O inverno seco com suas cores,
me faz um mundo azul pastel
tal qual sorvete e cobertores.
E quando o sol, velho amarelo
desfaz-se todo em seu rondel,
na grama sinto seu farelo.
E o vítreo azul volta-se envolto
num mar de um céu claro e revolto.
Estou cansado dos dias da semana, de suas repetições indivisíveis onde as gerações caminham para o esquecimento. Estou casando do breu que emana de suas variações compreensíveis numa saturada repetição dos dias. Cansado, da rotina e a corrosão de um processo que aglutina memórias, comprimindo nessa vida rápida estéril e moderna. Reprimindo essa vida lúcida feéril, sempiterna. Estou cansado por terem travado a roda da fortuna e findarem entre a glória e miséria, numa matéria simplória terminarem, numa gatuna moda, roubado todo o fado que restou.
Cadê meus livros velhos de cavalaria? Onde, talvez, restaria algum resquício vivo de alguma coisa que eu não sei o que é, e esta Coisa Que Não se Sabe recorde-me alguma coisa imersa na rotina. Cadê aquelas meninas que você chamou um dia de Ninfas? Não me lembro onde e nem como, nalgum talvez, nalgum dia qualquer? Onde estão meus livros de cavalaria? Por traz daqueles álbuns que não os vejo dês de sempre? Nos sobrenomes falecidos recordo aqueles velhos personagens, das passagens de passados perdidos, presos no sibilar que perpassa pelas paredes. Mas não ah aliteração que me salve eu estou cansado do que não sei o que posso fazer.
As estantes lá estão longe, mas todas as palavras se foram pela janela, brincando com um garoto que me esqueci de brincar, nos esconderijos que não encontrei. Nem hei, eu sei, de encontrar-me em casa, casa já se foi faz muito tempo, quando ainda era tempo o que eu tinha. Como eu tinha dito dês do início do primeiro verbo, do primeiro ponto possível onde estive naquela memória talvez, onde dei-me por ser pela primeira vez, ou quando a rotina me devorou co’aquele cíclico beijo.