sábado, 11 de junho de 2011
Cidades
É tudo tão grande, como uma estante repleta de doces para qualquer criança diabética. Desejo impossível e imprescindível de fato, comigo sentado olhando para todas aquelas janelas, contando as gerações que habitaram essas colméias... Setenta, oitenta ou noventa eu não me importo. Mas me conforto com o leve incômodo de saber que estas décadas tácitas são de trens que ainda passam por estas paisagens,cada vez mais distantes como um satélite se desprendendo, caem no esquecimento assim como eu e toda esta torrente que acompanho.
Quando dei-me em Desterro descobri-me num enleio, no mais fundo mar de melaço que Joaquina pode sonhar.
Mas é tudo tão distante: Noventa, oitenta, setenta, dois mil... Teias e emaranhados sociais que se dissolvem n’um redemoinho delicado como café solúvel, perigoso como nylon, com tantas e tantas linhas paralelas que se esfarelam com o passar destas vidas. Mas é tudo tão grande, se impondo diante de mim com todas as suas janelas, meus moinhos de vento estas luzes, esta paisagem de minha Desterro com cada e cada janela brilhando com as procelas de cada vida que se dissolve nesta paisagem, nomes que sibilam livros que nunca lerei nem hei de ser aquele que os consumirá. Nesta existência ingrata hei de me contentar com o que agarro na turba, no mais denso e extenso carnaval as máscaras dizem mais que a pele e que a carne. Efêmera carne.
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