seu perfume,
perfume do fim, resíduo
que tudo que morre assume.
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E Muy verde são meus pés,
uns mofados e acredite,
já mataram pelo chulé,
traz de volta a sinusite.
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Um sapato, me disseram,
que te acertou, não confunda,
o que levaste meu amigo,
foi-lhe um belo pé na bunda!

A base da trova é ter um achado, ou seja, uma sacada! E a idéia se resume em apenas um quarteto, essa é a trova "moderna", ela é um quarteto de heptassilibados, pode ser tanto um epigrama, quanto apenas uma composição bonita, ou um profundo epitáfio, o esquema de rimas é geralmente abab ou abcb, é algo que me agrada, para ler e decorar e quando a ocasião for válida, citá-las... ou não, por ser demais pernóstico. Mais umas trovas que encontrei por ae... Do livro, já citado aqui, "Humor e Humorismo poesia e versos e: Paródias de poemas famosos" Antologia de Idel Becker 1961 e do segundo volume (pois os demais estão lá na outra casa e me custa ir lá pegar) "Conheça seu Idioma" do Prof. Osmar Barbosa 1967.

Sino, coração da aldeia*,
coração, sino da gente,
um a sentir quando bate
outro a bater quando sente.
(correia de oliveria)

Questão, essa é a versão que o povo preferiu, a original é "sino, coração da igreja,".

Nobreza de nome e casa,
vaidade inútil, à-toa...
O tacho também tem asa:
quem disse que tacho voa?
(P.e Celso de Carvalho)

Vá que se louve a formiga,
e à cigarra se condene...
Mas, quem teceu a intriga
foi cigarra - La Fontaine!
(P.e Celso de Carvalho)
A uma Víbora

Maldosa como ninguém,
finge que reza, na igreja.
porém não reza: pragueja
acrescentando um "amém"...
(Vitor Caruso)

As almas de muita gente
são como um rio profundo:
- Tem a face cristalina
e quanto lodo no fundo!...
(Belmiro Braga)

Na correnteza da vida
és madeira que flutua.
São os outros que te levam
e pensas que a força é tua.
(Hector da Costa Freitas)

A morte é bela enfermeira,
vem sem a gente chamar
e cura sempre as feridas
que ninguém souber curar.
(Djalma Andrade)

A vida é morrer constante;
começou mal se nasceu,
representa cada instante
um tanto que se morreu.
(Afonso Celso)

Tanto limão, tanta lima,
tanta silva, tanta amora,
tanta menina bonita...
Meu pai sem ter uma nora!

Toma lá que te dou eu
a minha grande fortuna:
uma mão cheia de nada,
outra de coisa nenhuma.

Se aonde se morre um homem,
pôr uma cruz é preceito,
tu deves trazer, Maria,
um cemitério no peito.

Coitado do mal-me-quer,
que não faz mal a ninguém,
e todos a desfolhá-lo,
a ver se lhes querem bem!

Você diz que sabe muito,
há outros que sambe mais;
há outros que tiram pomba
do laço que você faz.

As rosas é que são belas,
são os espinhos que picam;
mas são as rosas que caem...
são os espinhos que ficam...

Eu não quero tomar mate,
quando os ricos 'stão tomando:
quando chega para os pobres
os pauzinhos 'stão nadando.

Tenho tosse no cabelo,
dor de dentes no cachaço,
sinto canseira nas unhas,
não vejo nada de um braço.

Quero cantar, ser alegre
que a tristeza não faz bem;
inda não vi a tristeza
dar de comer a ninguém.
(essas últimas, de origem popular)

segunda-feira, 23 de março de 2009

Triolés




Momento melancólico, tarde deprê resultando de uma sexta feira fracassada, ouvido estourado e escutando cocteau twins no pc que desliga toda vez que tento jogar algum jogo, preciso mandar para o técnico ou alguém que facha curso disso no cefet... Talvez...

Tenho de baixar algumas scans mas perdi o link, meu aniversário é dia 6 de abril e eu tenho ascendência em touro... É eu sou meio lesado... Acho que não é uma boa combinação, impulsivo e retraído, ponderado e inconseqüente, tímido e extrovertido... É querer agarrar alguém e encher de beijos e simplesmente sentar ao lado dessa pessoa. É, até que é legal...

E por falta de tempo e de fotos estou repetindo algumas hehehe, pois bem me matem, aliás, obrigado pelos memes mas no momento acho que não tenho contato com blogs o suficiente, e estou procurando alguns que eu já lia, mas isso vai demorar um tempinho...
Dae eu repasso os atrasados.
Mas de qualquer forma, agradeço a consideração.

Talvez os triolés estejam bons a questão é que, nesse estado de espírito, as coisas saem um pouco translúcidas e vagas, não tem muito gosto. Não tão forte e nem muito colorido...

A vida...

A vida da volta e apenas,
girando vai se perder...
Assim repetem centenas,
a vida da volta e apenas
as cores mudam na cena
sem nunca enfim perceber..
A vida da volta e apenas
girando vai se perder...

Escola

Nessa escola passei dois anos,
raro me foi gostar disso
raro momento inumano,
Nessa escola passei dois anos,
e o governo a traz dos panos
privatizou tudo isso,
nessa escola passei dois anos,
raro me foi gostar disso.

Triolé

Foram momentos lindos, tão belos
fora um passado findo em esmero,
fora carmim fervendo de anelo
foram momentos findos tão belos
que não, não quero um fim de flagelos
rancor em raiva fútil, não quero!
Foram momentos findos tão belos
fora um passado findo em esmero.

