sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Ascensão





Ascensão



O Sol queima meus olhos de fuligem,
 Um sol todo de cores esquecidas.
 Universo se abrindo em nova origem
 Feito em cantos de vozes destruídas.

 E percebo fantasmas com suas vidas
 afogados na dor que todos fingem
resistir, em suas casas demolidas
tem janelas trancadas na vertigem...

 E o sol queima meus olhos apagados
 e percebo em cada ponto cego
 um demônio querido que renego.

 E pressinto, são vultos que afogados
 na garganta, num fogo que me anela
desistir e abrir todas as janelas!

sábado, 24 de dezembro de 2011

Deleite



Dorme dentro de mim um mundo esquecido, onde o murmúrio das pessoas sibilam felizes e os domingos fazem sol. Leve-me pra brincar lá fora, ele diz. A mangueira no quintal e a alegria das crianças, um dente de leite ainda por cair. "Leve-me pra brincar lá fora!" É férias e o sol brilha pálido e distante. E o café queima um incenso de tarde livre. Sem escolas a rotina saiu de férias e o deleite da brecha de sol que entra em seu quarto me faz bem...
Mas dentro de mim dorme um mundo esquecido, queimando em meu peito e pedindo pra sair porque hoje faz sol, porque a grama é molhada e verde e porque hoje é quarta feira...

domingo, 18 de dezembro de 2011

...



Durma,durma que os seus olhos outorguem o mundo dos seus sonhos. Onde sua sanidade seja certa, seja soberba de todas as realidades inatingíveis; como uma criança em uma sorveteria, a escolha mais prudente é sempre provar um pouco de cada sabor...
Todas as oportunidades possíveis na eternidade de um sonho... Quantos se perderam no caminho? Sós e engaiolados, sozinhos em mundos vastos e populosos em um etéreo e esplendoroso artificialismo.  Quantos paraísos imprecisos de realismos superiores, de uma tênue  liberdade irônica. Tragicômica natureza morta.
Durma, durma que não tem limiar entre o nosso e seu mundo, e o terrível reflexo revela realidades que os olhos censuram, num esmero pela verdade que almeja distancia dessa senil limitação. Durma, durma que todos os segredos vão emergir como afogados de bocas costuradas, atadas, querendo na barca assomar e berrar e urrar um uivo ancião, ulular todos os segredos, liberar como moscas em suas bocas antes que o Silencio os engula.
E venhas a acordar, se esquecendo.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Trovas...



















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E...

Mas é de querer-te bem,
vergar o mundo pra ti,
fazendo de ti rainha
num mundo em que me perdi.

Fazer-te de ti rainha,
quem dera que fosse assim,
dois loucos no rio de Lethes
não sabem quem são no fim.

 É um amor de bem querer,
de querer-te bem, só isso
de te dar todo o prazer
na paixão sem compromisso...

E toda a turba da rua,
escapa dentre meus dedos,
querer-te apenas ao lado
livrar-te destes meus medos.

É de querer-te bem, só
um platonismo que seja,
de tela bem ao meu lado
e apenas ao lado esteja...

Marcel Angelo

sábado, 3 de dezembro de 2011