quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Trovas(já postadas aqui, mas as que eu achei as melhores)

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Trovas(já postadas aqui, mas as que eu achei as melhores)

Trova VII
Sangue reflete o vermelho.
Sobre o sentido da cor.
Como algum cínico espelho.
Como um recado da dor.

Trova I
Este sonho acaba agora,
nada certo, tudo está errado,
quando acordo nesta cama
todo o mundo está trocado.

Trova III
A luz do teu apartamento
é como um velho farol
nas noites mais solitárias,
ou quando falta-me um sol...

Cor
Estava azul, esses nimbos,
pintaram na tempestade,
o blues que rege a tormenta
por motes de ansiedade.

Chuva
É tarde que de aguarela,
a chuva borrando a tinta,
desbota a vida e a parcela
d’outrora, memoria extinta.

D’outrora, memória extinta,
na chuva de fim de tarde,
momentos com seus lampejos,
passados de tempestade.

Lua
Os sonhos são feiticeiras
nas águas turvas da Lua
vem donde nasce o desejo
sem medo que lhe possua.

Sonho
E os sonhos são como guias,
o tolo na corte um rei,
é tudo que o rei queria
com tudo que já sonhei.

Efesto
A vida geme na forja
em golpes fortes e frios
e o rude ferro faísca,
faísca para o vazio...

O Rei
O rei no trono sentado
cercado pelos seus rostos
enxerga vago e distante
a falta de seus opostos..

A torre
Um velho e amargo garoto,
no ódio em asco e no medo
perda por pedra cresceu
na torre virou segredo.

Agonia
Pois todo silêncio emerge
de algum latente estouro.
Silêncio de desespero
na espera num matadouro.

Destempero
E os sonhos morrem na praia
e brilham como de espuma
são como falsas promessas
carcaças de coisa alguma.

Ingratidão
E o Sol! Que ri lá de cima,
é um cínico psicopata,
pois mata tudo que cria
e os queimando os desidrata.

Desespero
E a luz do qual me ilumina
só mostra a nossa desgraça.
É como um sádico artista
que de tudo acha graça.

Peter
Peter Pan, com meu passado
na Terra do Nunca vive,
em tempos descompassados,
memórias que nunca tive.

Alento
Não tenhas medo menina,
que o tempo rege a razão,
e a cada vulto que esvai,
seu mundo volta p'ro chão.

Coração
Coração barco a deriva,
vai nas ondas do desejo,
nas correntes de pessoas
nas tormentas que prevejo.

Pessoas Felizes

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Pessoas Felizes

Felizes as pessoas, são todas felizes
janelas por brilhar nos prédios, que são vidas
distantes a luzir, são vidas refletidas,
são belas fantasias, são todas boas atrizes.

Mas neste mundo cinza imerso em pesticida,
as luzes por brilhar são todas meretrizes
perdidas se cortando escondem cicatrizes
fugindo do terror de serem percebidas.

É tudo propaganda entenda a brincadeira,
são proles ao cantar o fel mais hedonista,
sorriso de amarela estampa corriqueira.

As luzes a encantar são apenas... é só luz!
Que ainda vai apagar, sumir vai... Da vista!
Tal vidas que estão lá e no fim nada reluz .

poema antigo, da minha época que eu escrevia umas coisas beem tensas. muita coisa que agora eu joguei ou jogaria fora ou deixaria de lado. mas algumas coisas muito boas, como este poema, ao meu ver.

sábado, 16 de agosto de 2014

Catoblepas


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Catoblepas

Na estrada sinto seu cheiro
poeira cá do serrado
que abre o mar do sertão.
Lembrança deste estrangeiro
perdido pelo passado
olhando pelo portão.

Toda estrada leva para algum lugar,
entre as sebes a promessa do tesouro
dentre os dentes do Catoblepas,
sobra a dúvida,
em algum lugar o tesouro,
a promessa de saber.
Toda estrada me furta um destino
me chafurdando na terra.

A loucura de saber quem sou,
Catoblepas me mostrou o segredo
as pessoas que eu talvez seria.
A prisão porventura do “ou”
eu sou apenas aquilo que cedo,
eu sou resto do que poderia.

Toda estrada leva para algum lugar,
entre estes destinos, sentir-se à parte
frente aos olhos do Catoblepas,
a certeza,
a perda e a morte do que não fora,
a promessa de saber.
Toda escolha me furta um destino
me chafurdando na terra.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Curinga


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Curinga

A barca dos loucos desliza
entre mim
e os insensatos me abraçam
num cheiro de álcool
e amônia.

E a madeira sob meus pés
oculta meu reflexo.
Este nada entre antigos nomes,
antigos Eus de tantos nomes,
olhando para mim.
Sabem,
sabem rindo um riso cínico,
tudo que não vi
pelo olho humano.

sábado, 9 de agosto de 2014

Poema



Enquanto as velhas chamas dançam,
toda esta gente,
escalando os restos d'ancestrais,
embrulhando um grito de piedade
tentando submergir.
Os sóis apenas queimam
e o cosmo continua em seu jogo,
sem se vergar sobre trivialidades.

Nós cavamos a lógica das regras,
tentando sob o peso
dos resquícios do Tártaro
saber, roendo a superfície,
se nós somos um erro,
por favor.
Não.

Soneto



Soneto

Eu não existo entre esta gente
na certeza insana da rotina.
Entre estes rostos cá presentes
a memória mesma me fulmina.

Mas existo sempre indiferente,
sou nas ondas luz que ilumina
por um barco estranho penitente
luz incerta. Luz em breu inquilina.

Neste mundo tenro e tão fecundo
sou coringa nesta brincadeira
no destino apenas vagabundo.

Um pequeno vício das fiandeiras
que tornou-se gente num segundo
e depois voltou pra prateleira.


Julho ficou meio vazio... E ando meio enferrujado.