Otimismo

Amanhã vai ser melhor,
como todo e tantos dias
me será sempre o que for
Amanhã vai ser melhor,
ou talvez será pior
em promessas, na utopia
que amanhã será melhor
como todo e tantos dias!

sexta-feira, 13 de março de 2009

Móbile


Resolvi fazer isso, para mim, cada palavra tem um som, uma cor e uma vastidão de significados, no meu caso, pondo pelo menos metade do que eu consigo passar evitando descrever sensações, essas palavras em si levam á um monte de outras em uma teia, em um móbile extremamente complexo e pessoal como o mundo de qualquer pessoa nesse mundo que tenha um pouco de sensibilidade. Acho ainda elas ralas, dependendo do momento elas poderiam aumentar ainda muito mais, acredito eu...
Escolhi palavras a revalia de uma maneira inconscientemente normal.

Cada palavra em um poema tem de ter um significado maior do que simplesmente uma rima, talvez isso seja o que deixa os meus poemas meio repetitivos acho, que eu bato muito em algumas palavras mas elas são de grande importância para mim, na minha vida em si elas representam muita coisa, assim como os meus temas. Sendo que cada uma dessas palavras tem de ter um som com um tom correspondente ao resto do poema, é como aquelas danças contemporâneas acho, você tem de conhecer muito bem sobre para entender, talvez seja por isso que eu não vejo graça nenhuma nesses troços... Para quem não gosta de poesia, tanto verso livre como clássico, sem os preconceitos xucros, possivelmente não deve ter sensibilidade para o peso das palavras, apesar de que bem possivelmente irão ter sensibilidade para muitos outras coisas...

Acho que o que vale a pena é descobrir cada um do que é feito a sua alma, ou de como moldaste ela. Eu moldei a minha para as palavras, para o meu bem ou para o meu mal, para o som das palavras e as suas infinidade de imagens. Afinal, uma palavra vale mil imagens! Jamais uma imagem vale mil palavras, pois uma imagem passa mil sensações, mas uma palavra passa mil imagens que passam mil sensações.

Esqueleto – Morte, delicado, apatia, seco, gosto de carne seca, umidade, linhas, insetos, azul, branco, surdes, barulho de vidros se tocando, transparente, opacidão, céu noturno sem lua, estrelas, infinito, quintal, imensidão, desejo, viajar, mar...

sofá – Conforto, poeira, pó, casa, família, móveis, madeira, livros de receitas, sono, tarde da noite, mundo de beekman, chocolate quente, cobertores, insetos, algodão, fim de tarde, quadros, descanso.

Folha – Verde, Peter Pan, Esqueleto, fadas, sininho, umidade, sonho, são Paulo, janela, arvore, mundos, macro, pré escola, terra, raio de sol, raio de sol(escola), infância, formigas, papel, evolução, parques, sombra e luz, farrapos, tecidos brancos, lua, vento, distancia, jurassic park, chuva, cupins, livros, boneco de madeira com algodão que fiz um dia na pré escola.

Carteira – Mal Estar, prisão, lápis, aula, quadrado, burocracia, escola, medo, tédio, melancolia, cinza, fuga, relógio, obrigação, grades, cimento, adultos O.o', infelicidade, rotina e panelas.

Contenho – Mão, abraço, apego, poder, ursos, coisas, areia, vida, pessoas, redes, soberania, preservação, medo, insegurança, adolescentes, falta de ar.

Passará - Estrada de terra, horizonte, pássaros, meu pai dirigindo algum carro na infância, um cocar que tinha na primeira casa que morei aqui na ilha, as coisas que meu pai guarda(pedras, apitos e coisas do tipo), um boneco que fumava e tinha sacolas, chinelas, imagem de casas ao longe, pessoas distantes, desapego, liberdade, letra acho que do Zé ramalho, poeira levantando com o passar de um carro, revistas da national geographic, asfalto com a faixa amarela, casas na beira de estradas, pasto, vacas, mata, pedras, areia e mar, rostos amigos, namoro, meu rosto, velhos, família, tudo...

tatuagens – pele, pessoas, sociedade, desejo, rebeldia, necessidade de se unir a grupos, imaturidade, maturidade, independência, apego, metais, agulhas, sangue, esparadrapos, moda, cor, perícia, precisão, técnica, luvas, azul de limpeza, poluição, afrescos, arte, superação, cortes, traumas, lembranças, memórias, sentimento, fé, ideologia, desespero, loucura, paixão.

Desenhar – alma, paz, limpeza, calma, suor, expiração, inspiração, paixão, fé, desejo, sonho, loucura, pioneirismo, projeto, alquimistas, mapas, futuro, luz de vela, carvão, cores amarronzadas, vinho, química, prazer, satisfação, desapego, liberdade.

Rádio – som, ondas, planetas, desenhos, máquinas, aviões, casas, torres, vidas, janelas acesas em uma maquete, cama, sono, solidão, espaço, júpiter, saturno, campos eletromagnéticos, eletrostática, frio, gelo, estrelas, solidão, vento, rasgo, corte, facas.

Amantes Solitários

Amantes Solitários

No olhar dos amantes solitários,
platônico amor, tão miserável,
um brilho queimando indecifrável
tal vela de luto mortuário.

Um sonho de amor tão legendário,
no Gelo a esperança impenetrável,
platônico amor, tão miserável,
no olhar dos amantes solitários,

Nas nuvens, além dos legionários
humanos, langores de insondável
Anelo... Tão além do imaginário
Segredo... poético e inefável
o Olhar, dos amantes solitários...

Sobre uma estrofe que li em Francês, em um livro do Gonçalves Dias, não que realmente eu entenda francês....

quarta-feira, 11 de março de 2009

Sobre o novo banner ou sei lá o que, qual a opinião...
Como se alguém fosse comentar¬¬
entre o antigo, esse novo ou este...

domingo, 8 de março de 2009

Volta e Mote Glosado

Volta e Mote Glosado

Encontrei esse mote em um arquivo texto perdido no computador, talvez eu o tenha feito, ou pego de algum lugar, ou fora do meu irmão... Ou ele tenha pegado de algum lugar também.

Mote

"faço da História minha arte
minha arma, minha profissão"

Volta

Vejo o mundo com paixão,
pelo o tempo, meu estandarte,
vem da História, minha arte,
da memória a profissão.

Minha arma bem faz parte,
dos ourives da razão,
Do canhenhos vem a arte
dos cadernos: Minhas mãos.

Das histórias meus escudos
são remotos dos estudos,
dos registros?! Baluarte!
Faço da História minha arte.

Bem me oponho as vãs verdades
de ocasiões, o meu pulmão
tem o ar da realidade,
minh'arma, mi' profissão.

Outra Volta

Vem da História minha fé
pro futuro que me guia,
estufo o peito vou a pé,
com o Mundo em minha mão,
dessa guerra faço parte,
pois a História é poesia,
faço da História minh'arte
minh'arma, mi' profissão.

...

Estudo sobre os Rondós de Silva Alvarenga

Espero que isso ajude um pouco...

Vendo agora, eu falei mais sobre o rondó de Silva Alvarenga, vou estudar mais as “outras formas dessa forma”, e postarei posteriormente.

O rondó, forma poética medieval francesa, tem sua notabilidade com Guillaume de Machaut, Eustache Dechamps, Charles d'Orleans, devendo, originalmente, ser destinado ao canto e consistindo de três estrofes, com um total de doze e quatorze versos e o esquema das rimas recorrentes. Variando o números de versos e o esquema das rimas, o verdadeiro apoio fonético que em breve o caracterizaria passou a ser a repetição do primeiro verso ao fim da segunda estrofe e ao fim da terceira estrofe, isto é, do rondó. Variação subseqüente, que se pode chamar rondel, consistiu em repetir, em numero maior de versos, o primeiro verso pela altura do oitavo ou de um dos seguintes versos e no fim do poema.
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Os rondós de Silva Alvarenga representam um fim de evolução da forma, com estrutura sensivelmente diferente. Consistem, quase todos, em quatro grupos de três quadras, sendo repetida a primeira quadra, em forma de estribílho, no início de cada grupo assim como no fim do poema – o que totaliza, por conseguinte, quinze quadras ou 52 versos. Discrepam dessa estrutura estrófica o rondó XLIII, que consiste de sete grupos de três quadras, terminando cada grupo pela mesma quadra, em forma de estribilho; o rondó XLIV, com uma quadra inicial, seguida de um estribilho em forma de dístico, ao fim, num total de doze quadras, com o dístico repetido sete vezes; e os rondós XLV, XLVI e XLVII, que consistem de duas quadras, seguidas de dístico, mais duas quadras, seguidas do dístico.
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O verso, na grande maioria dos rondós, é heptassilibado, redondilho maior, salvo os do rondó XVLIII, que são pentassilibados, redondilhos menores, e os do rondó XLIV, hexassilibados.
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(quero saber que tipo de antologia é essa que não pôe os poemas que ela cita!)
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Esquema rimático,

Sobre o feno recostado(a)
Descansado(a') afino a lira(b)
Que respira(b') com ternura(c)
Na doçura((c') do prazer(d)
Amo a simples Natureza:(e)
Busquem outros a vaidade(f)
Nos tumultos da cidade(f)
na riqueza(e') e no poder(d)

Acredito eu que fica de melhor só a rima principal no rondó(e), venha a ser aguda, e as demais em sua maioria graves, isso dá mais relevância e destaque ao efeito do rondó, ou talvez o contrário, sendo ela grave e as demais agudas, mas ele teria de ser mais curto.


O Amor
Rondó XLIII

Meu peito se inflama,
Ó ninfa, socorro,
Piedade, que eu morro
Na chama de amor.

Se os dias serenas
Com doces vitórias,
Serão sempre glórias
As penas de Amor.

Enxuga meu prato,
que fráguas acende:
O Céu já se ofende
De tanto rigor.

Triunfe a ternura
Nas cordas da lira,
Que branda me inspira
Doçura de Amor.

Dá fim aos desgostos
Que nutre o receio,
E anima em teu seio
Os gostos de Amor.

Enxuga meu prato,
que fráguas acende:
O Céu já se ofende
De tanto rigor.

Por ver, que te agrava
Meu terno gemido,
O tinha escondido
Na aljava do amor.

Mas entres pesares
Suspira, e te roga
Confôrto, e se afoga
Nos mares de Amor.

Enxuga meu prato,
que fráguas acende:
O Céu já se ofende
De tanto rigor.

Cantou passarinho,
Com voz lisonjeira,
Que viu na mangueira
O ninho de Amor.

Alegra os rochedos,
E aprende desta ave
No canto suave,
Segredos de Amor.

Enxuga meu prato,
que fráguas acende:
O Céu já se ofende
De tanto rigor.

O monte me escuta
Respondem as brenhas,
Que busque nas penas
As grutas de Amor.

As mágoas contemplo
E a dor, que me cansa:
Envio a Esperança
Ao templo de Amor.

Enxuga meu prato,
que fráguas acende:
O Céu já se ofende
De tanto rigor.

Vem ver nestes vales
Os mimos de Flora,
E o trsite, que chora
Os males de Amor.

Respire a minha alma,
Que geme, que espera:
A ganhe em Citera
A palma de Amor.

Enxuga meu prato,
que fráguas acende:
O Céu já se ofende
De tanto rigor.

Se amante anuncias
Prazeres ditosos;
Serão preciosos
Os dias de Amor.

Ah deixa os rigores,
Dar-te-ei, Glaura bela,
Em nova capela
Mil flôres de Amor.

Enxuga meu prato,
que fráguas acende:
O Céu já se ofende
De tanto rigor.

