quarta-feira, 29 de abril de 2009

Desenho


No mundo do Sonho etéreo e confuso
com grade sem chave, anelo bem causa
sabendo que enfim não levo pra Casa:
conquistas e as jóias de um mundo que induso.

São terras sem reis, sem leis e na brasa
de meu coração trancado e difuso,
bem sinto ferver meu sangue que vaza
por todas as veias e em rios me conduso.

Perdido no Sonho almejo um desenho
que mostre-me a porta a eterna saída
e mostre-me a mim... Quem sou nessa vida!

E mostre o lugar, verdade esquecida,
de todos os traumas maus que contenho,
pr'à grande batalha enfim... Ser vencida.


Não seis e postei antes, não sei o porque da foto, aliás, talvez saia um livro em parceria com outro autor em agosto.

sábado, 25 de abril de 2009

Distancia e o Destino


A Distancia e o Destino
sempre são companheiros
pelos rumos do Homem
pelo amor verdadeiro.

Se no tempo assassino
faz do mundo estrangeiro
quem partiu pequenino
foi voltar forasteiro.

Quem findou no Desterro
d'esquecidas memórias
tem no mar o seu enterro
no silêncio sua história.

Pois Destino e Distancia
nesse mundo que gira
faz pro velho sua infância
baluarte que expira...

Pois Destino e Distancia
nesse mundo que gira
faz da moça fragrância
faz lembrar que partira...

Faz as juras d'amor
ser somente palavras
e no fundo da dor
ser lembrança que encrava.

Faz o tempo ninar
o passado, latência
que num sopro além mar
faz saltar com potência.

Pois Distancia confia
no Destino faceiro
que tem certa porfia
de girar tabuleiro.

Pregar peças desvairado,
e fazer seus romances
reacendendo passados
refazer novas chances!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Teias


Olhos de grades fechados e estreitos,
mundos de matilhas mantendo seus ritos
pouco se pode entender nos registros
desse sistema demente e imperfeito.

Terras distantes, gigantes conflitos,
mundo luzindo na treva, meu peito
foge do vasto problema, meu leito
dorme distante do mundo restrito.

Tudo deforma no baque de um grito.
Essas pessoas dissipam! Perfeito...
Limpando a mente pro vasto infinito...

Redes sociais... Esmero entende-las,
moldá-las, retê-las cá do meu jeito,
não ser selvagem confuso a temê-las.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Palavras

Palavras

As palavras são almas que estão presas,
em um mundo sem forma, sem certezas,
seus mistérios são o nada, ton silente,
sem um peso que ao mundo se contente.

São uns inópios e informes e somente
vão existir esperando tão impotentes
um destino e um sentido, que a destreza
de um poeta as entregue a correnteza.

Correnteza das linguas infindáveis,
dos sentidos volúveis, dos viajantes
contadores de histórias e escritores.

Bem acabam se unindo as multidões,
tal criânças de inócuos corações,
vão se unir às belezas e aos horrores.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Varios Simbolistas


Alguns poetas da fase simbolista, ou que participaram dela. O simbolismo fora uma resposta ao parnasianismo, assim como o parnasianismo fora um resposta ao romantismo, apesar de que estes três em muitos autores andam juntos, como em Cruz e Sousa, parnaso-simbolista por exemplo, ou Luiz Delfino que passou pelas três fases. Olavo Bilac que muitas vezes andou pelo romantismo e pelo simbolismo também. Dizer que um escritor, por exemplo Cruz e Sousa é apenas Simbolista ou Parnaso, ou cuspir em toda a obra de Olavo Bilac (como muitos fazem) por causa dele ter feito parte do movimento parnasiano é digamos, estupidez! O que vale é a obra em si do autor e classificar alguém só pelo movimento que fez parte é bobagem. No simbolismo se vê muita tendencia ao modernismo, além do quê, o verso livre começou foi no simbolismo. E muitos modernistas como Drummond e Manuel Bandeira fizeram sonetos com um rigor técnico muito equivalente aos parnasos.

O meu concelho é, estudar a literatura indo além dos preconceitos que se aprende na cartilha do MAC. E ler mais a literatura inclusive a poesia nacional, pois na poesia não se lê o poeta estrangeiro em português, se lê o poeta tradutor escrevendo uma versão da idéia do poeta. Logo eu prefiro as edições bilíngües... Acho que todos preferem.

Mas bem voltando ao assunto, poetas nacionais da fase simbolista, sendo que se pode ver: Idéias em comum mas eles não são as mesmas coisas. Pois cada escritor é único.

Castro Meneses (1883 - 1920)

Cruz e Sousa

Vieste como o cansim dos areais africanos,
Ébrio ainda do sol que requeima o deserto,
Tentar, em pleno espaço, os vôos sôbre-humanos
Dos anjos e lutar de peito descoberto.

Vieste da solidão dos tormentos insanos
À procura da luz de um grande sonho incerto,
Tendo por voz amiga o clamor dos ocenaos
E por tenta o alto céu sôbre tua fronte aberto.

Rebramiu sôbre ti um anátema eterno.
Mas, indômito e só, velho titã glorioso,
Transpuseste, sorrindo, os círculos do Inferno...

E, esboçando na sombra um ríctus mais tristonho,
Ficaste, como um deus, vencido e silencioso,
Emparedado, enfim, dentro do próprio sonho...

José de Abreu Albano (1882 - 1923)

Cantiga 1

Nestes sombrios recantos,
Nestes saudosos retiros
Desliza um rio de prantos
E corre um ar de suspiros.

Volta

Tenho na alma dois moinhos,
Um é de agua, outro é de vento;
Ambos juntos e vizinhos,
Estão sempre em movimento.
E giros tantos e tantos
E tantos e tantos giros
Dão ao primeiro os meus prantos
E ao segundo os meus suspiros.

