sábado, 24 de novembro de 2012

Cruz E Sousa







Hoje é aniversário de Cruz E Sousa , que foi, até pouco tempo vitma de ataques por má interpretação de sua obra e também por preconceito.
 Hoje os restos mortais estão (dizem) onde era a senzala do palácio do governo, atual palácio Cruz e Sousa.
Tem-se uma idéia muito dertupada de que ele era ausente a causa de sua raça, mas isso é forte porque os textos abolicionistas e os seus poemas sobre o tema não costumam ser publicados. E a sua relação com a cor branca não tem sentido dizer que era com a questão da pele pois, quem levantou isso foi um critico alemão que fez esta suposição e logo foi utilizada como forma de atacar a imagem do poeta.

ESCRAVOCRATAS: um soneto de Cruz e Sousa

Oh! trânsfugas do bem que sob o manto régio
manhosos, agachados – bem como um crocodilo,
viveis sensualmente à luz dum privilégio
na pose bestial dum cágado tranqüilo.

Eu rio-me de vós e cravo-vos as setas
ardentes do olhar – formando uma vergasta
dos raios mil do sol, das iras dos poetas,
e vibro-vos à espinha – enquanto o grande basta.

O basta gigantesco, imenso, extraordinário –
da branca consciência – o rútilo sacrário
no tímpano do ouvido – audaz me não soar.

Eu quero em rude verso altivo adamastórico,
vermelho, colossal, d’estrépito, gongórico,
castrar-vos como um touro – ouvindo-vos urrar!

domingo, 18 de novembro de 2012

Contra Vento


"contra vento, contra monção, contra maré e contra razão”
(Peregrinação, 1614)


contra vento, diverge
sotavento razão
no intento vergel
de num mar d'afasia
montar a alegoria
de um ensejo que amaine
um empulso que em augúrio
quebre cada sentido
e parta.

Maré I




 Maré I

Eles dançam
 sob o movimento indiferente
 das ondas do mar, amarrados.
 Eles todos
sob a natureza d’uma espera
 de um barco  no mar, na Distancia.

Onde o tempo
 torna
tudo
um tênue tema,
uma teimosia eterna e intangível,
 eles apenas dançam
o movimento das ondas.

 E enquanto todo o mundo nosso grita
confrontando o Destino,
regurgitando deuses e deuses,
como uma imensa
como uma  luminosa estrela,
como uma cidade
co’as luzes coloridas.

Eles apenas dançam,
 presos,
eles apenas dançam
 longe.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Cidade




Cidade

Tudo de noite brilha e é lindo
todos os carros com os seus carmas,
as propagandas, telas de plasmas
vidas pintadas se consumindo.

Esta cidade tem seus fantasmas
turvos momentos fracos luzindo
pelas sinapses ressurgindo
reminiscências neste miasma.

ônibus passa neste momento,
nos endereços destas passagens
crescem lembranças, gritam saudades.

Estes fantasmas fogem no tempo,
são luminárias nesta paisagem
de solidão,  que tinge a cidade.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Revolução





Revolução

Soa como caos, liberdade
que gera o sumo essencial
de águas turvas do abissal
mistério desta realidade.

E pouco importa o bem e o mal,
pois tudo esmera com vontade
(soa como caos) liberdade.
Que gera o sumo essencial.

O tudo muda e o tudo arde
num grito belo e gutural,
só resta em si fertilidade
de um ventre rubro e imparcial,
soa como caos, liberdade.