terça-feira, 28 de julho de 2009

Numa Cova Tamanho Solteiro


Numa Cova Tamanho Solteiro...

Aqui jáz o meu pobre rapaz,
que o destino macabro e voraz,
o cortou, martelou e enlatou,
Numa cova tamanho solteiro!

Se foi tímido, pobre garoto!
E o que faz se agora, esta, morto?
Sete palmos abaixo do chão
onde vermes comendo-o estão!
E mofando... suporta-se o cheiro...
Numa cova tamanho solteiro!

Se do pó veio... Ao pó voltarás,
meu menino que enfrenta, sózinho,
o terror de seu mundo, miudinho...
Acredito que cá onde estás!
Tu não foste de certo o primeiro...
Numa cova tamanho solteiro!

É bem triste de noite eu sei,
Foi de mim que a ti te tirei,
Não te quero e agóra o renego,
Não sou mais este velho taõ cego,
Eu te enterro e enterro inteiro!
Numa cova tamanho solteiro!

Não te quero pois nunca quis mesmo!
Bláááááááááááá!
Por Marcel Angelo


ese poema deve ser lá pelo ano de 2005 ou 2004
começando com metrica se não me engano...
adolescência ruím, vida tardia...
depois um Bum! no mundo exterior e um leque gigantesco se abre e tão complexo que eu mal consigo lidar,
(soy um menino selvagem....)


e algumas cicatrizes, ou o indivíduo relacionado a elas
enterrado???
as vezes bate uma certa nostalgia...






terça-feira, 21 de julho de 2009

Outra Sátira

"Saiba morrer quem viver não soube"

Meu ser evaporei na lida insana
do tropel de paixões que me arrastava.
Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
em mim quase imortal a essência humana.

De que inúmeros sóis a mente ufana
existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe Natureza escrava
ao mal, que a vida em sua origem dana.

Prazeres, sócios meus e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta e si não coube,
no abismo vos sumiu dos desenganos.

Deus, ó Deus!... Quando a morte à luz me roube
ganhe um momento o que perderam anos
saiba morrer o que viver não soube.
(Bocage)

E aqui a sátira:

“Saiba colar quem estudar não soube”

Ao ver desesperei, a leva insana,
de notas a entregar, que me arrastava.
Há! Cego eu cria, há! Mísero sonhava,
que a média no final, seria-me humana.

Em infantes idéias meu ego ufana,
existência falaz me não dourava.
Porém percebo a natoreza escrava
do estudo! E minh'alma então se dana.

Coordenadores, meus fatais tiranos...
Mas no ócio, os estudos não me coube,
seguro apodreci, nos desenganos.

Antes que o reprovar, a luz me roube,
ganhe momentos os que perderam anos,
saiba colar quem estudar não soube!
(Marcel Angelo)

Fiz se não me engano.. em 2006...
esse é mais antigo que o outro... em breve mais coisas novas \o/

Christina

Christina

Pele morena de tempos passados,
rosto: um sorriso de mel delicado,
cachos castanhos soltados, sonhados,
soltos, serenos segredos guardados.

Olhos castanhos de amêndoas-castanhas.
Densos sabores tão tenros, de estranhas
chamas contidas, retidas, tamanhas
gemas de ferro, tão densa tüa manha...

Olhos de fogo perpétuo em sorriso,
doce dïabólico gesto preciso,
leve reflexo tão certo e conciso,
lábios calados, tão tímidos risos.

Gestos de fada, com dedos de fada,
mãos delicadas por dom, são prendadas
sedas macias, surdinas sonatas,
feitas de sonhos, p’ra serem sonhadas!

Olha p’ro chão, n’um ar encabulado,
chama “Christina” o crachá pendurado,
em um uniforme amarelo e amassado...
- Ela trabalha n’um supermercado!


poema do início do ano, para uma Christiane que trabalha no imperatriz, atendente, nunca falei ou me dirigi a ela, mas bem, ela me lembrava uma amiga, e estava escutando flamenco e resolvi escrever esse poema.
Caso gostem...
Bom é isso ae... Espero posteriormente ter mais tempo e fazer uns post melhores...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Morena

Uma menina me disse que era meio preconceituoso... Gostaria de saber o porquê....

