domingo, 15 de fevereiro de 2009

Iara

Iara

A Iara, também conhecida como Mãe D’Água, habita as águas do rio São Francisco e é personagem desta lenda indígena.

Segundo contam os barqueiros que viajam na região do rio São Francisco, quando chega a meia-noite, o rio adormece, é nessa hora que a Iara aparece.

À meia-noite em ponto, o rio fica paralizado: pára de correr e as cachoeiras deixam de cair. Os peixes param de nadar e deitam-se no fundo do rio, ficando imóveis até que o que está por vir se acabe. Os animais não ousam se aproximar da beira d’água e as cobras perdem o veneno. Não se ouve sequer um ruído na mata, e esse silêncio absoluto dura por aproximadamente dois minutos, tempo suficiente para que a Iara surja de dentro da água e suba a superfície, flutuando até encontrar uma canoa parada, onde possa se sentar e pentear os longos cabelos. A Iara é morena e tem cauda de peixe, além de ter os dedos ligados por membranas. Conta a lenda que é muito bonita, e nesse momento em que emerge das águas, todas as pessoas que morreram afogadas no rio sobem para as estrelas.

Os barqueiros que se acham no rio à meia-noite tomam todo o cuidado para não acordá-lo. Se um barqueiro precisar pegar água do rio, antes joga nele um pedacinho de madeira. Se o pedacinho de madeira ficar parado, o barqueiro espera, porque não convém acordar o rio. Se caso o barqueiro que estiver no rio continuar navegando e fizer barulho, será castigado pela Mãe D’Água, pelos peixes, pelas cobras e pelos afogados que não conseguiram alcançar as estrelas.

Um barqueiro muito moço certa vez disse não acreditar em nada do que se dizia sobre o rio, e ria muito de seus colegas, que o preveniam do perigo que havia em desafiar a Mãe D’Água.

Ainda assim, não acreditando no que lhe diziam, o barqueiro resolveu apostar que mergulharia no rio em plena meia-noite. E assim foi. Ao chegar à beira do rio, os outros barqueiros atiraram na água um pedacinho de madeira, que boiou, sem sair do lugar. O rio estava dormindo. Os barqueiros tentaram fazer o amigo desistir da aposta, mas apesar de estar com um pouco de medo e desconfiado, o jovem barqueiro não queria passar por covarde e foi em frente, mergulhando no rio.

Passou-se algum tempo, e como não voltou a superfície, os outros ficaram assustados. Porém, logo perceberam que o amigo estava aparecendo, saindo das águas. Então o trouxeram para a margem, mas o rapaz estava irreconhecível. Parecia abobado, e não reconheceu nem falou com nenhum dos amigos, que mesmo assim o acolheram e trataram dele.

Mas o jovem barqueiro não mais voltou a si, e certo dia, quando todos saíram juntos para o rio, ele pulou na água e afundou, inesperadamente, antes que alguém pudesse fazer qualquer coisa para socorrê-lo. E assim sumiu para sempre.

Conta a lenda que em uma noite, algum tempo depois do fato ocorrido, os barqueiros estavam à beira d’água, quando deu meia noite e o rio dormiu. Ficaram no mais absoluto silêncio, quando a Iara emergiu, sorrindo, sentando-se na canoa a se pondo a arrumar os cabelos. Então os afogados subiram para as estrelas, saindo de dentro d’água. E nessa hora os barqueiros viram o amigo, que ia com eles, para nunca mais voltar...
Este texto não é meu, foi tirado das revistas Aruanã, revistas de pesca de meu pai, que no fim das contas essa seçao de folklore acabou sendo uma das minhas principais influências na parte literária...

Um comentário:

  1. Ah! quão bela será esta influência caro amigo????
    és um entre muitos poucos, preserve tua juventude dentro do teu peito!!!

    grande abraço

    ps: deixei um Meme pra vc em meu blog, confira! acho que vc vai gostar....

    Davi M. Machado

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