Álvaro Moreyra (1888-1964)

Lenda

"Não colhas essas rosas.
As rosas,
Irmãs na terra das estrêlas,
São mais lindas nos olhos que na mão,
Contenta-te com vê-las,

Deixa-as na haste,
Côr de púrpura e ouro,
Se as colhêres, as rosas morrerão"

Não quis ouvir o teu agouro.
Colhi tôdas as rosas que nasceram
Nos caminhos por onde me levaste.
E as rosas não morreram...

Epitáfio

Acreditei na vida. E a vida em mim. Depois
Desandamos a rir de nós ambos os dois...

Eduardo Guimaraens (1892 - 1928)

Embalo Fúnebre

Sob os ciprestes,
Dormem os mortos.

Dormem os mortos
À luz da lua.

Pálida lua,
Gélida lua!

Soluça a bôca
Do que ainda vive.

Oram mãos postas
Pelos que dormem
(Silêncio!) o sono
Da terra, eterno.

De bôca em bôca,
Lúgubremente,
Passam os réquiens
Pelos que dormem
Sob os ciprestes.

Vaga a saudade
Pelo siêncio
Da noite fria.

Oram mãos postas
Por quem não vive.
Pálida lua,
Gélida lua!

Vê: Também morto,
Sinto o meu sonho!

Ora por êle,
Pede por êle.

Noite sem astros,
Ora por êle.

Inocência

Inocência das cousas. Pura
Suavidade
Da alva que surge. Paz, frescura,
Símplicidade!
Nitidez do orvalho. Profundo
Céu. Ri-se a aurora...
Milagre. Dir-se-ia que o mundo
Nasceu agora!

Marcelo Gama (1878-1915)

Chuva de Estrelas

Li uma vez em páginas antigas
Que se uma estrêla cai do céu clemente,
Concede tudo o que lhe pede a gente.
Como as estrêlas são nossas amigas!

Por isso agora, insone e sem fadigas,
Fito os céus tôda a noite atentamente.
Chovem estrêlas... E eu: - "Astro fulgente,
Que que eterno o nosso amor predigas!

- Faze-me bom! Conserva-lhe a doçura!
- Estrêla, dá-nos paz! serenidade!
- Que a nossa filha seja linda e pura!"

Doiradas ambições! Como dize-las,
Se elas são tantas?! Deus, por pieade,
Manda que caiam tôdas as estrêlas!

Onestaldo de Pennafort (1902 - ?)

Chuva

A chuva entorna na paisagem calma
Uma indolência de abandono e sono
Paisagem triste como a de minha alma...
A chuva é um longo sono de abandono...

Olho atravéz do espelho da vidraça.
Dorme o jardim sob soluços d'água.
Na rua, alguém cantarolando passa,
Cantarolando a minha própria mágoa.

Quem será êsse vulto que se apossa
Da firme dor que em minha vida existe,
Para cantá-la assim num ar de troça,
De uma maneira que me põe mais triste?

E olho através do espelho da vidraça:
Dorme o jadrim sob os soluços d'água.
Na rua adormecida ninguém passa.
A chuva canta a minha própria mágoa.

Araújo Figueredo

Num Sonho

- Lá vai, velas ao vento, o brique Flor das Águas;
Lá vai, garbosamente, em procura do Norte.
E alegre chegara? Quem sabe lá das magoas
Da sua gente? E quem já lhe notou a sorte?

"Mágoas! Quem nunca as teve? Eu, pelo menos, trago-as
Desde o dia fatal em que, olhando a morte,
O meu noivo vagara aflito, envolvido nas fráguas,
Dos bruscos vagalhões em terrivel coorte:

Assim falava Rosa às queridas amigas...
E dentre o lindo rol de meigas raparigas,
Rita pôs-se a cismar na vida do Lourenço.

Vira-o no mar profundo e revôlto de um sonho,
Nas angústias fatais de um naufrágio medonho,
A gritar e a acenar convulsamente um lenço.

domingo, 5 de abril de 2009

Soneto

Tens um mundo fervendo no seu peito
tem um mar tão pujante de desejos
com fulgor tão profundo, tens por leito...
Mil vulcões flamejantes de sobejo.

Tens do Muito e do Tanto seu defeito,
qualidade p'ra poucos e seu arquejo
é de fogo um vapor, fulgor perfeito...
Tão latente e tão preso no seu pejo...

Há qu'eu queime no fogo por um beijo!
Num momento que as marés evaporem
e que as veias de meus lábios... Que se estourem!

Nós dois juntos, tão juntos desse jeito...
Nesse inferno de amor, calor tão forte
cá abraçado e queimando até minha morte!

Soneto de uma fase beeem antiga, masbom, a idéia tava latente todo esse tempo, só fui botar no papel faz pouco... A relação pessoalse foi a muitos anos...

No Colégio Henrique Stodieck

No Colégio Henrique Stodieck

Nessa escola passaram pessoas,
com suas vidas passaram, com seus rumos
se cruzaram, findando n'um fumo
que em memória de poucos inda entoa...

E uns ipês continuam n'um sono sumo
com as flores voando e vão-se a toa
nessas salas, no quadro e o giz ressoa
a matéria e a cartilha e o estudo a prumo...

Em rotina que passa as gerações...
Imortais nos históricos guardados
vão milhares de almas com suas vidas...

E as histórias das vidas!? Emoções
de momentos perpétuos e apagados,
juventudes passadas e esquecidas!

Quando eu fui fazer inscrição pro pré-vestibular no colégio.. Lá vi uma foto com uma turma acho... das primeiras ou a primeira... Eu já estudei lá...