Sei que pelo fato de Silva Alvarenga seja parnasiano que eu falar sobre ele ou estudar a poesia dele é um tanto inadequado, como a maioria das pessoas veem. Mas a forma de seu rondó me agrada e é a que eu uso, que possivelmente farei algumas modificações ao meu ver, de melhor maneira, tornando-a mais elástica. Mas em suma isso fora sobre a forma do rondó do Sr. Alvarenga, isso não significa que você vá ficar escrevendo sobre a Glaura em uma inspiração psicótica sobre uma vida que não é sua. O rondó não tem limitação de tema, pois ele pode ser até mesmo um epitáfio(se caber na lápide...), logo o Epitáfio tem limitação pois ele é classificado de acordo com o tema e ocasião.


Fonte pega (90% copiada) do livro
Nossos Clássicos
-----Nº 24-------
Silva Alvarenga
------Poesia-----
--------por-------
Antônio Houaiss
----2ª Edição---
----1968---
**
*

sexta-feira, 6 de março de 2009

Metro Part.1

Minha intenção não é um trabalho acadêmico nem realmente demonstrar alguma habilidade pessoal, apenas esclarecer algumas dúvidas e expor algumas opiniões. Esta é a parte 1, coisas mais complexas ao meu ver eu vou colocar na segunda parte, no porvir de tempos mais distantes, onde talvez, alguns tenham aprendido ou entendido algo disso tudo. Espero ajudar em algo com isso... Não sou um bom professor.

Em suma, isso não é algo realmente sério, apesar de ter um embasamento didático.

Fontes, livro:

  1. Nossa Gramática, Teoria e Prática de Luiz Antonio Sacconi.
  2. Fotocópias que tirei a muito tempo e não me lembro o nome do livro.
  3. Minha mãe.
  4. Experiências Pessoais, Sistema Nervoso de Geleiras.

O Verso Clássico

A base de tudo, na criação do universo, para que as cadeias de eventos existam, originou-se o tempo.
No dicionário: sm 1. A sucessão de anos, dias, horas, etc., que envolve a noção do presente, passado e futuro. 2.Momento ou ocasião apropriada para que uma coisa se realize. 3. Época, estação. 4. As condições meteriológicas. 5. Gram. Flexão indicativa do momento a que se refere a ação ou estado verbal. 5. Mús. Cada uma das partes, em andamentos diferentes, em que se dividem certas peças musicais, como, p.Ex. A sonata.

Pois bem usaremos o tempo na poesia, em todas as formas ali. Porém, um dos elementos que vai ser realmente o tempo da poesia é o metro e o ritmo. O metro(ou “pés”) é o numero de silabas no verso, para que aja assim o ritmo que posteriormente vamos estudar. Eu não vou me ater a nomes bonitinhos pois para mim isso só vai ser útil mais tarde. Antes você deve saber fazer para depois meter banca.

Métro, ou Pés

Começaremos com o mais simples, ao contrário das silabas que aprendemos na escola, ou não, no meu caso. Elas são contadas /as/sim/ al/go/ e/nor/me/men/te/ o/pos/to/ ao que seria o metro poético, /as/sim/ al/go e/nor/me/men/te o/pos/to ao/ ou/tro.

A contagem das silabas métricas se faz auditivamente e obedece certos princípios.

Quando houver vogal no fim de uma palavra e outra no início da palavra seguinte, formando ditongo(sorvete amargo = sovertiamargo; campo alcacifado = campualcacifado; ou crase: minha alma = minhalma; santo orvalho = santorvalho), conta-se apenas uma silaba.

No verso se faz até a silaba tônica da última palavra, digamos: hi/po//tamo (no caso um esdrúxulo); sau/da/de (grave); es/ta/ções que é então, o agudo. A variação dessas rimas no poema, quando não forçadas, pode dar uma sonoridade um pouco mais rica, mas repito, quando não forçada. Esperimente e veja que tipo de impacto que elas dão.

Em casos de ditongos, em geral formam apenas uma sílaba metrica: Pá/tria/; quei/xu/me/; a/cor/dou.

No caso dos hiatos, se forma o contrário, pois a tônica se encontra depois, logo se sente uma quebra por assim dizer: sa/bi/á, hi/a/to, ru/í/do.

Vamos encandear essa trova:

Es/tu/dan/te/, dei/xe os/ li/vros,
e/ vol/te/-se/ pa/ra/ mim/;
mais/ va/le um/ di/a/ de a/mo/res
que/ dez/ a/nos/ de/ la/tim.

(popular)

Note que são todos sete sílabas métricas, heis ai um heptassílibado, ou rendondilha maior. No terceiro verso, pelo que se dá a entender, no di/a, se encontra uma diérese: que é a transformação de um ditongo em hiato. Esse processo fonético é algo que vamos estudar a seguir. Antes eu recomendo um pouco mais de treino, escrevendo ou encandeando, que é isso que acabamos de fazer com a trova.

