terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Jardim


Jardim

Meu jardim tem flores de âmbar,
de demência e dor e desejo
um perfume em flor que revolta
em acordes, sol preso em pejo.

Meu jardim tem dores em flor
nos horríveis tons de ventura
onde o fel se opõe no seu quarto
no frescor após a tortura.

Meu jardim tem flores.
Meu jardim tem flores e frutos.
Meu jardim tem flores e frutos e fome.

Nele reina um perfume de açúcar
onde as moscas morrem se presas,
como um mundo em tenras promessas
onde a dor não tem natureza.

Meu jardim com grandes pilares
que se erguem pelo  sobejo
num marmóreo sujo de sangue.

Um jardim de gozos lunares
onde o sonho em seu cortejo
reina em flor e em cor enxangue.




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