Tirei meu rondó do mar,
para dar a voz ao morto
ao absorto esquecimento,
e o sofrimento desse sal.
para dar a voz ao morto
ao absorto esquecimento,
e o sofrimento desse sal.
Os afogados na raia,
estão esperando que os vivos
joguem as redes na praia,
serem cativos sem mal.
Sentirem estarem vivos
por mais que a mentira doa
por mais que seja aflitivo
já soa como um bom final.
Tirei meu rondó do mar,
para dar voz ao morto
ao absorto esquecimento
e o sofrimento do sal.
As redes nesta praia brilham
iguais a fantasmas queridos
pescadores que partiram
os perdidos, sem sinal.
Tempestades no horizonte
clareando o mar escuro
vão tornando azul a fronte
de um conjuro divinal.
Tirei meu rondó do mar,
para dar a voz ao morto
ao absorto esquecimento,
e o sofrimento desse sal.
Se os vivos estão festejando
os mortos choram de inveja
o mundo está fervilhando
troveja tal carnaval.
No carnaval se permite
a liberdade da morte,
das regras tudo se omite
na norte de ser banal.
Tirei meu rondó do mar,
para dar a voz ao morto
ao absorto esquecimento,
e o sofrimento desse sal.
Morre na praia a liberdade
de fugir de um mundo frio,
pois é cruel a verdade
como um brio artificial.
O mundo é limiar
de tudo que não seria
tudo morre sem vingar
na poesia em tom infernal.
Tirei meu rondó do mar,
para dar a voz ao morto
ao absorto esquecimento,
e o sofrimento desse sal.
Balanço do mar é eterno
como as juras de paixão
o memento sempiterno
da ilusão fundamental.
Morre no mar esperanças
como morrem afogadas
as memórias das infâncias,
despregadas do varal...
Tirei meu rondó do mar,
para dar a voz ao morto
ao absorto esquecimento,
e o sofrimento desse sal.
E vou arrancando da orla
os afogados, os restos
tal nácar das conchas mortas,
brilho infesto em fé irreal.
E como um louco prostrado
ao fluxo intenso da dor
de esquecer-se e abandonado!
Neste horror irracional...
Tirei meu rondó do mar,
para dar a voz ao morto
ao absorto esquecimento,
e o sofrimento desse sal.
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