domingo, 21 de junho de 2009

Perfume

Perfume

Para M. Weber



É cheiro de uvas,
uvas verdes sem casca
perfume de flores
ferro e vinho e devasta
o mundo real
cinza e insosso e nefasto,
sobrando no fim,
sangue e vinho e no vasto
perfume vermelho
gosto férreo na língua
desejo carmim.


Quando tudo mingua
perdura um gosto em mim
desses mortais:
de "Quero Mais".



25 de abril de 2009

Algumas coisas estão além de um descrição física, e algumas memórias eu sei, vão durar muitos e muitos anos.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Para Manuella Weber

Para Manuella Weber

Eu não sei que se passa no seu mundo,
aí nesses seus olhinhos que tão verdes
distantes se situam... Mar tão profundo
que nada mais revela... Que não se mede.


É um mundo condensado pela rede
de tramas neurológicas, fecundos
sistemas de memórias bem expede
milhões de pensamentos vagamundos.


Enquanto vãs pessoas vão em dementes
estradas lineares das idéias,
tu segues mil caminhos diferentes.


Pois tens lá na sua íris refletida:
A Terra que se espelha nessa esfera,
sua mente... Fascinante e distraída...


Espero que ela não me mate... Hehhe
Vai mais como uma demonstração de afeto...
Ela gostou
mais um próximo
é engraçado o fato de eu escrever um poema para alguém do qual esteja comigo, digamos, sempre foi para aqueles meio impossiveis e os que fiz depois de estar com alguém antes, eram apenas, não realmente verdadeiros...
E ela me inspira.

Ela vai ficar sem graça^^.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

No Gelo

No gelo milenar o ar lá permance
em bolhas que flutuam na pedra, no cristal...
Suspiros, bocejar do tempo que parece
de esmero ir guardar lembranças no local.

Relíquias que brilhando em gelo,tão banal
a tantos vão passar perdidas se não ouvesse
uns poucos que o estudo e o olhar mais passional
percebam seu valor e encanto que fornece.

Milênios, multidões, que esperam seus momentos
p'ra quando seus grilhões em água desmancharem
trazerem à luz farelos de um passado.

São como os terminais doentes - no tormento
da dor de seus finais segundos a acabarem -
que soltam o Segredo antigo e sufocado.

Detalhe, fiz esse soneto, bom, depois que eu perdi de vez o pc^^
ok, sem tempo nem como comentar algo

Letargia


Site

Letargia
(com as rimas copiadas de um amigo)

Em um bem viver, alegria aparente,
rosto por sorrir sem despir sua mente,
vã felicidade etérea e vulnerável,
em um colorido aguado e lastimável.

Gente por berrar que não é não uns doentes,
querendo mostrar-me que tudo cá em frente
não é a obsessão a consumir destrutível
tudo que for real, merencório e amável.

Veja os anormais no mentir que sufoca
cada sentimento a aparência os destrói,
nessa vã alegria falsa e inacabada.

Ver essas pessoas infelizes me toca,
jamais vão sentir um amor que dói,
jamais vão sofrer, pois não sentem mais nada...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Desterro, Enxame, "Para uma Nata" e Contemporaneidade


Desterro

O Desterro não é cidade
é um estado d'uma existência
purgatório sem consciência,
de fantástica realidade.

Exilados e naufragados
em lestadas embarcados,
peregrinos nas ilusões
pelas sinas de gerações.

Ilha de Santa Catarina
lá perdida em Santa Cruz
onde o asfalto não reduz
lendas em livros... Triste sina...

Que Feitiço desconhecido
em bruxólica de ironia
te levou numa ventania
para mundo tão esquecido?

Onde pesco suas memórias?
Os arquivos engavetados
foram todos remoldados
para novas velhas histórias!

Os anfíbios que se lembram
do caminho deste mundo
foram muitos para o fundo
dos abismos, se perderam...

E nas praias eu fico esperando
enxergar algum boitatá
e no rastro, num além mar
desse horizonte acabe achando.

No transato vivo e presente
em fadórica realidade
tráz da lua, lá tem a cidade
a Desterro de antigamente.


