Parece um meio óbvio e infantil, mas eu escrevi ele quando estava bêbado e não me lembro como...
Rondó
Um rondó se faz rimando
e teimando em se perder
no crescer da rima o verso
é perverso de compor.
Mas eu sei rimar bebendo
como quem dissolve um sonho
do real e se perdendo
eu componho em plena dor.
O real se vê na angústia
na palavra suprimida
é a verdade que se escuta
nesta a vida a decompor.
Um rondó se faz rimando
e teimando em se perder
no crescer da rima o verso
é perverso de compor.
É repetindo a loucura
se contorcendo e fugindo
da beleza que perdura
da mentira e no torpor.
A beleza é a mentira
um espelho que seduz.
É costura que retira
o puz que nos verte a cor.
Um rondó se faz rimando
e teimando em se perder
no crescer da rima o verso
é perverso de compor.
Beleza é mal no mundo,
que bajula e que distorce
torturando o mundo imundo
que contorce em pavor.
Reais são as formas impuras
de um cadáver apodrecido,
o ideal mata e tortura,
no enraivecido rancor.
Um rondó se faz rimando
e teimando em se perder
no crescer da rima o verso
é perverso de compor.
Se sustenta a rima o logro
de se mentir na estrutura
encadeando no jogo
a procura dum valor.
O rondó cresce sozinho
como um cancer se espalha.
O parasita no ninho,
um canalha com louvor.
Um rondó se faz rimando
e teimando em se perder
no crescer da rima o verso
é perverso de compor.
O ritmo que nos prende
na repetição e loucura,
é a realidade que se sente
na candura do terror.
Mas a mais bela crueldade
é saber que por compor
vou enxumar a realidade
pelo horror e para o horror.
E um rondó se faz rimando
e teimando em se perder
no crescer da rima o verso
é perverso de compor.
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