segunda-feira, 27 de março de 2017
Soneto N.º IV - Renata Pallottini
Soneto N.º IV
Se há dias de alforria, é pelo mar
que a gente vive os dias de alforria.
Nada é mais livre do que navegar;
um barco é como um pássaro em franquia.
Roda a roda do leme, mas as rotas
são tantas, pelo mar, em sul e norte,
quantas riscam no céu as gaivotas.
Ah, eu já resolvi da minha sorte:
pulo, num dia desses, pra "Doçura",
solto as amarras, deixo do que era,
e me parto pra terra da aventura
-- a que eu nunca hei de ver e que me espera --,
e fico a navegar por toda a vida,
que água do mar tem gosto de partida.
Renata Pallottini
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