Para uma Nata


Os intelectuais tão mentirosos,
usam de meias verdades nos sapatos,
saltos e plataformas, falsos fatos,
prosas bem lustradas que reluzem,
mas esses “gentlemêns” tão presunçosos,
não passam de uns metidos a avestruzes...

"Mas as flores nascidas sobre o asfalto
Dessas ruas, no pó e entre o bulício,
Sem ar, sem luz, sem um sorrir do alto,

Quem têm elas, que assim nos endoidecem,
Têm o que mais as almas apetecem...
Têm o aroma irritante e acre do vício!"
Antero de Quental

Enxame

Nas tempestades as bruxas altivagas
rasgam o céu vão nas nuvens legionárias
elas são aves de breu e de perdição
fatais delícias do inferno missionárias.

Nas tempestades devastam gerações
vão derrubando famílias aos abismos.
Moças, meninas de inveja e de apatia,
rosas de asfalto de podre mecanismo.

Nas tempestades, rasantes pelos nimbos,
vão se espalhando por entre multidões,
formas de vícios, num trago um dissabor,
degenerando emoções em ilusões.

Nas tempestades, nas noites tais criaturas
vão se espalhando num víruz formidável,
elas são tantas, são filhas infelizes
de nossos frutos, óh "mundo admirável".
óh "Admirável Mundo Novo".


Contemporaneidade


Nessas noites frias de Desterro
tantas almas soltas ao léu
no concreto queimam no fel
no torpor de vidas de ferro.

Todas fracas partem ao inferno
na cultura asfáltica e os réus
nesse mundo em tolo escarcéu
se dissolvem nunca despertos.

No Desterro as bruxas 'stão perto
com portões de ferro e rancor
num inferno denso e desperto.

Nesse mundo insano vivemos...
salvai nossas almas Senhor!
Não sabemos o que fazemos.

Acho que vou receber uma crítica ruím a respeito desses poemas, Desterro é o nome antigo de minha cidade, hoje ela é Florianópolis, em homenagem á um homem que mandou matar muita gente aqui: Floriano Peixoto. Ainda bem que foi com o primeiro nome, eu não gostaria de morar numa cidade onde o nome é Peixotópolis. A situação que eu vejo aqui não é de uma cidade de sol e praia, "típica" ilha tropical abaixo do trópico de Capricórnio. Tem algo muito ruim aqui... Além da lavagem cultural é claro, situação densa...
O mundo não anda bem, acho que vou descer no mapa.

Idéia


Foto pega do link, não sei do que se refero o site.


Idéia

No cinza moderno do presente
com tantas centelhas destruídas,
sorrindo adestradas com suas vidas
de apático mofo dissolvente.

No cinza dos prédios colossais
de sombras de longas vastidões
cobrindo de breu devassidões
de gás de néon, sóis abismais...

Num mundo de imundos lodaçais
de mentes de afasias e apatias,
mentiras dormentes, fantasias
que encravam no crânio por jornais...

Num mundo de hordas de demônios
presentes vendendo seus produtos
pr'a mornos morosos os construtos
sem almas, queimados os neurônios...

Em todo o progresso mentiroso
que mata e devora a liberdade
dissolve e remolda a realidade
e mente num blefe monstruoso.

Em todo o terreno condenado,
de asfalto e etanol, bem vi no fundo
resquícios, sementes d'outro mundo,
de plantas que almejam um roçado...

De idéias que lucilam tão latentes
nos genes, nos livros e que esperam
um sopro e, do mundo se apoderam
pra logo crescerem inclementes.

E em lava espalharem-se ferinas
crescendo e cobrindo de raízes
os prédios, fazendo cicatrizes
no asfalto em fulgor que alucina.

Formando correntes, vagalhões
limpando as janelas dessas mentes
que sempre estiveram tão dormentes.
No lodo cobertas gerações!

Em todo o terreno condenado
em todo o moderno do presente
de apático mofo dissolvente,
em todo o passado ignorado.

Brotai, por favor, algum dia!
Idéias, ó ideais oh, tão mortais
centelhas de sonhos imortais!

Meu povo se mata em vãs manias...
Perdidos em fúteis fantasias...
Rumos egoístas e banais!