terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Poema Antigo


Poema Antigo

Um tempo todo de luz e janelas,
azul que esvai-se nas nuvens do quarto
que vejo enquanto me vejo deitado,
lençóis que esvaem- se e a memória esfarela.

Deveres todos por fim atrasados
pois certas coisas não morrem tão fácil,
pois cada traço que brilhe tão frágil
tem mil pilares d’Heróis encostados

E o vento todo de luz e janelas
são alvas aves que voltam pra casa,
do frio tempesto que a asa extravasa
são velhos restos de outras procelas.

E lembro d’olhos perdidos nos ares
olhando nuvens distantes do quarto,
gaivotas soltas num plácido e farto
um farto vôo que mescla-se aos mares.

No gosto todo de luz e janelas,
me lembro d’ almas de velas tamanhas,
destino este de grades estranhas,
com mil vitrines de luz paralela.

E vejo os barcos dos outros destinos,
que tive antes de tudo escolher
o ser distante que nunca vou ser
pois fiz escolhas já quando menino.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Enforcado

Enforcado


Foi nas cartas, nas cores do Enforcado
que o destino mais brinca com seus sonhos...
É na hora serena o sufocado,
é no gesto mais belo o mais medonho.

 Foi nas cartas, no jogo que componho
que o gracejo insensível foi jogado,
cartomante perdido pressuponho,
pois fui tolo, pois fora apaixonado...

 E na hora, mais alvos meus cabelos,
percebi que roubaram meu tesouro,
 e bem, nunca, jamais irei revê-lo.

 Vai com outro, feliz essa criança!
Para ela os tijolos são de ouro,
 para o velho? Lhe resta a temperança...

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Redemoinho



Redemoinho

Onde todos gritavam seus agouros,
desesperos, paixões e de ternura
com suas vidas luzindo, tal tesouro
de armadilhas d’antigas estruturas...

Eu quebrei meu destino. Co'as sepulturas
remontei um perigoso sorvedouro
de memórias confusas e obscuras,
tão bonitas num tenro matadouro.

Onde todos gritavam existências
naturais! Com suas torpes agonias
com suas vidas!Presos no conforto.

 Bem me perco em milhares de freqüências,
 fractais! De suas vidas, fantasia!
 Frankenstein nas tormentas absorto.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Promessa



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Promessa 

Tento escrever-te algum soneto,
como os comuns que já escrevi,
feito um antigo e azul poemeto
 dentre os tons que revivi.

 Que preciso e assim prometo
feito o querer de quando a vi,
 feito um beijar, beijar-te feito
feito qualquer que bem perdi.

 Tento escrever-te qualquer poema,
 pouco me importa algum destino,
 quando não verso o que se vive.

Preso na frase algum dilema...
Fica calado o azul menino
dentro dum mundo que contive...

Suicidas

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Eu fiz 4 sonetos também, mas estes vão para concurso...

Suicidas

Nos dias livres, os mortos
em cada apartamento,
olham:
o murmúrio da rua,
as correntes do tráfego,
a pessoas todas as pessoas
(que parecem felizes)
e os mortos
se atiram num desespero
o mais doce desespero!
de se sentirem
(como nunca puderam ser)
vivos.