Morena

Tranças: Correntes de cabelos,
fibras de vidas, são serpentes,
feras letargas de potentes
ondas do tempo, ritornelos.

Formas. Lembranças de passados,
tempos perdidos, de mistérios,
mundos, cidades, monastérios,
ritos de povos apagados.

Tranças que lembram as viagens
feitas por mentes ascendentes
dos exotismos florescentes
de feiticeiras paisagens.

Formas: De corpo moldurado
pelos sultões e seus anelos,
filhas de reis que em seis castelos
deusas tiveram copiado.

Trança morena, verdadeira
Vênus de cá do mundo antigo,
tens uma chama lá contigo,
de todas as musas (da primeira).

Forma tão humana, teu feitiço,
é ser humana, n’um resumo:
De todas elas tens o sumo
e o mais puro padrão, o mestiço.

Soneto – Paródia



“Oh! não proíbam pois ao meu retiro
Do pensamento ao merencório luto
A fumaça gentil por que suspiro.

Numa fumaça o canto d'alma escuto...
Um aroma balsâmico respiro,
Oh! deixai-me fumar o meu charuto!”
Álvares de Azevedo - Soneto

Soneto – Paródia

Um mancebo na erva se demora,
outro bêbedo passa noite e dia,
um tolo pr’o partido viveria,
um toca guitarra, e esse namora.

Um outro que uma gente má ignora
faz da “NET”, no fim, sua família,
outro toma solvente e se vicia...
Quantos moços perdidos vejo agora!

Oh! Não proíbam pois, no meu estudo
esses versos de ultrapassado ofício:
Velharias literárias que me meto.

N’uma balada um canto d’alma escuto,
de Azevedo invejo seu artifício!
Oh, deixai-me acabar o meu soneto.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Hino dos Perdidos

Escrevi esse poema quando eu estava em São Paulo, de um ímpeto, para uma valsa sinistra, que eu tenho na cabeça. Com um pouco da energia que tem São Paulo, das coisas antigas e desse aglomerado humano. Queque seja sobre ou que tenha ligação, apenas foi algo que me ajudou a escrever, como a tarde de chuva que ajuda a alguém a escrever sobre planetas. Não tem uma relação.
Bom espero que gostem, aliás esqueci de falar, esse poema é antigo e já foi postado antes no blog também antigo^^.
Bom proveito.
Abraços.

O Hino dos Perdidos

Dancemos as danças dos loucos
girando cirandas e aos poucos
cairemos na própria loucura
quebrando as cabeças, fraturas
que sempre estiveram presentes
fantasmas, flagelos dormentes.

Pisemos nas poças mais sujas
girando e o dançar sobrepuja
camisas de força dos homens
tão sérios, maduros que somem
na massa de peso no mundo,
seremos melhor, vagabundos.

Dancemos a própria desgraça
tampemos com grades, mordaças
correntes de riso, cantemos
matemos o siso e seremos
os lobos nos campos gelados
caçando na noite indomados.

Na dor choraremos tão pertos
na dor abraçados, cobertos
na força de unhas que entrando
na pele e da carne passando
rompendo pedaços de nós
sabendo que estamos tão sós.


No peso do mundo riremos
tentando tampar em um esmo
que tanto de corda nos dá
porém nem sabemos se há
motivo que causa os efeitos
de tantos tormentos no peito.

Que gritem e chorem e dancem,
se somos as vitimas danem-se!
As chagas os sóbrios nos dão
culpados de tudo que são
vaguemos perdidos em hordas
banidos, bonecos sem cordas.

Vaguemos: os quadros manchados,
meninos selvagens, e os ratos,
romances violados, senhores
de mundos sonhados, horrores
em traumas, uns tais esquecidos,
mendigos! Em suma os feridos.

Pois, culpa das chagas que temos,
deixando seqüelas profundas
é culpa dos "sóbrios", na imunda
maldade dos mesmos.