segunda-feira, 25 de abril de 2011

Vento


link
Vento

Estrelas voltam nas noites de inverno,
n’um vento seco que erra na cidade:
o velho amigo da vida estilhaçada
por nossa falta de tino e incompetência.

Meu vento velho vadio sem infância,
sereno sempre na sua inconstância
tal como os tolos que perdem suas chances
olhando os céus que se escondem no outrora.

E enquanto a Banda passava gabando-se
co’as vidas perfeitas tocando mesmices,
os sonhos nossos cresciam e murchavam
no ciclo eterno de nossas criancices.

E quando a Banda partia pros futuros
ficamos nós, na cidade co’as saudades
de tempos falsos, co’os contos esquecidos,
co’os trapos velhos de infâncias dos outros...

E as rugas crescem, cabelos caindo...
E a chuva borra os chapéus de jornal
ficando nós esquecidos em casa,
álbuns de fotos, postais desenhados.

Mas, vento seco que erra na cidade,
a Banda segues, também tens teu futuro,
mas fico aqui, procurando nas desculpas
o alento insosso n’um poço infecundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário