sábado, 2 de fevereiro de 2013

Tráfego

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Tráfego

São barcos que partem na inércia,
se chocam e quicam, distanciam
e somem sozinhos, vão serenos
no vão, na friagem silenciam...

Desfez-se suave no silêncio,
no tom cinzentado da rotina
pois Chronos constringe na apatia
as almas inertes e suas sinas...

E os fluxos de eternos naufragados
que passam no tráfego da rua
saturam as vias em suas porfias
remoem de que a vida continua.

E os fluxos de eternos afogados
perpassam no gozo do momento
as chamas dos outros afogados
na busca d'algum acolhimento.

E esta rua enche de pessoas,
e os prédios se enchem de pessoas,
e a gente se enche de pessoas
e sós, e a oração (tão sós) se entoa.

Um comentário:

  1. A oração é como o ar, que tão só se entoa, tão só se livra, tão só se perde.
    Mas se cai em ouvidos, ele é público, então. E tão útil, que até faz um cisco cair do olho.

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