Cidade
É tudo
tão grande,
como uma
estante repleta de doces para o garoto diabético.
Desejo
impossível e imprescindível de fato,
comigo
sentado
olhando para todas aquelas janelas,
contando
as gerações que habitaram formigueiros...
Setenta, oitenta
ou noventa
eu não me importo.
Mas me conforto com leve incômodo
de saber que estas décadas tácitas são de
trens
ainda
passam por estas paisagens,
cada vez
mais distantes como um satélite se desprendendo,
caem no
esquecimento assim como eu
e toda esta torrente
que acompanho.
Trens de
emaranhados sociais
se
dissolvem n’um redemoinho delicado
como café
solúvel,
perigoso
como nylon,
com
tantas e tantas linhas paralelas
que se esfarelam com o passar destas vidas.
Mas é
tudo tão grande,
se
impondo diante de mim com todas as suas janelas,
meus
moinhos de vento estas luzes,
esta
paisagem de meu Desterro
com cada
e cada janela brilhando
com as
procelas de cada vida
se
dissolve
nesta
paisagem,
dizem que são brasas de um incêndio,
queimam nomes
que sibilam que nunca serei aquele que os consumira.
Queimando
nomes como lenha para a noite,
como alguém acende um quarto.