  1. A crase; É a fusão de duas vogais numa só. Ex:(mi-nhal-ma = Minha alma; santo orvalho = san/tor/va/lho).
  2. A conhecida elisão(ou sinafela): É a queda da vogal átona final de uma palavra, por exemplo: Canta um = Cantum; minha infância = minhinfância. Quando o poeta não quer usar isso, geralmente costuma-se usar um “-” entre as palavras (canta-um), isso recebe o nome de diálise.
  3. Ditongação: é a junção de uma vogal átona final com uma seguinte, formando ditongo: soverte amargo = sovertiamargo; campo alcacifado = campualcacifado.
  4. Sinérese: é a transformação de um hiato em ditongo, ex: Crueldade = cruel-da-de, violeta = vio-le-ta.
  5. Diérese: é justamente o oposto, vide a trova.
  6. Ectlipse(!!): é a queda de um fonema nasal, para que haja crase ou ditongação. Como dizia camões: (“ Mas co saber se vence que co braço.”) Outro ex: com os = cos; com a = coa; com as = coas.
  7. Aferese: é a queda de sílabas ou de fonemas iniciais, Ex: inda(em vez de ainda), 'stamos (em vez de estamos).
  8. A Símcope: é a queda de um fonema no meio da palavra. Ex: Espr'ança por esperança ou dev'ria por deveria.
  9. Apócope: é a queda de um fonema no final da palavra, Ex: mármor por mármore ou cárcer por cárcere.
  10. Prótese: é a colocação de um fonema no início de uma palavra: Alevantar por exemplo, no lugar de levantar.
  11. Paragoge; é o acréscimo de um fonema no final de uma palavra, Ex: Mártir por mártire, ou cantare por cantar.
  12. Diástole: é a deslocação de um acento para a silaba seguinte: Artifices por arfices, alacre em vez de álacre.
  13. Sístole: é o inverso da diástole; deslocação do acento para a sílaba antérior, Ex:rio ao invéz de Dario, calria ao invés de calmaria.
  14. Métatese: é a transposição de um fonema na própria palavra, Ex: vairo ao invez de rio, cousa por coisa, rosairo por rorio. Usado em maioria apenas por exigências de rima.

O uso desses recurso pode dar uma graça ao seu trabalho, porém, devemos admitir que o exagero pode levar o poema ao inteligível, ou ao excêntrico... Talvez, seja essa a intenção do autor, logo, bom proveito.

Ritmo

O ritmo é a graça da poesia, é dela que se sai o som, podendo lidar com a velocidade o peso e muitas outras cocitas más que o autor-poeta irá descobrir ao longo das eras...

Não vou me ater a coisas como regras na colocação das tônicas ao longo do verso e coisas do tipo, que fique isso ao seu encargo e curiosidade. O que eu irei fazer é apenas dar o empurrãozinho inicial, como à quem monta numa bicicleta pela primeira vez.

“Tanto limão, tanta lima,
tanta silva, tanta amora,
tanta menina bonta...
Meu pai sem ter uma nora!”(popular)

Tan-to -li-mão, - tan-ta – li-ma,(1ª, 4ª, 7ª)
tan-ta- sil-va, -tan-ta a-mo-ra,(1ª, 3ª, 5ª, 7ª)
tan-ta -me-ni-na- bo-ni-ta...(1ª, 4ª, 7ª)
Meu- pai- sem- ter- u-ma – no-ra.(4ª,7ª)

“Já serena desce a tarde,
Já não arde o sol formoso:
Vem saudoso o brando vento
doce alento respirar.”

(Silva Alvarenga, Rondó XX, A Tarde)

- se-re-na- des-ce a -tar-de,(1ª,3ª,5ª,7ª)
- não- ar-de o -sol- for-mo-so:(1ª,3ª,5ª,7ª)
Vem -sau-do-so o -bran-do -ven-to(1ª,3ª,5ª,7ª)
do-ce a-len-to -res-pi-rar.(1ª,3ª,7ª)

Nota-se, se você der ênfase nas tônicas sentirás a sonoridade, o ritmo. Antigamente a música e a poesia eram uma só, dizem, ou talvez, era como os repentistas de hoje, do sul ao norte do país. Justamente as provas vivas de que a poesia não é algo pessoal para ser lido no livro apenas.

Mas, dizem, fora essa mescla separada pelos romanos, como se pode ver, tudo que é ruim veio dos romanos, como o mercado automobilístico por exemplo.

Pois bêm, são as tônicas da palavra e sua colocação ao longo do verso, e sua repetição aos demais, a mudança de ordem, no decorrer do poema, pode gerar uma quebra, boa ou não, dez que devidamente feito. Podendo mudar a velocidade acelerando, ou não.

Lembre-se que na música um dos elementos que a faz ser ela mesma é a repetição, é o que dá a simetria e a perfeição, mas uma musica muito repetida pode vir a ser monótona. Logo um poema muito extenso sem variação no ritmo e no metro pode gerar algo cansativo. A questão é, estude escrevendo e lendo em voz alta, as diferentes possibilidades e misturas e veja a que mais lhe agrada para determinado poema. E muitas outros elementos você pode usar alem, é o que veremos a seguir.

Rimas

As rimas, ao contrário do que a maioria pensa, não é a parte mais importante da poesia. Ela também se resume a repetição. Essa obrigatoriedade de rimas perfeitas aos olhos, está mais para uma histeria parnasiana do que realmente para uma obrigação. Dês que elas não sejam, digamos, fracas como verbos no infinitivo, ou sempre de uma classe gramatical. Mas isso não significa que você não deva usá-las. Mas use-as com moderação. Nimbos, e lindos tem a mesma sonoridade, nisso, elas podem vir a rimar. A mesma coisa que cisne e tisne, que são rimas raras, mas isso não significa que devas usá-las sempre que possível.

A rimas podem estar nas mais variadas localizações possíveis.

Tudo enfim, cabe a criatividade e ao som.

Mas vamos seguir alguns exemplos.

Toantes, Sonantes e aliteradas.

  1. As toantes apresentam identidades somente nas vogais tônicas: lúcido e dilúcido, árvore e pálido, boca e boa.

“Molha em teu pranto de aurora as minhas mãos pálidas
molho-as. Assim eu as quero levar à boca,
em espírito de humildade, como um cálice
de penitência em que a minha alma se faz boa...” (Manuel Bandeira)

  1. As consoantes são as que rimam de igualdade total a partir da vogal tônica: Menino, tino, albino; casa, asa, brasa; percevejo, desejo e por assim vai.

  1. Aliteradas são as formas que dizem como rudimentar, são as que rimam na primeira consoante. Pode-se encontrar na poesia mais famosa, (Depois do hino nacional e o hino da bandeira.) de nosso pais: A “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias.


“Não permita Deus que eu morra
sem que eu volte para lá;
sem que desfrute os primores
que não encontro por cá;
sem qu'inda aviste as palmeiras
onde canta o sabiá.”

Masculinas e femininas.

  • São as rimas oxítonas as masculinas, e as de palavras paroxítonas são as femininas. Tais denominações, são da poética medieval, dos trovadores galaico-portugueses. As esdrúxulas não tem denominação. A alternância das rimas masculinas e femininas é de rigor na poesia francesa, e como é de se esperar, já fora usada por muitos poetas brasileiros, na belle época, que na época era a classe alta imitar a francesada, hoje todo mundo quer é ser inglês, até mesmo os argentinos.

Pobres, Ricas, Raras e Preciosas

  • As rimas pobres são as rimas provenientes da mesma classe gramatical, ou de palavras comuns. Ex: Pobremente, deprimente. Coração, irmão. Criado, matado. Sonhador, dor. Mar, voltar. E assim por diante.
  • As ricas já são justamente o contrário, com palavras de classes gramaticais diversas, ou as de uso inusitado. Ex: Vibra e libra, fosco e tosco, sonha e fronha, assumes e lumes, dele e aquele.
  • Raras são aquelas de poucas possibilidades de rimas, como tisne e cisne, turco e murco, furco, urco e algumas formas verbais.
  • Preciosas são as rimas artificiais, forjadas com palavras combinadas, tais como múmia com resume-a, pântanos e quebranta-nos, lâmpada e “estampa da”, “lírios e delir e os”. Com criatividade e moderação, é claro.

Localização:

Darei ênfase apenas no momento, às rimas encadeadas e as rimas Iteradas. São as rimas encadeadas as quando a ultima palavra de um verso rima com outra no verso seguinte.

Ex:

“Ouve, ó Glaura, o som da lira,
Que suspira lacrimosa,
Amorosa em noite escura,
Sem ventura, nem prazer.”

Silva Alvarenga

Já as Iteradas são as que se repetem no mesmo verso:

Donzela bela, quem me inspira a lira
um canto santo de fremente amor,
ao bardo o cardo da tremenda senda

estanca arranca-lhe a terrível dor!”

Castro Alves.

Outras Cocitas Mas

Heis aqui alguns exemplos que podem lhe gerar idéias, qualquer elemento usado, se bem usado, tanto figuras de linguagem como qualquer outro meio, pode dar uma graça ao seu poema, como um tempero exótico ou até mesmo como uma cobertura de um bolo.

Calvagamento: Recurso do qual o sentido do verso não finda nesse próprio, como nesses versos de Olavo Bilac: “Pátria, lateja em ti, no teu lenho por onde
Circulo! E sou perfume, e sombra, e sol e orvalho!”

Serve tanto para dar ênfase á uma determinada como também para evitar um certo cansaço em poemas longos, apesar de que sua utilidade pode ter inúmeros fins.

Aliteração: É a repetição de tônicas ou de uma letra.
“Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias de violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas vãs, vulcanizadas” Cruz e Souza.

Nota-se aqui a aliteração com sentido de sugerir o sussurro do vento.


“Sou um mulato nato do litoral” Caetano

Caso das tônicas.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Revel - Soneto - Rebeldia - Rondel


Revel

Um mundo escuro, sem futuro
bem rege os erros que me cercam
sem ar no vasto me esconjuro,
sem vóz revólto ao que disseram...

Sem ar sem cor, sem vóz no escuro
sem velhos sonhos que me velam.
Se ter um Dom ao qual procuro,
sem ter segredos que me esperam...

Um cinza em féu, d'um amargor,
que piso cada dia enfim...
Diante e só, só para mim...

Um mundo vão, com seu torpor,
e cada vez que piso ao léu,
minh'alma sangra o azul do céu!


Rebeldia

Mas eu amo a melancolia!
Vão falar o que bem quiserem,
nos meus mundos não se metem,
no clichê de minha porfia!

Eu sou feliz nessa utopia,
desse viver todos diferem,
vão falar o que bem quiserem,
Mas eu amo a melancolia!

Sou um clichê em minha poesia,
não sou nada que eles querem,
minha rima é porcaria,
mas jamais serei o que pedem!
Pois eu amo a melancolia!

Antero de Quental

Poeta, simbolista português, da Ilha de S. Miguel, Açores.

Oceano Nox
(A A. de Azevedo Castelo Branco )

Junto do mar, que erguia gravemente
A trágica voz rouca, enquanto o vento
Passava como o vôo dum pensamento
Que busca e hesita, inquieto e intermitente,

Junto do mar sentei-me tristemente,
Olhando o céu pesado e nevoento,
E interroguei, cismando, esse lamento
Que saía das cousas, vagamente...

Que inquieto desejo vos tortura,
Seres elementares, força obscura?
Em volta de que idéia gravitais? -

Mas na imensa extensão, onde se esconde
O Inconsciente imortal, só me responde
Um bramido, um queixume, e nada mais...

A Dor
(Do poeta húngaro Sandor Petöfi)

O que é a dor? Um mar. E a alegria?
Pérola oculta nesse mar fremente.
Quantas vezes a pérola encantada,
Entre as rochas profundas sepultada,
Se dissolve esquecida, lentamente,
E nunca chega a ver a luz do dia?

Tradução de Antero de Quental


Palavras D'um Certo Morto

Há mil anos, e mais, que aqui estou morto,
Posto sobre um rochedo, à chuva e ao vento:
Não há como eu espectro macilento,
Nem mais disforme que eu nenhum aborto...

Só o espiríto vive: vela absorto
Num fixo, inexoravel pensamento:
“Morto, enterrado em vida!” o meu tormento
É isto só... do resto não me importo...

Que vivi sei-o eu bem... mas foi um dia,
Um dia só – no outro, a Idolatria
Deu-me um altar e um culto... ai! adoraram-me,

Como se eu fosse alguem! como se a Vida
Pudesse ser alguem! - logo em seguida
Disseram que era um Deus... e amortalharam-me!

Quinze Anos

Eu amo a vasta sombra das montanhas,
Que estendem sobre os largos continentes
Os seus Braços de rocha negra, ingentes,
Bem como braços colossais de aranhas.

Dalí o nosso olhar vê tão estranhas
Cousas, por esse céu! e tão ardentes
Visões, lá nesse mar de ondas trementes!
E ás estrelas, dalí, vê-as tamanhas!

Amo a grandeza misteriosa e vasta...
A grande idéia, como a flor e o viço
Da árvore colossal que nos domina...

Mas tu, criança, se tu boa... e basta:
Sabe amar e sorrir... é pouco isso?
Mas a ti só te quero pequenina!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Bruxas e Frances




As bruxas daqui, são bruxas versões mais fantásticas e monstruosas, diferente da convencional anglo saxã, que insistem colocar como a nossa. Um amigo me contou, pois eu sou de fora da cidade, natural de São Paulo mas criado aqui, de que as bruxas, foram assimiladas também as prostitutas do local, que andavam seminuas berrando descaradamente os seus preços enquanto andavam de cavalo em certas regiões, a noite. Além de muitas histórias sobrenaturais, como risos no meio da noite, risos animalescos, e pessoas metamorfas, mariposas que sugam o sangue de crianças e coisas do gênero.

Rodrigo de Haro – Amigo da Labareda – 1991 – Pag. 19

Bruxas

Tormenta das bruxas na cozinha
cozinha das bruxas
na tormenta...

Quem as deslinda?

Ao carnaval do píncaro
na sombra
acodem enlaçadas
mas sozinhas
as filhas pressurosas
do absinto.

Que sementes esmagam
silenciosas? Que naufrágios
programam soleares?

Dedos cantantes on-
dulantes sábias vão
cozendo de verbenas sangues
na mesa corcunda
que fogareiros
cavalgam.

Quem sozinho as deslinda?
Que enumera tríplice
as alimárias
e os vestígios nas cinzas?
São as bruxas da cozinha
na tormenta.


Vinte Luas

Sobre a saga de Isomerick
primeiro carijó a visitar a frança, tendo por promessa ir ao local para aprender coisas como a escrita e a pólvora, porém goneville não conseguiu cumprir a promessa e levar ele de volta, dando apara ele então uma vida digna, títulos e um casamento. é o segundo relato das terras brasileiras, quem tiver interesse dêem uma lida no livro homônimo "vinte luas".

Vinte Luas

São vinte luas o prometido,
nem sei se estão mais me esperando
não sei se caso eu cá, voltando
pra lá, serei reconhecido.

Nem sei se estão se relembrando,
de mim ou estão já falecidos,
são vinte luas o prometido,
nem sei se estão mais me esperando

Minha missão, tudo aprendido,
e as vezes sonho recordando,
a minha infância, mas cá retido
nos anos tantos, vão passando
das vinte luas, o prometido...

Marcel Angelo



Resenha do livro:
Em 1503, o comerciante francês Paulmier de Gonneville parte numa viagem em busca das "belas riquezas das Índias". Após zarpar do porto de Honfleur, na Normandia, sua nau desce o Atlântico ao largo da África e perde a rota. Em janeiro do ano seguinte, o comerciante aporta em terras desconhecidas: sabe-se hoje que ele se encontrava no litoral de Santa Catarina. Durante seis meses, Gonneville convive com os índios carijós. Ao voltar para a França, leva o filho do cacique, prometendo devolvê-lo no prazo de vinte luas. Se cumpre ou não a promessa, este é apenas um dos lances romanescos saborosamente narrados por Leyla Perrone-Moisés nesta particularíssima história de "descoberta" do Brasil.

Título: Livro - Vinte Luas

Subtítulo: VIAGEM DE PAULMIER DE GONNEVILLE AO BRASIL: 1503-
Autor: Leyla Perrone-Moises

domingo, 1 de março de 2009

Chances




Chances

Esse mundo de chances é encharcado,
feito nuvens chovendo a revalia,
feito um conto de fadas, fantasia
que bem torna concreto o resultado.

Tantas vidas vivendo na utopia
da alegria, tão felizes venturados,
são os espertos ourives premiados
c'o palpável- co'as chances - co'a alegria!

Olho o mundo com olhos sepultados,
em meus medos, meus traumas amarrados
em meu cais, bem... Jamais eu partiria...

Poderia partir, bem... Eu queria...
Mas acabo sentado e amargurado,
vendo tudo levar-se em ventania.

E.. Ai vida, eis aqui a rotina seguindo um rumo novo, novos rostos e reencontro de velhos, o mundo da voltas mesmo, e as cores dessa vida estão ficando mais pastéis, e isso é bom. Pois o pastel é uma cor para boas lembranças futuras. E a vida é feita de lembranças.
Apesar de que andei cometendo algumas gafes e muitas coisas parecem passar por mim como areia entre os dedos... Logo, logo não vou ter mais nada.
As vezes é bom ficar no meu canto.

Essa semana ainda postarei uma “versão distorcida” com outras perspectivas de um caso que “ocorreu” na Igreja do Rosário, perto da escadaria do piano, sábado, de madrugada... É eu tenho uma mente meio doentia...

E...
é a vida...
E ela é boa.

Algumas Formas




Epitáfio para C.

Tu foste as cores dos planetas,
dos pendurados no meu quarto
tu foste as luzes, foste feita
de todas cores dos planetas
tu foste os mundos, a luneta
que mostra os mundos no qual parto,
tu foste as cores dos planetas,
dos pendurados no meu quarto.

Tempestades

No céu furioso, cinza e azul
rugiam estrondos incessantes
e desciam uivos sufocantes
pelas legiões que vem do sul.

De mares frios, de muito antes,
de olharmos para mundo algum
no céu furioso, cinza e azul
rugiam estrondos incessantes.

E se arrastando em vento sul,
vão por oceanos, retumbantes
por continentes e nenhum
pôde ver as almas fascinantes
no céu furioso, cinza e azul.

Miragem

Fachos de luzes cercam a lamparina,
em seus desejos dançam corrompidas,
ímpias seduzem, todas seduzidas,
as mariposas voam! Essas meninas...

Fadas singelas velam esmaecidas,
e crepitando soltam sua morfina
cá nos meus olhos podres! Me fascina,
a delicadeza opaca das perdidas.

Tais mariposas deixam suas escamas,
nos delicados toques de meus dedos,
como se fosse leve maquilagem...

Tais mariposas queimam em suas chamas,
apaixonadas perdem seus segredos,
para morrer na estúpida miragem!


Rondó

Óh! Mãe tranque todas frestas,
pois as certas mariposas
nele pousam e sua alma
se deságua e a levarão.

Em um berço, no balanço
dorme um anjo tão sozinho
muito frágil o garotinho
no descanso de algodão.

Dorme o anjo no enfadonho
do balanço, cobertores
nos ursinhos protetores
nos seus sonhos que se vão.

Óh! Mãe tranque todas frestas,
pois as certas mariposas
nele pousam e sua alma
se deságua e a levarão.

Essa bruxas almas levam
das criancinhas nas suas casas
dos quais dormem sob a brasa
que conservam no pulmão.

Essas brasa são os afagos
que suas mães lhe embalaram
para um sono que cavalgam
sob os lagos da ilusão.

Óh! Mãe tranque todas frestas,
pois as certas mariposas
nele pousam e sua alma
se deságua e a levarão.

Ninguém sabe o paradeiro
dos pequenos desalmados
são vendidos ou trocados
derradeiro de um leilão.

Ou são todos devorados
em feitiços carniceiros
ou talvez valem dinheiro
de endiabrada transação.

Óh! Mãe tranque todas frestas,
pois as certas mariposas
nele pousam e sua alma
se deságua e a levarão.

Elas rondam qualquer canto
de qualquer casa ou família
expiando com malícia
procurando refeição....

No Desterro e nestas noites
em que os tempos enterraram
tantos contos apagaram
nos açoites da razão.

Óh! Mãe tranque todas frestas,
pois as certas mariposas
nele pousam e sua alma
se deságua e a levarão.


Aqui estão uns poemas mais antigos... De tema semelhantes, mas algumas formas de poesias diferentes. Na verdade estas foram mais estudos.
Um triolé, que é uma oitava com o mote que são os dois primeiros versos, que se repetem num esquema AbaAabAB, que funciona melhor com versos curtos, é bastante sonoro, e mais intenso, é bom para coisas como epitáfios, versos apaixonados ou de qualquer sentimento intenso. Ao meu ver.
O Rondel, também vale da repetição, só que maior, tenho a impressão ao ler um rondel como pessoas duas talvez, dançando em roda. Ta, cega de viajar. Digamos, ele dá voltas, e é isso, e termina como começa, só que indo muito além, em um loop(acho que é isso). É uma forma bastante sonora mas pode se tornar apática se não souber usa-la... O esquema é assim ABba baAB ababA, de preferência com versos curtos.


O Soneto, é uma caixinha, daquelas em que você dá corda e sai uma surpresa, o que realmente importa no soneto é os dois últimos tercetos e a dia. A alma dele está no desenvolvimento da idéia. Ele está vivo até hoje mais pelo fato de que ele vive pela idéia, não em si por intensidade de sentimento ou coisas assim, apesar de que ele pode ser muito mais intenso se você assim o quiser e for capaz.

Rondó, muito confundido com o rondel, mas na verdade é bem diferente, o exemplo que uso é o rondó francês, geralmente composto de um verso inicial, de rimas intercaladas.
“Óh! Mãe tranque todas frestas,
pois as certas mariposas
nele pousam e sua alma
se deságua e a levarão.”

E de um seguimento geralmente composto de duas estrofes, do qual a ultima rima é a ultima rima do inicial, exemplo
“No Desterro e nestas noites
em que os tempos enterraram
tantos contos apagaram
nos açoites da razão.”

Sendo que o primeiro verso tem um rima interna com o ultimo verso da estrofe, no geral é isso, ele é mais uma forma musical do que qualquer outra coisa, muito bom de se pegar um ritmo e de cantar assim sem mais nem menos. A base dele é isso aliás, como se fosse uma letra de música, aliás, poesia é em si letra de música, pelo menos hoje em dia só mais na parte “popular/regional” como os repentistas, cantadores do sertão e o samba por exemplo. Procure por Chico Buarque e Elomar aliás.

Pois bem, qualquer coisa, siga os exemplos que fiz, e no caso do rondó leia Silva Alvarenga, soneto leia os parnasos e simbolistas, com Cruz e Souza e Olavo Bilac, aliás nesse você pode encontrar exemplos de rondels e triolés, e triolés em Cruz e Souza também.
Mas em geral pesquise e leia muito dos antigos, porque eles dão idéias do que inovar em cima deles.

Por hoje foi só... Boa noite.

Aliás, o link do blog de onde tirei a foto. (link) . E os poemas são mais antigos, possivelmente do Blog anterior antes de eu trancar ele e recomeçar outro.